O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Vilson Kleinübing, que estranho paradoxo, Kleinübing. Os que têm conhecimento rudimentar do idioma alemão e os que têm muito ou os que têm pouco, como eu, sabem que Kleinübing quer dizer “pequeno artesão”. Eis aí o paradoxo: carrega no nome uma marca do artesão.

Quando ouvi falar, pela primeira vez, em Vilson Kleinübing, já o disse daquela tribuna há alguns dias, quando entendia que o ideal seria que todos orássemos pela sua volta, porque é sempre duro lamentar a sua ida, como fazemos agora, eu registrava que a primeira vez tinha sido através de um outro homem público de grande respeitabilidade, Antonio Carlos Konder Reis, que havia lutado pela eleição do Kleinübing, tendo se tornado seu Vice-Governador. E Antonio Carlos Konder Reis me disse exatamente isto: “Este é um homem público que este País vai conhecer.” E o que é interessante é que cada vez mais me dou conta de que os homens públicos não valem pelo poder que eventualmente conseguem palmar, ou pela fortuna que amealham ao longo da vida, mas por aquilo que produzem em favor da coletividade.

Quando um político como nós outros, que nos debruçamos sobre um requerimento, não queremos nunca fazê-lo quando se trata de um desse tipo, sobretudo quando vem carregado de uma imensa saudade, esta saudade que é uma espécie de fiandeira das distâncias.

Onde estará agora Kleinübing? Até bem pouco tempo atrás, estava comandando o que se convencionou chamar Comissão Parlamentar de Inquérito dos Títulos Públicos, a CPI dos Precatórios. Flexível, sério, a ponto de - quando, por uma dessas iluminações que o Altíssimo nos dá, eu o indicava para ser Relator-Adjunto - receber toda a manifestação de prestígio da Presidência do Senado, através do Senador Antonio Carlos Magalhães, para ir até o fim, e o fez de forma incansável. Quem o conheceu de perto, como todos nós, sabe que Kleinübing não era homem de contorcionismo político, nem de ficar no malabarismo das palavras para não dizer o que estava sentindo.

Sei, Sr. Presidente, que o requerimento de V. Exª, subscrito por todos nós, é dessas peças que V. Exª jamais, em tempo algum, gostaria de ter tomado a iniciativa de fazer. Todos temos certeza disso. E se o fizemos, e se agora cada um dá o seu depoimento - e espero que não seja repetitivo, tais as qualidades que já foram aqui alinhadas e merecidamente reconhecidas e proclamadas -, é porque os Anais da Casa precisam registrar quem foi um dos seus grandes integrantes.

Por tudo isso, Sr. Presidente, é que idealizei este requerimento. Acho que V. Exª vai submetê-lo à Mesa, a qual preside, para que se faça um objeto de estudo, no sentido de que a sala de reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, onde ele atuou com rara proficiência, veja na parede o seu nome, não como uma homenagem simples dos Senadores que estão passando agora, mas para que a posteridade indague por que foi ele merecedor desse registro. E ao indagar, vão ver que a vida traz este paradoxo: pequeno artesão no nome, grande político na atuação.

Sr. Presidente, junto a minha tristeza à tristeza de todos os companheiros que aqui falaram. Também eu me associo a todas as manifestações de pesar que serão dirigidas à sua família.

Com isso, concluo dizendo que esta tarde, ao fazer este registro de saudade e tristeza, faz, mais uma vez, a característica típica de que vale a pena ser sério, quando se é um homem público que teve atuação como Vilson Kleinübing.

Encaminho a V. Exª a indicação de minha autoria, que o eminente Senador Júlio Campos me deu a honra de subscrever.

     É a seguinte a indicação encaminhada à Mesa:

     INDICAÇÃO Nº 2, DE 1998

     Indico à Mesa, que seja objeto de estudo, que a sala de reuniões da Comissão de Assuntos Econômicos seja denominada “Sala Senador Vilson Kleinübing”.

     Sala de Sessões, 27 de outubro de 1998

     Bernardo Cabral

     Júlio Campos