Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/1998 - Página 14598
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, VILSON KLEINUBING, SENADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

O SR. ADEMIR ANDRADE (Bloco/PSB-PA. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar o meu profundo sentimento com a morte do Senador Vilson Kleinübing e até mesmo a nossa surpresa. Apesar de sabermos da sua doença, víamos na atuação do Senador Vilson Kleinübing nesta Casa uma segurança, uma firmeza tão grande, uma tranqüilidade tal que não imaginávamos que sua morte pudesse se dar em tão pouco tempo e ainda tão jovem.

O Senador Vilson Kleinübing era um desses políticos, e, pela sua forma de conversar - não precisávamos saber da sua história, do seu passado, o que foi e o que deixou de ser -, percebíamos que era um homem honesto, um homem íntegro, um homem sincero, um homem de boa índole.

Privei da sua amizade. Dos Senadores desta Casa, creio ter sido ele com quem mantive uma amizade maior. Era quem eu consultava quando tinha alguma dúvida. Um homem inteligente, um homem preparado, um homem que sabia argumentar, que defendia com tranqüilidade as suas posições. Era um Senador do PFL e, apesar das divergências ideológicas, sabia expor seus pontos de vista. Não gostava de impor, mas de dialogar e de argumentar sobre as matérias que defendia. Muitas vezes, a gente acabava se convencendo pelas suas explicações.

Todas as dúvidas que eu tinha em relação aos projetos que se discutia na Comissão de Assuntos Econômicos eram tiradas com o Senador Vilson Kleinübing. Eu me sentava com ele e discutíamos os pontos em questão, quando eu tentava compreender o porquê de determinadas posições. Ele, calmamente, mostrava por que tinha aquele entendimento e por que o caminho deveria ser aquele. Até no momento em que os partidos de esquerda do Pará me lançaram como candidato a Governador, e eu precisava de experiência acerca de alguns itens no processo administrativo, foi com o Senador Vilson Kleinübing que me aconselhei.

Passávamos horas conversando sobre as dificuldades que ele teve na administração do Estado de Santa Catarina. Em relação a algumas idéias que eu tinha para serem implementadas no Governo; eu o consultava, pedia a sua opinião, e ele, com toda a paciência do mundo, orientava-me da forma que julgava correta.

Aproveitei muitos dos seus conselhos, evidentemente na forma do exercício da administração, não na forma das idéias, uma vez que pensávamos de forma diferente em vários campos, mas aprendi muito com ele, inclusive sobre outros temas. Sempre ligado à política, sempre extremamente ocupado, esquecemo-nos das nossas necessidades pessoais, da nossa saúde, da nossa família, às vezes. Também nesse aspecto, o Senador Vilson Kleinübing me alertou para a necessidade de cuidar um pouco mais de mim mesmo, de fazer exercícios físicos. Foi por seu intermédio que comecei a correr no Parque da Cidade. Ele me estimulou a fazer isso e me mostrou o quanto era importante e bom; contava os detalhes dos seus exercícios, o quanto eles haviam melhorado a sua maneira de ser, a sua maneira de pensar e de agir. Ele fazia exercícios constantemente.

As lembranças que tenho do Senador Vilson Kleinübing são as melhores possíveis, as melhores que se pode ter de um homem público.

Não conheço o seu passado, não sei como governou o Estado de Santa Catarina, nunca conversei para saber o que o povo pensava a seu respeito, mas tenho certeza de que ele era um desses políticos sérios, honestos, dedicados, que querem o bem do País e que lutam com muita firmeza por aquilo que desejam.

Sempre fiquei admirado com a sua firmeza. A doença o tirou desta Casa por algum tempo, mas ele voltou com toda a força. Da forma como conversava conosco, parecia que não existia esse perigo. Creio que o Senador Vilson Kleinübing lutou até o último instante, da mesma forma como o Senador Darcy Ribeiro, que, praticamente às vésperas do seu falecimento, se reuniu conosco neste Senado da República para apresentar o seu Projeto Caboclo, para desenvolver a nossa Região Amazônica. São homens que lutaram até o último instante, que não se deixaram vencer pela doença, pelo medo, pela morte. São homens que não acreditam na própria morte.

Sr. Presidente, em nome do meu Partido, o Partido Socialista Brasileiro, e em meu próprio, registro o meu profundo sentimento de dor. Sinto muita tristeza em perder o convívio desse homem público de tanto valor que foi o Senador Vilson Kleinübing. Manifesto à sua família, aos seus filhos, à sua esposa a nossa solidariedade, o nosso apreço ao nosso ex-Colega.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/1998 - Página 14598