O SR. GILVAM BORGES (PMDB-AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o País vivencia a plenitude da democracia. Alguns jornalistas e alguns articulistas comentam, em suas análises, que, de norte a sul, as campanhas estão frias. Já não se vê mais o povo nas praças, e o desânimo e a apatia têm tomado conta deste Brasil festivo, não só durante a Copa do Mundo, mas em suas eleições. Segundo analistas, o grave problema seria a crise financeira e a legislação dura, fazendo com que os candidatos procurem se adequar à situação difícil do pleito eleitoral.

Mas, Sr. Presidente, estamos, aqui, para louvar, para nos congratularmos com os brasileiros de norte a sul por mais um pleito. Que felicidade! O Brasil vive hoje a normalidade democrática, com as suas instituições cada vez mais se fortalecendo, e o nosso jovem País procurando se firmar em um novo contexto, em uma nova conjuntura, em que o plano é de ordem global, é de ordem mundial, Em breve, acredito que possivelmente daqui a uns duzentos anos, chegará o tempo em que o planeta e a sua comunidade irão falar uma língua só. Buscar-se-á a padronização cultural e, assim, iremos buscar a harmonia, e a ignorância que vem através das guerras e das incompreensões irão se extinguir e surgirá o homem visionário, o homem integrado, o homem inteligente.

Portanto, Sr. Presidente, mesmo com toda situação fria das campanhas eleitorais, venho a esta tribuna para dizer da minha alegria e da minha satisfação de ver o povo brasileiro mais uma vez nas urnas.

Graças a Deus, o poder não é disputado pelas armas, dentro de processos fascistas, autoritários, em que realmente as dificuldades são terríveis e advêm da perseguição e do sofrimento.

O Brasil se firma para o futuro. Portanto, conclamo a todos os candidatos e a todos os eleitores que brindem e se animem diante do quadro. É verdade que as dificuldades são muitas. Temos um plano econômico liderado pelo Presidente Fernando Henrique para conter a inflação, organizar a economia e preparar-nos para a competição mundial. E com certeza absoluta estamos no passo certo, com a grande equipe que se forma, com as reformas que estão em curso, como a administrativa, já em fase conclusiva, a tributária, que haverá de vir, e com ela também a reforma política. Com certeza absoluta, estamos com a bússola no bolso, e não poderíamos deixar de dizer da nossa alegria.

Aparentemente, Sr. Presidente, há dificuldades que surgem no campo econômico, como V. Exª mesmo há pouco se referiu quando ocupou esta tribuna, para falar dos problemas das nossas regiões. Mas, acabou-se o tempo em que o mundo se dividia entre o comunismo e o capitalismo. Entramos em uma nova fase, onde falamos na igualdade, na fraternidade, na justiça social. Hoje estamos vivendo um novo momento, um novo tempo!

Não sou uma vítima, mas um participante do processo. Sou candidato a Governador do meu Estado, o Amapá, e faço campanha sem um real no bolso. Faço umas sandalinhas em casa, levo-as e vou conversar com o eleitores, mas estou feliz da vida, graças a Deus. Para mim não importa que instrumentos estão sendo utilizados pelo meu adversário, qual o poder de fogo do meu concorrente. Para mim interessa a felicidade de estar nas ruas e de ter o direito de levar as minhas propostas, as minhas idéias aos nossos eleitores e com eles conversar.

A minha mensagem hoje a todos os candidatos: não se desesperem, não se desestimulem, não fiquem escondidos embaixo da cama; saiam, vão às ruas, lutem, porque sabemos das dificuldades. Estamos vindo de uma cultura ainda do tempo dos coronéis.

Lamentamos profundamente que haja realmente uma diferença entre o voto consciente e aquele outro voto, que é o voto vulnerável, aquele voto em que se troca, em que se vende. Isso aí realmente nos traz tristeza. Mas, por outro lado, há a alegria do processo. Portanto, a democracia está de parabéns e haveremos de avançar ainda mais.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho ainda a esta tribuna trazer os nossos agradecimentos ao Ministro Raimundo Brito, de Minas e Energia. Ontem mesmo estive em seu gabinete acompanhando a assinatura de uma licitação que trará um grande benefício para a região norte do meu Estado. Estamos levando o linhão da hidrelétrica Coaraci Nunes para o Município de Tartarugalzinho, Pracuúba, Amapá e Calçoene. É uma obra que estamos esperando há 30 anos, e energia é o primeiro sinal do desenvolvimento, pois com ela chegam as empresas, as agroindústrias e as indústrias. Estamos aqui para agradecer ao Ministro e para nos congratularmos com todos os Municípios do Estado. As obras estarão em curso. Essa foi uma grande vitória nossa, da Bancada Federal e da grande articulação política.

Quero deixar ao Presidente Fernando Henrique Cardoso o nosso total apoio, o nosso incentivo e que Sua Excelência continue com a sua serenidade e competência, como grande maestro que está conduzindo o País para a modernização. Principalmente pelas grandes reformas que estamos implementando e que iremos retomar, para o ano, se Deus quiser, e que com certeza absoluta o povo brasileiro haverá de reconhecer.

Os servidores públicos, às vezes, ficam chateados, mas haverão de compreender que esses aumentos virão, com certeza, e que as oportunidades surgirão para aquele profissional qualificado, que terá oportunidade de ascensão e de um salário justo. Essa imagem haverá de ser reconquistada porque o sacrifício de hoje será o sucesso de amanhã. As lágrimas de hoje nos trarão sorrisos e benefícios.

Comentava com alguns aposentados, chateados com relação ao tempo de serviço. Não se preocupem, pois quanto mais o homem trabalha melhor é. Conheci muitos aposentados aqui no Senado Federal que, depois da aposentadoria, vivem apenas seis meses e morrem. Então é melhor ficar trabalhando com dignidade e amor. Realmente, temos o maior prazer de tê-los conosco sempre. Na campanha, às vezes, passamos um mês sem ver a pessoa e quando retornamos temos a notícia de que Fulano se aposentou e morreu - Deus me defenda. Assim, quanto mais eles estiverem conosco, no trabalho, melhor. Só o trabalho sustenta o homem.

O Brasil precisa entrar na modernidade. Com certeza absoluta, nós haveremos de ter um país muito justo. Somos um país jovem. Sou entusiasmado com o meu País e quando vejo alguém reclamando demais peço que pare com isso, levante a cabeça e dê graças a Deus, porque vai melhorar.

Portanto, Presidente Jefferson Péres, desejo a V. Exª, com a liderança que tem no Amazonas, o qual representa nesta Casa, que não se desanime diante das dificuldades. V. Exª é o exemplo da vitória e não se preocupe diante do inimigo quando esse lhe aparecer.

Somos, sim, um Estado com algumas dificuldades, mas não somos pobres. Pobre é o diabo! Temos valores, temos posição e riqueza e haveremos de vencer. O que está faltando realmente, como V. Exª diz, é que o Governo Federal dê prioridade à Região.

Encerro o meu pronunciamento, deixando um fraterno abraço aos taquígrafos, aos assessores da Mesa que trabalham nas sessões, desejando-lhes um bom final de semana. O mesmo desejo ao pessoal que está na tribuna de honra, ao pessoal da imprensa, aos nossos cinegrafistas. A todos desejo muitas felicidades e que tenham paciência, calma. Acho que o segredo de tudo é o amor e a fraternidade.

Deus nos proteja e abençoe. Sigamos acreditando neste País. Vamos trabalhando.

Muito obrigado, Sr. Presidente.