Discurso no Senado Federal

SOLICITAÇÃO A PRESIDENCIA DO SENADO FEDERAL NO SENTIDO DE QUE CONVIDE O EX-ARCEBISPO DE SÃO PAULO, DOM PAULO EVARISTO ARNS, PARA CELEBRAR A MISSA DE NATAL DOS CONGRESSISTAS. SUGESTÃO AO PRESIDENTE DA REPUBLICA PARA QUE DESIGNE UM PROCURADOR COM PODERES ESPECIAIS PARA INVESTIGAR AS DENUNCIAS DE EXISTENCIA DE CONTAS BANCARIAS ILEGAIS DE AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS NAS ILHAS CAYMAN.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • SOLICITAÇÃO A PRESIDENCIA DO SENADO FEDERAL NO SENTIDO DE QUE CONVIDE O EX-ARCEBISPO DE SÃO PAULO, DOM PAULO EVARISTO ARNS, PARA CELEBRAR A MISSA DE NATAL DOS CONGRESSISTAS. SUGESTÃO AO PRESIDENTE DA REPUBLICA PARA QUE DESIGNE UM PROCURADOR COM PODERES ESPECIAIS PARA INVESTIGAR AS DENUNCIAS DE EXISTENCIA DE CONTAS BANCARIAS ILEGAIS DE AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS NAS ILHAS CAYMAN.
Publicação
Publicação no DSF de 13/11/1998 - Página 15588
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, APROVAÇÃO, AMBITO, COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO JUSTIÇA E CIDADANIA, VOTO, HOMENAGEM, EVARISTO ARNS, CARDEAL, OPORTUNIDADE, APOSENTADORIA, SACERDOTE, IGREJA CATOLICA.
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENCIA, SENADO, CONVITE, EVARISTO ARNS, CARDEAL, CELEBRAÇÃO, CERIMONIA RELIGIOSA, CONGRESSO NACIONAL, EPOCA, COMEMORAÇÃO, FERIADO RELIGIOSO.
  • SUGESTÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESIGNAÇÃO, PROCURADOR, DESTINAÇÃO, APURAÇÃO, AUTENTICIDADE, DOCUMENTO, INDICAÇÃO, EXISTENCIA, IRREGULARIDADE, CONTA BANCARIA, EXTERIOR, PROPRIEDADE, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE, JOSE SERRA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), MARIO COVAS, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, abordo, primeiramente, uma questão rápida.  

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania aprovou, ontem, um voto de louvor ao Cardeal Dom Evaristo Arns pela sua aposentadoria. O Sr. Presidente da Comissão, Senador Bernardo Cabral, ficou encarregado de falar com V. Exª para que, na tradicional Missa de Natal e de fim de ano, V. Exª concordasse em convidar o Cardeal para celebrar a Missa e mandar uma mensagem ao Brasil por meio do Congresso Nacional.  

A segunda questão é a seguinte: quero deixar claro que tenho o maior respeito e confiança absoluta no Presidente Fernando Henrique, no Ministro José Serra, no Governador Mário Covas, de São Paulo. Mas, Sr. Presidente, a política brasileira tem chegado a esses pontos de decadência, de tal forma que, nas pesquisas que se fazem, qualquer um que se investigue está na frente de nós, políticos: o Exército, os bancos, qualquer um que se imaginar. Estamos lá no chão, exatamente pela falta de respeito por nós mesmos.  

O Governo do Presidente Fernando Henrique parece estar tomando essa decisão. Se eu estivesse no lugar de Sua Excelência, ou no lugar do Líder do Governo; se eu tivesse ainda a intimidade que já tive com o Presidente, eu lhe teria telefonado, na mesma hora, para dizer-lhe: Fernando, comunique ao Procurador-Geral da República, que ele deve designar imediatamente um Procurador especial para fazer, junto à Polícia Federal, a apuração de tudo isso que está acontecendo.  

Isso não podia acontecer. Em primeiro lugar, não é o Chefe da Casa Militar, porque ele não é o homem encarregado de fazer esse tipo de investigação. O Chefe da Casa Militar é o homem encarregado de fazer as investigações que interessam ao Presidente da República. Quando o Presidente da República tem dúvidas, quando tem problemas relativos ao seu Governo, encarrega o Chefe da Casa Militar ou o Chefe do SNI para fazer esse tipo de investigação. Agora, quando se trata de uma afirmativa como essa...E a gente pode rir dos Estados Unidos, Sr. Presidente. Pode parecer piada nos Estados Unidos o fato de ter sido pedido o impeachment do Presidente por causa do tipo de relacionamento sexual que houve entre ele e uma funcionária. Para nós isso pode ser ridículo, mas são atitudes como essa que fazem com que o povo, nos Estados Unidos, respeite as instituições.  

Sr. Presidente, entendo que deve ser designado, imediatamente, um procurador especial, com poderes especiais, pelo Procurador-Geral da República, que foi votado por esta Casa, para fazer as investigações. Até porque não se trata apenas de um lado. Um é o lado do que se diz; mas o outro é o lado de quem está dizendo. Na verdade, segundo nos disse ontem aqui o Senador por Alagoas, um ex-Presidente da República, o Sr. Collor, o procurou. S. Exª estava em sua casa quando foi procurado pelo ex-Presidente Collor, que lhe disse isso e isso e isso, citando, como pessoa que conhece o fato e tinha os elementos, um ex-Presidente do Banco do Brasil. No caso de São Paulo é a mesma coisa: é o mesmo ex-Presidente do Banco do Brasil.  

Ora, Sr. Presidente, isso é crime. Se isso não é verdade, se isso foi forjado, é um crime contra a Segurança Nacional. Parece mentira, Sr. Presidente, mas temos que agradecer ao PT, ao Lula e à Deputada candidata a governadora de São Paulo pelo gesto de grandeza. Eles tiveram visão. Eles poderiam ter incendiado o País. Não sei o que poderia ter acontecido, mas teriam incendiado o País se tivessem lançado, setenta e duas horas antes do prazo fatal, uma afirmativa dessa natureza. Teve grandeza a Marta Suplicy e teve grandeza o Lula.  

Dúvida? Nenhuma. Meu Líder ontem foi para a tribuna e disse: "Eu me nego a aceitar!". Não é o problema de se negar a aceitar. Eu também me nego a aceitar. Não tenho nenhuma dúvida, até pelo ridículo, pelo grosseiro, pelo grotesco e até porque sei que a relação do Fernando Henrique com o Covas não permite essa intimidade de terem conta comum no exterior. Até porque sei que as relações do Serra com o Fernando Henrique não permitem terem contas no exterior. Eu sei que não existe, mas não é o suficiente.  

Sr. Presidente, repare a repercussão: isso foi manchete no mundo inteiro. O assunto não pode ser dado como encerrado. Um procurador especial, designado pelo Procurador-Geral da República, com poderes especiais, para fazer a investigação. Não é caso de CPI, Sr. Presidente. Penso que é tão ridículo que não me passa pela cabeça fazer investigação. Também que me perdoe o Senador Suplicy, porque não acho que seja caso de convocar o cidadão para vir aqui explicar o que fez ou o que não fez. É caso de a Procuradoria assumir a sua responsabilidade, que está na Constituição, e equacionarmos essa questão.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/11/1998 - Página 15588