Pronunciamento de Jefferson Peres em 19/10/1998
Discurso no Senado Federal
TRANSCURSO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO DESEMBARGADOR ANDRE VIDAL DE ARAUJO.
- Autor
- Jefferson Peres (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- TRANSCURSO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO DESEMBARGADOR ANDRE VIDAL DE ARAUJO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 20/10/1998 - Página 14339
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, ANDRE VIDAL DE ARAUJO, DESEMBARGADOR, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
O SR. JEFFERSON PÉRES
(PSDB-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, transcorreu, no último dia 15, o centenário de nascimento de um dos mais ilustres homens públicos do Amazonas, que foi o saudoso Desembargador André Vidal de Araújo.
Pernambucano, foi criança para a minha terra, levado pelo pai, Dr. Francisco Pedro de Araújo Filho, um dos mais brilhantes advogados do fórum de Manaus na sua época.
Lá se formou em Direito e se revelou um talento poliédrico, porque era ao mesmo tempo um homem de pensamento e de ação, com presença marcante nas áreas da magistratura, da política e do magistério.
O Sr. Bernardo Cabral (PFL-AM) - V. Exª me permite um aparte?
O SR. JEFFERSON PÉRES (PSDB-AM) - Ouço com prazer V. Exª.
O Sr. Bernardo Cabral (PFL-AM) - Senador Jefferson Peres, se V. Exª me desse a honra, gostaria que V. Exª falasse também em meu nome pessoal.
O SR. JEFFERSON PÉRES (PSDB-AM) - Com certeza, Senador Bernardo Cabral; e o faço com muita satisfação, até porque V. Exª foi amigo do Desembargador André Araújo, na Manaus do nosso tempo.
Ao ingressar na magistratura, foi o primeiro Juiz de menores da capital e logo se revelou não apenas um grande magistrado, que passou a defender com muita coragem os direitos dos menores, como deu uma dimensão administrativa à Vara de Menores, criando setores de assistência à criança e ao adolescente, inclusive o Instituto Melo Matos, destinado a menores infratores, os quais buscava, com o auxílio de psicólogos e assistentes sociais, recuperar e reintegrar à vida social.
Paralelamente, como cidadão, em caráter particular, foi semeando instituições, Sr. Presidente. Criou e manteve a Escola Premonitória do Bom Pastor, destinada a meninas órfãs que lá ficavam instalados em regime de internato; criou o Instituto Montessoriano Álvaro Maia, que abrigava menores com deficiência mental, adotando o método pedagógico – revolucionário para a época – da grande educadora italiana Maria Montessori; criou e manteve uma creche para filhos de operários em Manaus; e criou, ainda, a Escola de Serviço Social, de nível superior, a qual formou as primeiras assistentes sociais, algumas das quais passaram a trabalhar nas entidades por ele criadas.
Ao se aposentar, já como Desembargador, ingressou na política, oportunidade em que foi eleito – com um grande número de votos – deputado federal pelo então Partido Democrata Cristão, na Legislatura 1951/1954. Não renovou seu mandato e logo abandonou a política completamente desencantado da mesma e da vida parlamentar. Voltou-se a atividades particulares e se dedicou à pesquisa. Foi um pioneiro no campo das pesquisas sociais no Estado do Amazonas, publicando alguns estudos e ensaios que lhe valeram o ingresso no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e na Academia Amazonense de Letras. Das entidades que criou todas desapareceram após sua morte, com exceção da Escola de Serviço Social, hoje incorporada à Universidade do Amazonas.
Aquele homem extraordinário não deixou de trabalhar até o último momento de sua vida. Em 1975, aos 77 anos de idade, veio a falecer. Mesmo em seus últimos dias, era ainda muito atuante nos Conselhos Estaduais de Educação e Cultura aos quais também pertenci e onde aprendi a estimá-lo e a admirá-lo ainda mais. Já nutria por sua pessoa uma amizade herdada de meu pai, que foi seu conterrâneo, contemporâneo e grande amigo. Como André Araújo conseguiu fazer essa obra de tamanha envergadura? Só um homem com seu estofo poderia conseguir. Com obstinação, pertinácia, usando seu prestígio, sua simpatia pessoal; ia abrindo gabinetes oficiais e empresariais, e com isso constituiu uma legião de amigos que por meio de verbas orçamentárias, doações de bens, contribuições e de participações voluntárias, conseguiu manter abertas aquelas entidades por muitos anos.
Sr. Presidente, o espaço de vinte minutos é muito curto para falar de uma personalidade do porte de André Vidal de Araújo. Hoje ocupo esta tribuna brevemente apenas para fazer esse registro em homenagem à sua memória.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.