Discurso no Senado Federal

INTERPELANDO O SR. LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, MINISTRO DE ESTADO DAS COMUNICAÇÕES, SOBRE O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA TELEBRAS.

Autor
Jefferson Peres (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRIVATIZAÇÃO.:
  • INTERPELANDO O SR. LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, MINISTRO DE ESTADO DAS COMUNICAÇÕES, SOBRE O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA TELEBRAS.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/1998 - Página 16311
Assunto
Outros > PRIVATIZAÇÃO.
Indexação
  • INTERPELAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), CONFIRMAÇÃO, OCORRENCIA, DESVIO, ETICA, PESSOAS, DEFESA, INTERESSE, PUBLICO.
  • MANIFESTAÇÃO, DIVERGENCIA, CONCEITO, ETICA, PROPOSIÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC).

           O SR. JEFFERSON PÉRES (PSDB-AM. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente Antonio Carlos Magalhães, Sr. Ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, não me importa nem um pouco o problema da ilegalidade das gravações. Isso é um problema da polícia. Os que fizeram a gravação e os que mandaram são delinqüentes, isso não é um problema nosso. V. Exª disse que era um problema político, eu concordo apenas em parte. Para mim o problema é, principalmente, de ordem ética. V. Exª disse que não houve lesão aos cofres públicos, eu acredito. V. Exª disse que não tirou nenhum proveito disso, eu também acredito. Mas, Ministro, ainda que isso seja verdade - repito, eu acredito - houve vício nesse processo. Nós queremos saber se houve ou não desvio ético de pessoas que não estavam agindo em caráter particular; dois agentes públicos agindo enquanto tais.

Sr. Ministro, o que já se sabe é que, com boas intenções ou não, houve manipulação de pessoas, de empresas, de entes públicos, de entes que usam dinheiro público, como os fundos de pensão, e estavam envolvidos um Ministro e um Presidente de banco, ex-sócio, e um dos participantes do leilão, ex-sócio de um desses dois personagens.

E com tudo que já veio à tona, Ministro, ainda que não tenha havido lesão, ainda que V. Exª - acredito - não tenha tirado nenhum proveito disso, faço algumas perguntas. Sr. Ministro, o setor público adota regras muito rigorosas, exatamente para que não aconteça que, hoje, um Ministro honesto adote práticas, digamos, heterodoxas em favor do bem público mas, amanhã, um Ministro desonesto adote essas mesmas práticas heterodoxas em proveito próprio. Isso não pode acontecer no serviço público. Portanto, Sr. Ministro, as duas perguntas que lhe faço - e são curtas - são as seguintes: V. Exª acha que, do ponto de vista estritamente ético, não houve nada de errado e, em segundo lugar, V. Exª acha que os fins justificam os meios?

O SR. JEFFERSON PÉRES (PSDB-AM) - Se bem entendi, então, é o choque entre a ética da eficiência, ética de resultados e a ética de princípios. Só se for isso, porque, do contrário, Sr. Ministro, ética é uma abstração, trata de valores. Se dissermos que tudo que foi feito, mesmo com a melhor das intenções, obedecendo a princípios éticos, então, Sr. Ministro, teríamos conceitos diferentes, e o diálogo seria inútil. Iríamos dialogar talvez por toda a eternidade sem chegarmos a um acordo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/1998 - Página 16311