Pronunciamento de Casildo Maldaner em 07/10/1998
Discurso no Senado Federal
CAPACIDADE E ALTO PADRÃO DE QUALIDADE DAS INDUSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA, ABORDADOS EM REPORTAGENS PELA IMPRENSA NACIONAL.
- Autor
- Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
- Nome completo: Casildo João Maldaner
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA INDUSTRIAL.:
- CAPACIDADE E ALTO PADRÃO DE QUALIDADE DAS INDUSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA, ABORDADOS EM REPORTAGENS PELA IMPRENSA NACIONAL.
- Publicação
- Publicação no DSF de 08/10/1998 - Página 13448
- Assunto
- Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
- Indexação
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- ANALISE, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, BANAS QUALIDADE, REFERENCIA, PREMIO, CONCESSÃO, INDUSTRIA NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), MOTIVO, AUMENTO, PADRÃO DE QUALIDADE, QUALIDADE INDUSTRIAL, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, PROVOCAÇÃO, ACEITAÇÃO, PRODUTO NACIONAL, AMBITO INTERNACIONAL.
- ANALISE, HISTORIA, EVOLUÇÃO, QUALIDADE INDUSTRIAL, PRODUTO NACIONAL, INICIATIVA, GOVERNO BRASILEIRO, LANÇAMENTO, PROGRAMA, QUALIDADE, PRODUTIVIDADE.
- SAUDAÇÃO, RENOVAÇÃO, GOVERNO, PROGRAMA DE GOVERNO, OBJETIVO, MELHORIA, PADRÃO DE QUALIDADE, PRODUTIVIDADE, INDUSTRIA NACIONAL.
- SAUDAÇÃO, ATENÇÃO, INDUSTRIA NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, SIMULTANEIDADE, EXPANSÃO, CAPACIDADE, PRODUÇÃO, INDUSTRIA, REGIÃO.
- COMENTARIO, CLASSIFICAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), INCLUSÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, COMPARAÇÃO, MAIORIA, ESTADOS, BRASIL.
- DEFESA, AUMENTO, VOLUME, EXPORTAÇÃO, PRODUTO NACIONAL, FORMA, SOLUÇÃO, BRASIL, CRISE, BOLSA DE VALORES, RETIRADA, CAPITAL ESPECULATIVO, EFEITO, DECRETAÇÃO, MORATORIA, PAIS ESTRANGEIRO, RUSSIA.
O SR. CASILDO MALDANER (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, nobres Colegas, retomamos todos as nossas atividades no Senado Federal depois de um intenso período eleitoral, pelo menos nos Estados onde não haverá segundo turno. Não foram apenas alguns meses, mas alguns anos enfrentando todo tipo de adversidade. Ainda assim, conseguimos organizar o Estado de Santa Catarina, que, ao longo deste governo, tem sido reconhecido e elogiado pelos mais diversos meios de comunicação, órgãos públicos e até entidades internacionais.
Recentemente, uma publicação da revista Banas Qualidade trouxe uma importante e extensa reportagem sobre os muitos prêmios nacionais que as empresas de Santa Catarina vêm conquistando, em razão do alto padrão de qualidade que alcançaram.
Desde o final do século passado, com a chegada de imigrantes italianos e alemães, o Estado de Santa Catarina conta com um amplo e variado parque industrial. De início, esses imigrantes, artífices das mais variadas áreas, abriam pequenos estabelecimentos a que chamavam “fábricas”. Com o passar do tempo, muitas dessas fábricas de fundo de quintal acabaram se transformando em grandes conglomerados, que hoje têm reconhecimento internacional. Sadia, Hering, Consul, Weg, Tigre, Embraco, Eliane são, hoje, alguns dos mais destacados grupos industriais catarinenses, todos com atuação globalizada. Junto com outras grandes empresas do Estado, esses conglomerados fazem com que Santa Catarina ocupe o quinto lugar entre os Estados brasileiros que mais vendem ao exterior.
Para que o nosso Estado alcançasse essa posição de relevo, foi preciso, é claro, que suas indústrias tivessem um padrão de qualidade que fosse internacionalmente aceito. Não exportaríamos tanto se a qualidade dos nossos produtos não fosse semelhante, ou superior, à registrada nos nossos principais mercados consumidores, que são Europa, Estados Unidos e Japão.
No Brasil, a preocupação com a qualidade dos produtos industriais começou a crescer no início desta década, mais exatamente em 1990, quando foi lançado pelo Governo o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP). Naquela época, por permanecer o País fechado ao comércio internacional, nossa indústria estava tremendamente defasada em relação ao que se fazia nas nações centrais para elevar a produtividade, a eficiência e a qualidade. O que o PBQP almejava, então, era a nossa inserção, de maneira competitiva, num mercado internacional que se anunciava cada vez mais exigente.
