A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT-AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de registrar que amanhã, às 11 horas, na sala da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, realizar-se-á uma reunião, em que será feita uma apresentação da proposta do Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia, MAMA. Esse Movimento está organizando o I Encontro Internacional de Mulheres da Floresta Amazônica, que acorrerá em Rio Branco, Estado do Acre, no período de 13 a 17 de dezembro do corrente.

Essa reunião tem por objetivo promover a articulação de Senadoras, Deputadas, pessoas interessadas no movimento de mulheres, tanto no âmbito da de Região Amazônica como nacionalmente, para que se crie uma ligação solidária ao MAMA, o qual busca unir as mulheres da Amazônia de um modo geral, não apenas da Amazônia brasileira, mas da Amazônia peruana, boliviana.

Percebemos com clareza as dificuldades por que passam as mulheres da Floresta. São problemas ligados à saúde, à área de educação, enfim são grandes as limitações, principalmente no que se refere à situação de miséria, de pobreza a que estão submetidas. O MAMA busca exatamente trazer a problemática da mulher amazônida para o cenário de seus respectivos países, para a ação de governos em nível regional, informando a opinião pública nacional sobre os grandes problemas enfrentados por ela.

Nesse encontro, a pauta abrangerá temas nacionais e internacionais, por envolver outros países no debate sobre a afirmação produtiva dos trabalhos a serem realizados em favor das mulheres da Floresta.

Naquela oportunidade, contaremos com a participação de várias mulheres extrativistas, de índias, de seringueiras, de quebradeiras de coco, de pessoas que atuam dentro da Floresta Amazônica, mas que, lamentavelmente, não conseguem ter acesso aos benefícios que o Estado poderia oferecer a elas e que, de alguma forma, as mulheres que vivem nas cidades ou nas localidades mais próximas dos grandes centros conseguem obter. Lamentavelmente, tanto na Amazônia brasileira quanto nos demais países-irmãos, as mulheres da Floresta Amazônica ficam relegadas a segundo plano.

É uma articulação que contará com a participação de Parlamentares convidadas, sendo que várias já confirmaram sua presença. Dentre elas, além das Senadoras, estão a Deputada Socorro Gomes, do Pará, a Deputada Regina Lino, do Acre, e até mesmo a nossa querida amiga, Deputada Esther Grossi, do Rio Grande do Sul. Não apenas as Parlamentares da Amazônia mas também as de outros Estados e os senhores Parlamentares podem dar sua contribuição no sentido de criarmos uma ação positiva para diminuirmos o sofrimento das mulheres que vivem no meio da Floresta.

Neste final de semana, tive a oportunidade de visitar uma comunidade no Município de Assis Brasil, no km75 e observar quantos benefícios se podem causar com poucos recursos, como é o caso do programa realizado por uma associação daquelas moradoras da Floresta. Então, se houver um olhar solidário das instituições para aquelas pessoas que ali vivem, vários problemas poderão ser solucionados.

Algumas pessoas que ali estavam presentes tinham andado durante dois dias e meio para participar daquela reunião, comigo e com o futuro Governador do Acre, Jorge Viana - se Deus quiser.

Naquela reunião, pudemos observar a mudança obtida pelas coletoras de sementes nativas, juntamente com seus filhos e companheiros, com o trabalho agora realizado - e fiquei muito feliz por ter ajudado nesse projeto. Foi-nos relatado que, anteriormente, ganhavam R$25,00 para derrubar uma árvore de mogno, com 10m³ de madeira. Atualmente, com esse projeto, que é do PDA, estão ganhando R$500,00 por coleta de sementes da árvore de mogno e, com isso, não precisam derrubar a árvore.

Desse modo, Sr. Presidente, as famílias que tinham uma renda anual de R$500,00, com essa pequena iniciativa, passaram para uma renda anual líquida de R$1.600,00. Além disso, essas famílias contam com o aporte de recursos provenientes da criação de pequenos animais e uma pequena agricultura de subsistência. Enfim, eles produzem tudo aquilo que conseguem em suas terras. Se considerarmos que projetos dessa natureza podem melhorar a vida das mulheres da Floresta, mais uma razão para que participemos de uma reunião como essa. Na Amazônia, já registramos um índice de pobreza muito grande. Imaginem o quanto dessa pobreza, desse analfabetismo e desse descaso recaem sobre as mulheres.

Em função disso, o MAMA, por intermédio da minha amiga Concita Maia, do CFEMEA e de outras articulações que compõem o movimento estão convidando todos os Parlamentares e as pessoas que queiram prestar o seu apoio e a sua solidariedade ao trabalho de defesa das mulheres da Amazônia.

Muito obrigada.