O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Como Líder. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos a toda hora e a todo o instante, aqui neste plenário e no País inteiro, falando de uma grande crise que é a crise econômica. No entanto, todos têm se esquecido de uma crise regional seriíssima, que é a seca.  

O Correio da Paraíba, desse domingo, trouxe a seguinte manchete: "Reservatórios Secam e o Governo Vai Priorizar Água para Beber".  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, realmente a situação é dramática. Das 180 cidades da Paraíba que são abastecidas pela SAGEPA - Sistema de Água e Esgoto do Estado da Paraíba -, 93 entraram em colapso, foram tiradas do ar pela seca. Cidades como Campina Grande estão no racionamento e mesmo as cidades da Zona da Mata estão em dificuldades: Cariri, Urimataú, Brejo do Cruz, Sertão, e inúmeras outras. Dos 180 municípios paraibanos, 93 entraram em colapso; 31 estão em estado de alerta; 26 contam com o fornecimento de água intermitente; e 36 desativaram seus sistemas de abastecimento. Os carros-pipa, que foram colocados como alternativa, estão com três meses de atraso de pagamento pela Sudene. Algumas áreas que tinham irrigação foram proibidas de fazê-la, porque a água é prioritariamente para consumo humano. E esse quadro não é só na Paraíba, ele se repete numa parte de Pernambuco, em boa parte do Rio Grande do Norte, em uma boa parte do Ceará, Piauí, e vai por aí afora.  

Então, Sr. Presidente, ao vir hoje à tribuna, o meu objetivo é exatamente alertar que, amanhã, Campina Grande estará fazendo uma marcha contra a inépcia, contra o pouco caso que o Governo Federal tem tido em relação a esse fenômeno. Nós já podíamos ter dado pelo menos uma partida na transposição das águas do São Francisco. O que estamos vendo é que passa dia, semana, mês e ano e não temos soluções; estamos à mercê desse fenômeno.  

Agrava-se ainda mais a situação diante da falta de recursos. Em dezembro acabarão os recursos destinados à emergência. Um milhão de pessoas estão sobrevivendo graças a esta emergência - R$80/mês.  

Se as chuvas chegarem lá para fevereiro ou março, será um beneplácito para nós. Agora, mesmo que cheguem nessa data, nós só vamos ter colheita lá para maio ou junho, e o que vão fazer todas essas milhares, esse milhão de pessoas? Esse era o alerta que queríamos trazer à esta Casa e dizer que estamos solidários com todos os campinenses e moradores que têm o mesmo problema e que, amanhã, irão fazer essa marcha para protestar e solicitar que as autoridades tomem uma providência em relação a um seca que nos flagela. É um fenômeno cíclico, mas, lamentavelmente, verificamos que são poucos os recursos destinados a amenizar esta situação, além de termos uma outra crise a chamar a atenção da Nação - e a nossa crise passou a ser corriqueira, banal e como ninguém no restante do País está morrendo de sede, não está tendo que racionar água, não está tendo que trazê-la de 120 quilômetros de distância, água de má qualidade, em carro-pipa que não se paga há três meses - e com toda certeza o restante do País não está tendo solidariedade conosco. É a solidariedade que faz uma Nação. Nós estamos tendo essa dificuldade. Esqueceram a nossa crise, esqueceram a seca inclemente que esta flagelando todos os nordestinos.  

Sr. Presidente, peço que o meu discurso seja transcrito na íntegra, para que conste dos Anais.  

Muito obrigado.  

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR NEY SUASSUNA:  

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