De lá para cá, o Brasil avançou muito nesse aspecto. A preocupação com a qualidade deixou de ser exclusiva das indústrias e estendeu-se para todos os setores de atividade. Até mesmo num segmento reconhecidamente lento para reagir às necessidades de mudança, como o serviço público, fala-se hoje em busca da excelência.
No final do primeiro semestre do corrente ano, o Governo promoveu uma ampla renovação do PBQP, que prevê agora metas a serem atingidas em diversos segmentos da economia.
No que se refere à indústria, por exemplo, o Governo brasileiro espera que, nos próximos cinco anos, o crescimento médio da produtividade fique na ordem de 6% ao ano; que o nível médio de defeitos, que é hoje da ordem de 4% ao ano, caia para apenas 1% no ano 2000; e que a taxa de acidentes de trabalho também fique em torno de 1%
Foram também estabelecidas metas para a agricultura, exportação, pequenas e microempresas, turismo, saúde, educação e ciência e tecnologia, entre outros setores.
Sr. Presidente, Srs. Senadores, no caso catarinense, como muito bem destacou a revista Banas Qualidade, a indústria abraçou sem reservas essa “revolução silenciosa”, em prol de maior eficiência e competitividade, que varreu o País ao longo desta década. Algo que diferencia o desempenho do meu Estado, segundo a publicação, foi a efetiva participação dos trabalhadores no processo. Diz a revista: “muitas das empresas detentoras de certificados (de qualidade) chegaram lá porque ouviram e colocaram em prática idéias de seus funcionários, íntimos conhecedores do quotidiano da produção”.
Segundo o Comitê Brasileiro de Qualidade, Santa Catarina possuía, em agosto deste ano, cento e dois certificados emitidos pelas normas da ISO (International Organization for Standardization), o que lhe confere o sétimo lugar no ranking nacional. Entidade integrada por mais de cem países e que representam 95% da produção industrial do mundo, a ISO elabora normas de padronização mundial. As empresas que seguirem essas normas podem ganhar certificados.
Além do grande número de empresas catarinenses que mereceram certificados ISO, a revista Banas Qualidade destaca aqueles empreendedores do nosso Estado que ganharam prêmios nacionais pelo seu desempenho. É o caso, por exemplo, da Weg, de Jaraguá do Sul, a maior fabricante brasileira de motores elétricos e uma das cinco maiores do mundo, que ganhou o Prêmio Nacional de Qualidade, em 1997. A empresa detém cinco certificados ISO.
Há um dado que mostra, de forma insofismável, a preocupação dos industriais catarinenses com a excelência. Nas sete edições do Prêmio de Incentivo à Qualidade e Produtividade, promovido pela Confederação Nacional da Indústria, o Estado de Santa Catarina já mereceu quatro primeiros lugares e dois segundos.
Em 1991, já na primeira edição do Prêmio da Confederação Nacional da Indústria, a ganhadora foi a Rohden, fabricante de portas, peças de compensado e carretéis para cabos elétricos e de aço, sediada no município de Salete. A empresa desenvolveu, por sugestão de seus trabalhadores, um método que elevou em 359% sua produtividade.
No ano passado, a Cecrisa - empresa de revestimentos cerâmicos, localizada em Içara - recebeu também o Prêmio da CNI por ter adotado técnicas de maior produtividade sugeridas por seus empregados.
Ainda no ano passado, a Confederação Nacional da Indústria criou uma nova categoria de prêmio, a ser conferida a pequenas e microempresas. Nessa categoria, o segundo lugar ficou com a Nardelli, de Rio do Oeste, no alto vale do rio Itajaí, que criou um método inovador para a industrialização de arroz.
As empresas que concorrem ao prêmio da CNI são selecionadas pela Federação das Indústrias do nosso Estado (Fiesc), que congrega cerca de 600 organizações com mais de 50 empregados. Em 1997, inscreveram-se na etapa regional 63 delas, movimentando 2.235 equipes, que reuniram mais de 11 mil colaboradores e apresentaram 32 mil projetos. Para a primeira versão do prêmio, em 1990, concorreram apenas 10 empresas.
Santa Catarina também ficou com uma das primeiras certificações brasileiras pela QS (Quality System ) 9000 - criada pelas montadoras norte-americanas de automóveis -, concedida à Tuper, de São Bento do Sul, que fabrica tubos e escapamentos de aço.
