Pronunciamento de Roberto Requião em 02/12/1998
Discurso no Senado Federal
SOLIDARIEDADE AO SENADOR ROBERTO FREIRE NA QUESTÃO DA HOMENAGEM AO POVO PALESTINO. REPUDIO AS AGRESSÕES ESTUDANTIS CONTRA A PRIMEIRA DAMA, DONA RUTH CARDOSO. CRITICAS A IMPRENSA SOBRE A PARCIALIDADE EXAGERADA CONTRA O MOVIMENTO DOS ESTUDANTES.
- Autor
- Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
- Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA EXTERNA.
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
- SOLIDARIEDADE AO SENADOR ROBERTO FREIRE NA QUESTÃO DA HOMENAGEM AO POVO PALESTINO. REPUDIO AS AGRESSÕES ESTUDANTIS CONTRA A PRIMEIRA DAMA, DONA RUTH CARDOSO. CRITICAS A IMPRENSA SOBRE A PARCIALIDADE EXAGERADA CONTRA O MOVIMENTO DOS ESTUDANTES.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/12/1998 - Página 17602
- Assunto
- Outros > POLITICA EXTERNA. MANIFESTAÇÃO COLETIVA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
- Indexação
-
- SOLIDARIEDADE, ROBERTO FREIRE, SENADOR, SOLICITAÇÃO, REALIZAÇÃO, HOMENAGEM, SENADO, POVO, PAIS ESTRANGEIRO, PALESTINA.
- REPUDIO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, ESTUDANTE, UNIVERSIDADE, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), AGRESSÃO, RUTH CARDOSO, ANTROPOLOGO.
- PROTESTO, DECLARAÇÃO, AUTORIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, TEMPO DE SERVIÇO, APOSENTADORIA, MULHER, BRASIL.
O SR. ROBERTO REQUIÃO
(PMDB-PR) - Sr. Presidente, pedi a palavra para tratar de mais uma homenagem. Quero, mais que fazer uma homenagem, solidarizar-me, como muitos Senadores fizeram ontem, com a esposa do Presidente da República, D. Ruth. No entanto, gostaria de colocar esta homenagem ou esta solidariedade nos devidos termos.
Hoje vi a imprensa massacrar o protesto dos jovens universitários. Não é por aí. Se Dona Ruth merece respeito, merece-o não pelo fato apenas de ser esposa do Presidente da República, mas por ser uma mulher que, por meio do Programa Comunidade Solidária, se preocupa e se dedica a resolver problemas brasileiros, ou que pelo menos tenta amenizá-los.
Para colocar essa crise nos devidos termos, quero fazer um protesto veemente contra os articulistas e mesmo contra alguns oradores do Senado, que "fascistizaram" a manifestação dos estudantes que protestaram. Quero lembrar o Ortega y Gasset lido na minha juventude: "Juventude que não é rebelde é servidão precoce". Outra observação, que não é minha mas não me recordo de quem seja neste momento: "A vaia é o aplauso da oposição".
O episódio de protesto na universidade, pelo que li nos jornais, hoje, não ultrapassou os limites de tantos outros episódios vividos por todos nós que freqüentamos universidades; não poderia, portanto, ter ensejado, na visão de pessoas equilibradas, a violência da retaliação, principalmente da retaliação feita pela imprensa. Esses estudantes não são fascistas; são estudantes revoltados e inconformados, que fizeram chegar o seu protesto a uma figura pública, membro do Governo.
Mas a homenagem que quero prestar a D. Ruth Cardoso é o protesto que quero deixar claro neste plenário em relação às declarações do Presidente da República, que atingem todas as Donas Ruths do Brasil - a Ruth sua esposa, a Ruth mulher do agricultor, a Ruth mulher do operário, a Ruth que trabalha. Quero fazer uma crítica ao que disse o Presidente da República quando se referiu à "aposentadoria precoce das mulheres no Brasil".
O neoliberalismo do Presidente da República está chegando aos níveis da irresponsabilidade. Será que se olvidou o Presidente da dupla jornada de trabalho de qualquer mulher, que trabalha fora e em sua casa? Será que S. Exª não consegue entender o trabalho pesado da lavagem do macacão do marido operário quando volta da oficina? Será que Sua Excelência não consegue entender a circunstância do parto e da amamentação?
E surge agora, com sua palavra fácil - e muitas vezes irresponsável -, com a idéia do aumento do período que possibilita a aposentadoria das Donas Ruths do Brasil.
Quero, de forma breve, sem tomar muito tempo do Plenário, deixar o meu protesto. É preciso que o Presidente refreie a língua. É preciso que respeite os brasileiros, não só os operários, mas as mulheres. É preciso que essa vertente neoliberal, esse liberalismo absurdo tenha um fim definitivo. Tenho medo de que, na próxima declaração, Sua Excelência proponha, ao lado do aumento de tempo do trabalho das mulheres, a possibilidade definitiva e ilegal do trabalho dos menores no País.
Não posso entender que o Presidente da República e o Congresso só se reúnam para tirar direitos dos operários e agora, com essa incontinência verbal do Presidente da República, passe a discutir, talvez, o fim da aposentadoria tardia das mulheres que trabalham, que têm filhos, que têm dupla jornada e que mereciam do Presidente da República do Brasil, no mínimo, respeito.
Obrigado, Sr. Presidente.
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