Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.

Autor
Sérgio Machado (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: José Sérgio de Oliveira Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/1998 - Página 14599
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, VILSON KLEINUBING, SENADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

           O SR. SÉRGIO MACHADO (PSDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tomado ainda pelo profundo sentimento da consternação que sobre todos nós se abateu nesta última quinta-feira, com a pesarosa notícia do falecimento do Senador Vilson Kleinübing, falo hoje a esta Casa com o especial propósito de não apenas lastimar a perda de um de seus mais ilustres membros, tampouco de exaltar as raras virtudes que o tornaram alvo de nosso merecido respeito e sincera admiração.

           Dirijo-me hoje a esta Casa, sobretudo para condolentemente compartilhar o inestimável legado que ele nos deixa, com seu exemplo de firmeza, de coragem, de integridade e obstinação, neste singular momento histórico em que o País transita rumo ao amadurecimento de suas instituições, fruto de um novo contexto de valores, de uma nova ética, enfim, de uma nova forma de se fazer política.

           O amigo e homem público de cuja convivência nos despedimos saudosos, deixa-nos com sua vida o exemplo prático deste novo paradigma de cidadania atenta e responsável; de indeclinável austeridade e intransigente fiscalização, na pertinaz defesa dos interesses da coletividade.

           Sua passagem pelo Senado da República marcou-se pela incansável busca da seriedade e de claras regras de conduta no trato com as finanças públicas.

           Tal se caracterizou não só por seu decisivo atuar na instalação e no desenvolvimento dos trabalhos da CPI dos Títulos Públicos, mas também pela constante procura por mecanismos e instrumentos capazes de romper o círculo vicioso do endividamento dos estados e municípios, exercendo neste âmbito, com excepcional desempenho, um ousado e persistente trabalho, notadamente na Comissão de Assuntos Econômicos.

           Sem dúvida, foi um perspicaz e desenvolto pioneiro nesta obra agora inadiável que é a de pavimentar os caminhos da moralidade, sobre os quais o País inexoravelmente há de trilhar.

           Reconhecido por todos como um engenhoso articulador, era não obstante um político de idéias firmes. Sempre inspirava confiança nos acordos que propunha, razão pela qual sua escolha como Vice-Líder do Governo agradou à própria oposição que nele identificou um hábil e coerente interlocutor.

           Lutando tenazmente contra a doença há dois anos, demonstrava uma enorme vontade de viver. A eloquência de sua luta e devoção infundiu-se indelével no espírito de tantos quantos o conheceram.

           Nascido em Montenegro, no Rio Grande do Sul, Vilson Pedro Kleinübing mudou-se ainda criança para a cidade de Videira, onde seu pai, Waldemar, se elegeu vereador para mais tarde tornar-se prefeito, pela antiga UDN.

           Em 1960, com 16 anos, foi para Florianópolis, estudar o ginasial no Colégio Catarinense. Três anos depois cursava Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde se graduou em 1968.

           Mais uma vez em Santa Catarina, Kleinübing fez sua pós-graduação na Universidade Federal, enquanto trabalhava como assistente da gerência da Ineal, uma empresa de arquitetura da qual saiu em 1970 para ingressar na Celesc - Centrais Elétricas de Santa Catarina, tendo conquistado, por concurso, uma vaga como Analista de Sistemas. Concomitantemente, foi professor titular de Processamento de Dados da Escola Superior de Administração e Gerência da Udesc, onde permaneceu até 1978.

           Ainda na companhia energética, assumiu, em 1979, o cargo de Diretor de Distribuição, tendo-se tornado conhecido por administrar um programa de eletrificação rural destinado a 35 mil famílias.

           Em 1982 elegeu-se Deputado Federal pelo PDS e na mesma legislatura foi nomeado Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado.

           Já no PFL, foi eleito, em 1988, Prefeito de Blumenau, quebrando um monopólio de vinte anos do PMDB naquela cidade. Desencompatibilizou-se quinze meses depois para concorrer ao Governo do Estado para o qual foi vitorioso com mais de 930 mil votos.

           Importa lembrarmo-nos que, em 1992, quando completou um ano de mandato, logrou reduzir o déficit público de Santa Catarina em nada menos que 400 por cento: de 160 para 40 bilhões na moeda de então, resultado de um austero ajuste nas contas do Estado.

           Chegando ao Senado em 1995, logo destacou-se com sua habilidade, firmeza e perseverança, cativando-nos a todos que hoje nos enlutamos por sua prematura ausência, aos 54 anos de idade.

           Sr. Presidente, ao encerrar este breve e singelo necrológio, desejo externar uma vez mais as minhas condolências à viúva, Sra. Maria Karam Kleinübing e a seus jovens filhos Paulo, Eduardo e Diogo, ao tempo em que reitero, perante este Plenário, a oportunidade de havermos tido o privilégio de conviver com esta figura humana que nos deixou como herança tão digno exemplo de vida.

           Que este exemplo nos fortaleça e nos inspire a prosseguir sua caminhada.

           Era o que eu tinha a dizer.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/1998 - Página 14599