Discurso no Senado Federal

SUSPEITA DE SURTO DE COLERA NO ESTADO DO ACRE.

Autor
Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • SUSPEITA DE SURTO DE COLERA NO ESTADO DO ACRE.
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/1998 - Página 15161
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • REGISTRO, OCORRENCIA, DOENÇA, MUNICIPIO, TARAUACA (AC), JORDÃO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), PROVOCAÇÃO, MORTE, INDIO, POPULAÇÃO, REGIÃO.
  • DEFESA, ADOÇÃO, PROVIDENCIA, MINISTERIO DA SAUDE (MS), FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAUDE, FUNDAÇÃO NACIONAL DO INDIO (FUNAI), APURAÇÃO, OCORRENCIA, DOENÇA, INTERIOR, ESTADO DO ACRE (AC), MORTE, INDIO, AMEAÇA, SAUDE, POPULAÇÃO, REGIÃO.

A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT-AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Serei breve, Sr. Presidente, em respeito aos colegas que estão inscritos.  

É só para registrar que no meu Estado, mais especificamente nos Municípios de Tarauacá e Jordão, está acontecendo um problema grave de saúde afetando as populações indígenas dos rios Jordão e Gregório. A comunidade Iaunauá já foi atingida, tendo registrado um óbito. É o caso de uma diarréia que ainda não foi explicada clinicamente. Há um temor por parte das populações indígenas de que possa vir a ser cólera. A Fundação Nacional de Saúde acompanhou in loco esses problemas e indicou que não é cólera. No entanto, a minha preocupação e a preocupação da comunidade, tanto dos índios do rio Jordão quanto do rio Gregório é de que, se essa doença não é cólera, é uma doença quase equivalente ou talvez com um grau de gravidade muito maior, pois as pessoas acometidas de um diarréia muito forte em menos de 24 horas estão indo a óbito, como é o caso do índio iaunauá que veio a óbito em função de ter sido acometido por essa doença.  

A informação que temos é de que já faleceram cinco índios, sendo um iaunauá e outro da comunidade do rio Jordão. E temos também uma informação de que no Alto Solimões, na região do rio Solimões, faleceram nove pessoas com os mesmos sintomas.  

Então, a preocupação é no sentido de que as autoridades possam agir o quanto antes. Devo reconhecer aqui que houve um esforço por parte da Fundação Nacional de Saúde na pessoa do Dr. Clóvis. Também no Acre, houve um esforço no sentido de fazerem chegar as equipes até as populações atingidas. No entanto, é fundamental que o Ministério da Saúde, a Fundação Nacional de Saúde e a própria Funai tomem as devidas providências no sentido de verificar o que está acontecendo com essa moléstia que está levando pessoas a óbito num período muito curto, a partir do momento em que são por ela atacadas. E a preocupação maior é que o rio é utilizado como meio de transporte e também são utilizadas suas águas pelas populações indígenas e pelas populações seringueiras que vivem à margem dos rios. Assim, poderemos ter um prejuízo na saúde muito grande para as populações dos Municípios de Jordão e Tarauacá, cuja dimensão não conhecemos.  

Há possibilidade de que as pessoas estejam sendo acometidas por uma doença que, segundo relatórios da Fundação Nacional de Saúde, não é cólera, mas algo equivalente, que leva as pessoas à morte, que coloca em risco a vida de milhares de pessoas, principalmente da população ribeirinha. O fato de não ser cólera não significa motivo para não nos preocuparmos. Ao contrário, é motivo para ficarmos mais preocupados ainda, porque, no caso do cólera, já sabemos quais as medidas profiláticas que devem ser tomadas. No caso de uma doença estranha, não o sabemos.  

É por isso que estou buscando marcar uma audiência com o Ministro da Saúde, à qual quero comparecer acompanhada de representantes das comunidades indígenas afetadas, bem como de representantes da Funai e da Fundação de Saúde do meu Estado, para que possamos, num esforço conjunto, dar respostas a esse problema grave que está acometendo os índios do Acre.  

Era o que eu tinha a dizer.  

Muito obrigada.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/1998 - Página 15161