Ainda no que se refere ao aprimoramento da indústria catarinense, é importante destacar os cuidados com o meio ambiente - assunto levantado ainda há pouco pelo eminente Senador Bernardo Cabral. Desde 1995, a Federação das Indústrias de Santa Catarina mantém, na cidade de Blumenau, um Centro Ambiental pioneiro, com laboratórios para análises de águas e efluentes, resíduos sólidos e emissões atmosféricas, além de unidade móvel de educação ambiental. Mantendo convênios com a Alemanha e o Canadá, o Centro Ambiental oferece cursos de gestão ambiental e tratamento de águas e resíduos.
Faço questão de dizer, devido à importância que o assunto requer e exige hoje no cenário nacional, como é fundamental para nós, brasileiros, cuidarmos da questão do meio ambiente.
Por tudo isso, não é de surpreender que o Prêmio CNI de Ecologia, lançado no ano passado, tenha sido conferido à catarinense Döhler, terceira indústria têxtil do Estado, com sede em Joinville.
Analisando a excelente performance do Estado, o Presidente da Fiesc, o joinvilense Osvaldo Moreira Douat, que comanda a entidade desde o início dos anos 90, declarou à Banas Qualidade que “o empresário catarinense acordou cedo para a necessidade de se tornar competitivo e investiu na reciclagem de seus produtos e de seus métodos administrativos, abrindo-se para o mercado internacional”.
Sr. Presidente, caros Colegas, o Brasil atravessa um momento muito difícil de sua história. A inquietação desencadeada pela bancarrota da Rússia mostra que, no mundo globalizado, nenhum país está a salvo das crises. Até mesmo a pujante economia norte-americana sofreu severos danos com os problemas russos. Como reflexo, os investidores externos, assustados, retiraram parte do dinheiro que tinham aplicado no Brasil. É inegável que a economia brasileira, apesar de seu inquestionável avanço nesta década dos 90, continua muito frágil.
Ninguém duvida que uma das saídas para o Brasil é o aumento das exportações. Só no momento em que atingir, no mercado internacional, um patamar condizente com suas imensas potencialidades, nosso País poderá proporcionar à totalidade dos seus habitantes aquela vida condigna com que há tanto tempo sonhamos. O Brasil precisa equilibrar suas contas internas e externas; para o que é fundamental o bom desempenho da nossa indústria. O Estado de Santa Catarina, posso garantir, tem muito a ensinar nesse aspecto. Seu parque industrial, moderno e variado, dotado de alta qualidade - como demonstrei -, vem contribuindo efetivamente para que o Brasil recupere o terreno perdido. Homenagear, com este breve discurso, a capacidade criadora da indústria e dos trabalhadores catarinenses é minha forma de colaborar na busca de melhores dias para os brasileiros.
E, como se isso tudo não bastasse, o nosso Estado é classificado pela ONU como um dos melhores Estados brasileiros em termos de qualidade de vida. A ONU contrariou as pregações catastróficas que muitos vinham fazendo impunemente contra o Estado e mostrou que, em Santa Catarina, as pessoas sabem viver. Revistas importantes como Exame e Veja também já reconheceram que o crescimento industrial brasileiro é maior em Santa Catarina, enquanto que o jornal Folha de S. Paulo publicou, recentemente, reportagem mostrando que o Estado tem a melhor distribuição de renda do País.
Para concluir, Sr. Presidente, nobres Colegas, esses dados e números não são gratuitos. São o resultado da soma de esforços entre Governo e sociedade, objetivando engrandecer sempre o Estado nos cenários nacional e internacional. Nossas pequenas cidades encontram cada vez mais o desenvolvimento e contribuem para que cidades como Florianópolis não sejam inchadas e possam ser classificadas como das melhores para se viver. Esta é a nossa luta: levar desenvolvimento ao nosso interior e dar àquelas pessoas boas razões para ajudarem a construir suas comunidades.
Essas são as considerações que tinha a fazer nesta tarde. Embora os resultados das urnas não tenham sido favoráveis à nossa agremiação no último pleito, a pregação de que havia um retrocesso em meu Estado no que tange ao desenvolvimento industrial não é verdadeira. Centros de pesquisas e análises credenciados informam que o crescimento catarinense foi um dos maiores do País, assim como a distribuição de renda. Conforme a própria ONU, Santa Catarina é um dos melhores Estados para se viver. Tudo isso revela que não houve retrocesso e, apesar das dificuldades, o Estado está avançando; apesar das adversidades, estamos crescendo, caminhando. É por isso que tinha que trazer essas considerações e esses demonstrativos em relação ao Estado catarinense para conhecimento desta Casa.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.