Pronunciamento de Roberto Requião em 16/11/1998
Discurso no Senado Federal
NECESSIDADE DE APOIO DO PRESIDENTE DA REPUBLICA PARA CELERIDADE DA APURAÇÃO DAS DENUNCIAS SOBRE A EXISTENCIA DE CONTA NO EXTERIOR.
- Autor
- Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
- Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- NECESSIDADE DE APOIO DO PRESIDENTE DA REPUBLICA PARA CELERIDADE DA APURAÇÃO DAS DENUNCIAS SOBRE A EXISTENCIA DE CONTA NO EXTERIOR.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/11/1998 - Página 15763
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
-
- DEFESA, NECESSIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APOIO, AGILIZAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, APURAÇÃO, DENUNCIA, MANIPULAÇÃO, PRIVATIZAÇÃO, EMPRESA ESTATAL, EXISTENCIA, CONTA BANCARIA, EXTERIOR.
O SR. ROBERTO REQUIÃO
(PMDB-PR. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Louvo a cautela do Senador Elcio Alvares sobre esta questão, que é muito séria. Conheço, por experiência própria, a profundidade e talvez até as lesões que uma situação como esta possa fazer à imagem de um homem público.
Quando Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito que levantou o escândalo das letras irregularmente lançadas para o pagamento de precatórios inexistentes, fui objeto de uma denúncia dessa natureza. A revista IstoÉ Senhor publicou uma suposta conta minha com depósitos feitos por assessores do meu gabinete nos Estados Unidos. Fiz o que estou recomendando ao Presidente da República: imediatamente coloquei uma procuração à disposição de qualquer pessoa que desejasse investigar a origem dessa fantástica riqueza, surgida da noite para o dia em documentos falsos. Creio que ninguém no Brasil acreditou no depósito, porque até hoje não me foi solicitada a procuração que ofereci.
De outro lado, a respeito das fitas gravadas, quero reproduzir o raciocínio de um jornalista de cujo nome não me recordo no momento. Trata-se de um raciocínio publicado hoje ou ontem, em um dos jornais nacionais. O jornalista situava o exemplo mais ou menos da seguinte maneira: suponhamos que o Senador Josaphat Marinho recebesse uma fita gravada ilegalmente, sem a permissão das duas pessoas que conversavam ao telefone, e nela uma delas deixasse claro que pretendia matar S. Exª, envenenando o seu café. A fita é ilegal; a escuta não é permitida. Pergunto-me se o Senador Josaphat Marinho tomaria a posição legalista de ignorar a denúncia e diria ao garçom: "Traga-me um café." Evidentemente, não. As fitas do Ministro e do Presidente do BNDES mostram, à exaustão, que estavam manipulando a privatização de empresas públicas, de estatais colocadas à venda, e, em qualquer país sério do mundo, eles já teriam sido afastados, para que, sem as prerrogativas do cargo, a investigação pudesse ser feita em profundidade.
O lugar próprio para que essas investigações progridam é no Congresso Nacional. Nas Comissões Parlamentares de Inquérito a situação se esclarece com rapidez extraordinária. Ainda não vi nenhuma dessas denúncias que não fossem encaradas pelo Poder Legislativo do Brasil serem objeto exclusivo da investigação do Ministério Público, da Polícia Federal e das Polícias e avançarem com a mesma celeridade das investigadas pelo Congresso Nacional. Não se trata de suspeita, mas a suspeita se constrói, quando atitudes, como a de colocar à disposição de qualquer pessoa uma procuração, não são tomadas.
A indignação foi tardia. A minha foi no primeiro momento, quando li a Revista IstoÉ Senhor . Já o Presidente tem uma indignação retardada: vem, segundo os jornais, depois de pressão das lideranças políticas, uma semana ou 10 dias após a publicação por revistas nacionais de trechos das fitas gravadas.
Não coloco em suspeita o Presidente da República, mas Sua Excelência se coloca sob suspeita quando impede que a investigação se faça de forma clara.
¹à