Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/1998 - Página 14587
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, VILSON KLEINUBING, SENADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

O SR. ROMEU TUMA (PFL-SP. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, a emoção toma conta do Senado em razão da perda do nosso querido Senador Vilson Kleinübing, a quem aprendi a admirar, principalmente durante o período da CPI, quando, ao lado do Senador Suplicy e de outros Senadores, desenvolvemos um trabalho de interesse público e ele mostrou sua permanente luta para que o Estado não gastasse além do que podia. A sua perseverança no interesse público, no levantamento, nas diligências, fazendo uma ponte excelente junto ao Banco Central, facilitou em muito a atividade que buscava, através da Justiça e da polícia, concretizar as provas necessárias ao processo.

           Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o câncer levou do nosso convívio, prematuramente, um dos colegas mais queridos e senador dos mais atuantes de quantos integram este colendo Plenário. O Senador Vilson Kleinübing, falecido aos 54 anos, na última sexta-feira, soube como poucos, em sua curta temporada no Senado Federal, dar sua contribuição aos trabalhos legislativos que aqui se desenvolvem.

Conheci o Senador Kleinübing como Prefeito de Blumenau, pois meu irmão mais velho tem relações com empresa instalada naquela cidade e tinha um grande vínculo de amizade com o Senador. Ele era sempre repetitivo sobre a dignidade e o respeito com que Kleinübing dirigia a prefeitura daquela cidade e, depois, o Governo do Estado de Santa Catarina. Assim, S. Exª trouxe ao Senado a sua experiência e a sua devoção à causa pública.

           Assim foi toda sua vida pública. Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, esse gaúcho de Montenegro nasceu no dia 9 de setembro de 1944. Casado com Vera Maria Kleinübing, pai de três filhos, revelaria seu pendor para os assuntos de economia ainda antes de iniciar-se na vida pública, quando, já em Santa Catarina, se especializou em Engenharia Econômica pela Universidade Federal desse Estado.

           Estreou na vida pública em 1982, como deputado federal. Foi, a seguir, Secretário de Agricultura e Abastecimento no governo Esperidião Amin, entre 1983 e 1986; Prefeito de Blumenau, eleito em 1988; e Governador de Santa Catarina, eleito dois anos depois. Sua ascensão meteórica na vida pública, como se pode observar, reflete o reconhecimento da população catarinense pelos serviços prestados e pela honradez com que exerceu suas sucessivas administrações.

           Em 1994, elegeu-se Senador da República para dar continuidade, no plano legislativo, a uma notável folha de serviços prestados à comunidade catarinense. Como Senador, no entanto, foi além, tornando-se um nome nacional graças ao seu empenho, à sua competência e à obstinação pelo trabalho, que lhe deu forças para lutar contra a moléstia até os últimos dias de vida.

           Esse reconhecimento que ora lhe faço, Senhoras e Senhores Senadores, não é mera retórica, nem elogio póstumo por simples formalidade. Tendo constatado o câncer no pulmão, há dois anos, jamais se entregou à doença; durante o tratamento quimioterápico, jamais se concedeu autocomiseração. Pelo contrário, sabedor da importância dos trabalhos que vinha desenvolvendo, deu o máximo de si em Plenário e nas Comissões que integrava: a de Assuntos Econômicos e a de Serviços de Infra-Estrutura, como titular; a de Educação e a de Relações Exteriores e Defesa Nacional, como suplente.

           Sua participação, porém, foi ainda mais efetiva, nos últimos dois anos, na CPI dos Títulos Públicos, quando demonstrou absoluto zelo na fiscalização das finanças públicas. Na CPI, aplicou-se, com denodo, a esquadrinhar os diversos mecanismos que encobriam graves irregularidades na emissão, lançamento e venda de títulos públicos no mercado financeiro. Já então, combalido pela doença, estendia seu trabalho por horas a fio, muitas vezes até a madrugada, para inquirir as pessoas envolvidas no que se convencionou chamar de “escândalo dos precatórios”.

           Combateu o endividamento irresponsável, em muitos casos fraudulento, de Estados e Municípios, com determinação inabalável. A mesma preocupação demonstrou, não uma vez ou duas, mas ao longo de seu mandato, encurtado por obra do destino, em relação ao funcionamento moroso da Justiça.

           De todo o conjunto de obras que nos deixou, na esfera executiva ou na legislativa, uma contribuição merece ser lembrada de forma especial: trata-se da Resolução do Senado Federal nº 78, de 1998, da qual foi Relator, e que foi aprovada por unanimidade por este egrégio Plenário. Essa Resolução estabelece severas condições para conter o endividamento inconseqüente de nossos Estados e Municípios.

           Ao falecer, Vilson Kleinübing tinha 90% de sua capacidade respiratória comprometida, já que o câncer, do pulmão, espalhara-se, afetando o esôfago e a traquéia. Não pôde vencer o câncer, mas nunca se entregou, tendo estado presente ao trabalho no Senado, mesmo no estágio mais avançado da doença. Vilson Kleinübing deixa para nós, Senadores, e para todo o povo catarinense e brasileiro, um exemplo inapagável de dedicação à causa pública, de coragem e de determinação.

Sr. Presidente, nesta altura, ele deve estar conferindo o Orçamento no Céu, já que para lá deve ter ido direto e deve estar à mão direita de Deus. Assim, as nossas orações, provavelmente, valerão mais do que a emoção que vem tomando conta de mim e poderá me trair, se eu continuar a falar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/1998 - Página 14587