A SRª BENEDITA DA SILVA (Bloco/PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a privatização de FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS, cujo modelo prevê a segmentação da empresa em partes menores, não deve prosseguir.

           Obviamente que o desmembramento de FURNAS trará aumento de preços e prejuízos aos consumidores. Poucos sabem que parte substancial da energia gerada para o Estado provém de FURNAS, vendida a um preço baixo (R$ 33/MWh), enquanto a Light, que repassa esse serviço aos consumidores, cobra uma das tarifas mais altas do mundo, (em torno de R$ 135/Mwh).A venda separada virá associada à liberação dos preços de geração, e os novos proprietários não têm compromissos com novos investimentos. Assim, as distribuidoras repassarão qualquer aumento de preço de energia que comprarem. No caso, a Light tem esse direito firmado no seu contrato de concessão.

           Além disso, o apoio que a empresa oferece à universidades, centros públicos e privados de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e entidades de meio ambiente, estaria comprometido já que mudaria completamente o atual caráter cooperativo para um outro, competitivo, baseado tão somente em lucros.

           O Rio de Janeiro não pode se curvar diante desse processo de esvaziamento econômico. FURNAS é responsável por cerca de R$ 6 bilhões do PIB estadual, investiu somente nos últimos três anos, R$ 2,6 bilhões em expansão de suas atividades. Além disso, FURNAS contribui com mais de 20 mil empregos, diretos e indiretos, desde técnicos e especialistas até profissionais e trabalhadores das camadas mais populares que prestam seus serviços à comunidade da energia.

           Como se vê, a ligação da Companhia com o Estado do Rio de Janeiro transcende o aspecto meramente financeiro. FURNAS é sinônimo de desenvolvimento econômico e social. É sinônimo de tecnologia.

           O modelo irresponsável adotado na questão das privatizações no nosso Estado e no nosso País nos obriga à denúncia e à luta permanente. Agimos com a convicção de que a sombria realidade que insiste em se instalar, escamoteada por expressões como “progresso e eficiência”, busca tão somente os frios lucros das transações, desconhecendo conceitos como soberania, pátria, nação.