Pronunciamento de Ernandes Amorim em 17/11/1998
Discurso no Senado Federal
A POSIÇÃO DO MINISTRO MENDONÇA DE BARROS E DO BNDES NO POSSIVEL FAVORECIMENTO DO BANCO OPPORTUNITY NA PRIVATIZAÇÃO DAS COMPANHIAS DE TELEFONIA VINCULADAS A TELEBRAS.
- Autor
- Ernandes Amorim (PPB - Partido Progressista Brasileiro/RO)
- Nome completo: Ernandes Santos Amorim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- A POSIÇÃO DO MINISTRO MENDONÇA DE BARROS E DO BNDES NO POSSIVEL FAVORECIMENTO DO BANCO OPPORTUNITY NA PRIVATIZAÇÃO DAS COMPANHIAS DE TELEFONIA VINCULADAS A TELEBRAS.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/11/1998 - Página 16090
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- DEFESA, INICIATIVA, SENADO, ARTICULAÇÃO, PRESENÇA, LUIS CARLOS MENDONÇA DE BARROS, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), PLENARIO, ESCLARECIMENTOS, ATUAÇÃO, GOVERNO, PROCESSO, PRIVATIZAÇÃO, EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES.
O SR ERNANDES AMORIM
(PPB-RO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, chega, através da imprensa, que conversas telefônicas gravadas, estariam a revelar que o Ministro das Comunicações animou potenciais participantes de leilões das empresas de telecomunicações.
Segundo as informações, Sua Excelência, inclusive, chegou a viabilizar associações e participação de fundos de pensão, cujos Presidentes são nomeados pelo Presidente da República.
Sobre o assunto, o Ministro se dispõe a prestar esclarecimentos ao Congresso Nacional.
O Ministro quer explicar como atuaram o BNDES, e o Ministério das Comunicações, no processo de privatização das companhias de telefonia.
Esta notícia também está nas páginas dos jornais.
Sua Excelência, inclusive, antecipa que apenas pretendeu garantir preços maiores para o Tesouro.
Acrescenta ainda que contingências das regras do edital impediram um ágio maior em 1 bilhão na privatização de uma das "teles", a Telemar.
A empresa foi arrematada pelo grupo do empresário Carlos Francisco Jereissati, e a questão de fundo é saber se o Ministro Mendonça de Barros, e o BNDES, tentaram beneficiar o Banco Opportunity nesta licitação.
As notícias da imprensa também informam da indignação do Presidente da República.
Sua Excelência sentiu-se ferido em seu decoro em virtude da divulgação de xerox de documentos infamantes sobre contas secretas que teria aberto nas Ilhas Cayman, junto ao governador Covas, o ministro Serra e o falecido ministro Sérgio Motta.
O Presidente da República, inclusive, manifestou tristeza porque não há um repúdio nacional contra essa falta de respeito contra a instituição da Presidência.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sei o peso da calúnia, da difamação, da injúria. Já fui caluniado, difamado, injuriado, e resgatei minha dignidade porque exigi que esta Casa procedesse a investigação necessária, e nada provaram contra mim.
Portanto, entendo a vontade do Ministro Mendonça de Barros, de vir prestar esclarecimentos ao Congresso Nacional.
Sua Excelência tem este direito de esclarecer a Sociedade Brasileira através do Congresso.
Nosso ordenamento jurídico lhe assegura o comparecimento nesta Casa, no art. 50 da Constituição Federal, consoante o art. 397 do Regimento Interno do Senado Federal, conforme qualquer uma das seguintes possibilidades:
- quando convocado, por deliberação do plenário, mediante requerimento de qualquer senador ou comissão, para prestar pessoalmente, informação sobre assunto previamente determinado;
- e quando solicitar, mediante entendimento com a Mesa, para expor assunto de relevância de seu Ministério.
No caso, não há relevância para o ministério das Comunicações, mas trata-se de assunto já determinado, cujo esclarecimento interessa à Sua Excelência, de interesse desta Casa, de interesse da Sociedade Brasileira.
Por esta razão, entendo que o Senado Federal deva tomar a iniciativa, e articular a presença de Sua Excelência nesta Casa.
Sua Excelência quer explicar como atuaram no processo de privatização, que nós autorizamos.
Assim, o Senado Federal estará conduzindo o esclarecimento desta questão que vem mobilizando a opinião pública, e ao conduzir seu esclarecimento, trará a tranquilidade necessária ao processo regular da vida nacional.
O Senado Federal deve antecipar o peso de sua autoridade neste assunto, e esgota-lo, exaurindo o que houver.
Toda esta questão bate nas portas do Palácio do Planalto. Em última análise, é o Presidente da República quem comanda os Fundos de Pensão, o Banco do Brasil, o BNDES e o próprio Ministério.
Precisamos proceder de forma a afastar as especulações tão desastrosas para a vida pública nacional.
Agir da forma legal para o esclarecimento que a sociedade merece.
Muito obrigado.