Pronunciamento de Júlio Campos em 27/10/1998
Discurso no Senado Federal
HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.
- Autor
- Júlio Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
- Nome completo: Júlio José de Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.
- Publicação
- Publicação no DSF de 28/10/1998 - Página 14590
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, VILSON KLEINUBING, SENADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
O SR. JÚLIO CAMPOS (PFL-MT. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, é com profunda emoção e com profunda tristeza que venho ao Plenário do Senado, na tarde de hoje, para prestar esta homenagem a esse grande brasileiro, a esse grande catarinense e gaúcho que foi Vilson Kleinübing, Senador emérito desta Casa.
Confesso que, tal como o Sr. Senador Lúdio Coelho, em todos os meus depoimentos no Senado Federal, eu fazia questão de mencionar que uma das grandes personalidades, que um dos luminares da área econômica do nosso País era o Senador Vilson Kleinübing. Confesso uma profunda admiração pela sua pessoa, pelo seu trabalho. Convivi com esse nobre companheiro, correligionário da Bancada do PFL, durante quatro anos na Comissão de Assuntos Econômicos e em outras Comissões de lideranças partidárias. Sempre vi na figura dele aquela personalidade forte, coerente, digna e honrada, que nunca vacilou. Mesmo sendo Vice-Líder do Governo, mesmo tendo a responsabilidade de defender o Governo em determinados projetos na área econômica, ele nunca vacilou em dar o seu depoimento coerente e, até certo ponto, válido para o Brasil de hoje.
Estamos acompanhando a chegada de um novo plano, um novo pacote econômico, conseqüência do gasto público excessivo neste País. Vilson Kleinübing foi o grande policial, o grande promotor, o grande fiscalizador, o grande auditor das contas públicas nesses últimos quatro anos no Senado. Talvez, se tivéssemos seguido mais as suas decisões, os seus conselhos, muitos Estados hoje estariam em melhor situação econômica. Vilson Kleinübing marcou a sua passagem na vida pública como Deputado Federal, como Secretário da Agricultura de Santa Catarina, onde fez um grande trabalho, um belíssimo trabalho, levando energia às propriedades rurais do interior daquele Estado. Isso o credenciou a ser candidato a Governador do Estado. Não foi vitorioso, mas, dois anos após a eleição, foi convocado pelo povo de Blumenau - ele nem morava naquela cidade - para ser o seu Prefeito, exatamente pelo grande trabalho que fez como Secretário de Estado e pela expressiva votação obtida como candidato a Governador. Na prefeitura ficou pouco tempo porque, em seguida, o povo catarinense, sentindo necessária a sua presença, convocou-o pelo voto direto para ser o seu Governador. Foi eleito brilhantemente e fez uma administração magistral, marcando a História com o seu trabalho. Depois, veio representar o seu Estado no Senado Federal. Tenho certeza absoluta de que todo o Brasil e não só Santa Catarina perdeu um grande homem público, um grande político e um grande administrador.
Numa das minhas conversas com o atual Presidente da República a respeito dos Srs. Senadores, eu disse a Sua Excelência que, no dia em que tivesse que convocar um Senador para ser Ministro da Fazenda, ou da Economia, ou do Planejamento, escolheria Vilson Kleinübing, pessoa talhada para ocupar um cargo na área econômica deste País. Tenho certeza de que esse meu pensamento coincidia com o pensamento da maioria dos Srs. Senadores.
Nesta Casa, sempre pedi conselhos a Vilson Kleinünbing Quando chegavam os pedidos de empréstimos externos para Estados e Municípios - algumas vezes fui Relator -, antes de dar o meu parecer, fazia questão de dialogar com ele, de pedir-lhe informações.
Lembro-me de uma luta titânica quando ele apresentou aquele projeto de resolução mediante o qual 50% das receitas que os Estados arrecadassem com a venda das estatais deveriam ser destinados ao pagamento da dívida pública dos Estados, evitando um possível derrame do dinheiro público na campanha eleitoral de 1998. Juntos, lutamos e conseguimos fazer com que o Senado votasse e aprovasse essa lei. No entanto, lamentavelmente o Poder Judiciário, em pouco mais de 48 horas, declarou inconstitucional, a pedido dos Governadores, o projeto Vilson Kleinübing. E houve realmente um derrame brutal do dinheiro público da venda das estatais nas eleições deste ano de 1998, o que causou a derrota de inúmeros Senadores nas eleições do dia 04 de outubro último. Vilson Kleinübing tinha razão, quando ali daquela cadeira, no fundo do plenário desta Casa, brigava, lutava para que moralizássemos a aplicação do dinheiro público, dos empréstimos e, principalmente, dos recursos arrecadados com a venda das estatais dos Estados brasileiros.
Lamentavelmente, hoje ele está morto. Deixou em todos nós, seus colegas do Senado, em todos os catarinenses e brasileiros um vazio muito grande. Tenho certeza absoluta de que esse homem terá o reconhecimento. Proponho até, Sr. Presidente Antonio Carlos Magalhães, que prestemos uma homenagem mais concreta a esse grande brasileiro, lutador das contas públicas: a sala da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado poderia passar a chamar Sala Senador Vilson Kleinübing., Ele realmente lutou naquela sala, na CPI dos Precatórios.
Para minha alegria, constato que o eminente Senador Bernardo Cabral também está indicando a mudança de denominação da Sala de Assuntos Econômicos para Sala Senador .Vilson Kleinübing. Podemos prestar-lhe essa homenagem muito digna. E, neste instante, recordo que o Senado ainda está devendo uma homenagem a um outro Senador falecido neste ano, que relevantes serviços prestou ao Senado, à nossa querida Paraíba e ao povo brasileiro, que foi o saudoso, inesquecível Presidente Humberto Lucena. Ele também faz jus a uma homenagem mais concreta do Senado: presidiu por duas vezes esta Casa, ocupou por dois mandatos a cadeira número um do Senado Federal - inclusive na sua última gestão tive o privilégio de ser o seu Primeiro Secretário.
Convivi com o nosso querido companheiro e, nesse momento de saudades, no momento de homenagem a Vilson Kleinübing, quero também relembrar, com saudades, a perda de um outro grande brasileiro, do nosso querido saudoso Humberto Lucena.
Senador Bernardo Cabral, conte com a minha solidariedade para a reivindicação de que a Sala de Assuntos Econômicos seja denominada Sala Vilson Kleinübing. Tenho certeza absoluto de que esse projeto de resolução será aprovado por unanimidade.
À família Kleinübing, à sua esposa Dona Vera Maria, aos seus três filhos, João Paulo, Eduardo e Diogo, a nossa solidariedade, não a minha, simples e humilde Senador de Mato Grosso, mas a homenagem sincera do povo mato-grossense, um povo que deve muito aos catarinenses, desbravadores do nortão de Mato Grosso, onde levaram o espírito de trabalho, de luta do povo catarinense.
Em nome de Mato Grosso, em nome do Senador Carlos Bezerra, do Senador Jonas Pinheiro, de todo povo mato-grossense, o nosso profundo respeito e o nosso abraço fraternal ao povo de Santa Catarina, ao povo brasileiro por essa grande perda, a de Vilson Kleinübing.