Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-DEPUTADO FEDERAL CARLOS DE BRITTO VELHO.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-DEPUTADO FEDERAL CARLOS DE BRITTO VELHO.
Publicação
Publicação no DSF de 04/12/1998 - Página 17758
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CARLOS DE BRITTO VELHO, EX-DEPUTADO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em 1967 éramos Deputados Federais na casa dos trinta - V. Ex.ª tinha acabado de deixar a nossa Câmara. Um dos remanescentes aqui se encontra, o hoje Senador Djalma Bessa.

Brito Velho devia ter na nossa frente uns 25 anos. Formávamos uma equipe em torno dele, sempre recebendo os seus conselhos. Quando o Ato Institucional n.º 5 cassou aquela turma de companheiros que, em derredor dele, sempre o ouvia em silêncio, ele aguardou, como disse há pouco o Senador Pedro Simon, uma temporada, justificando que, como o seu mandato não tinha sido cassado a exemplo dos seus demais amigos, renunciava a continuar desempenhando aquela outorga que o povo do Rio Grande do Sul lhe havia concedido.

Mandou-me uma carta que foi a primeira de uma longa série. Latinista, suas citações eram um primor. Suas conversas e suas cartas sempre começavam com uma citação latina em homenagem a Jesus Cristo. Dominava a língua de Racine porque tinha ido à França fazer pós-graduação como médico psiquiatra.

É uma pena que somente hoje eu tome conhecimento, pelo requerimento do Senador Pedro Simon, de que Carlos de Brito Velho faleceu. Há certos tipos de homens que ainda que seus inimigos não o queiram hão de tê-lo como modelo. Ficou-nos o exemplo da dignidade e da honradez pessoal de Brito Velho. Célebres são suas cartas aos Presidentes da República, nas quais sempre fazia uma análise crítica e apontava caminhos e soluções. Tudo isso faz com que, nesta hora, de forma bastante triste, eu me veja compelido pela saudade a aderir ao requerimento do Senador Pedro Simon.

É uma pena que nem todas suas cartas possam constar de uma antologia, pois em algumas, de ordem pessoal, ele fazia confidências acerca de sua vida pública e de seus desencantos. Tanto o Senador Pedro Simon, como eu e tantos outros amigos fomos contemplados com as cartas que ele tinha alegria de enviar. É uma pena que ele tenha partido sem deixar uma obra pessoal da sua experiência vivida na Câmara Federal junto com seus companheiros.

De qualquer sorte, nesta hora, V. Exª, que o conheceu e que preside a Casa, faz com que a dor seja menor, porque alguém se lembra de registrar que, sem dúvida nenhuma, ele foi um cavalheiro que poderia usar a divisa de Bayard: “Sans peur et sans reproche”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/12/1998 - Página 17758