O SR. ZANETE CARDINAL (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais do que um esquartejamento, a divisão dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul constituiu uma violência política. Mais do que agressão à economia pujante da área, representou uma punhalada na vontade política do povo trabalhador que tenho a honra de representar nesta Casa.

           Não fossem a galhardia, a fibra e a vontade hercúlea dos mato-grossenses, teríamos relegado ao abandono o imenso potencial produtivo incluído em nossas fronteiras. Infelizmente - e, mais do que com pesar, brado com indignação - a divisão territorial é causa de desequilíbrio, é fator de desarticulação da rica cultura regional e dos esforços produtivos de nossa brava gente.

           Não é precisa muita especialização nos assuntos de minha terra, Sr. Presidente, para chegar à perplexidade diante do crime que constituiu a escolha do traçado da importante rodovia Transpantaneira.

           Por quê, meus nobres Colegas, pergunto-me movido pelo mesmo espanto com que os meus conterrâneos me interrogam, por que o traçado dessa via de transporte interrompeu-se na fronteira das duas partes desarticuladas em que partiram a unidade social, política e econômica do antigo Estado de Mato Grosso?

           Por quê, Sr. Presidente, deixou-se à margem desse vínculo rodoviário da Bacia do Pantanal os Municípios de Corumbá, Poconé e Ladário? Da importância econômica dessa área fala o rebanho bovino de dois milhões e quatrocentas mil cabeças, a produção mineral e o potencial turístico inexplorado até hoje graças ao isolamento a que a mesquinharia política dos que dividiram para governar em proveito próprio patrocinou?

           O meu povo pantaneiro, Sr. Presidente - e estou certo de que não falo apenas em nome dos meus conterrâneos, porque encarno, nesta hora, a cultura da Bacia do Pantanal, que transcende as fronteiras do interesse pequeno e envergonhado - o meu povo exige que se lhe arranque a mordaça que o asfixia pela falta do trecho de duzentos e cinqüenta quilômetros, capaz de unir os Municípios de Poconé e Corumbá numa integração econômica que representa muito para todos nós.

           São quatro meses de cheia todos os anos, Sr. Presidente, que nos isola e inibe maiores esforços produtivos. Temos projetos de expandir a exploração de ferro e manganês, capaz de alcançar, em pouco tempo, a marca das cinco mil toneladas anuais. A nossa produção de grãos já é de montante apreciável. Ela só aguarda do Governo Federal as providências inadiáveis de conclusão da rodovia Transpantaneira para superar-se nos registros estatísticos que a valentia do meu povo tem condições e vontade de alcançar.

           É por esse motivo, Sr. Presidente, caros Senadores, que subo a esta tribuna a fim de apelar para o Presidente Fernando Henrique Cardoso e às autoridades do Planejamento, da Agricultura e dos Transportes para o exame urgente dessa questão que nos inibe severamente o crescimento econômico.

           Meus patrícios mato-grossenses do norte e do sul precisam, com urgência, da construção do trecho Poconé - Corumbá da rodovia Transpantaneira - a rodovia da redenção da bacia do Pantanal.

           Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

           Muito obrigado.