Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ARTISTA PLASTICO VASCO PRADO.

Autor
José Fogaça (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: José Alberto Fogaça de Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ARTISTA PLASTICO VASCO PRADO.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/1998 - Página 18614
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, VASCO PRADO, DESENHISTA, ESCULTOR, GRAVADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

O SR. JOSÉ FOGAÇA (PMDB-RS. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, creio que, em muito boa hora, o Senador Pedro Simon teve a iniciativa, que corroboramos e assinamos, de homenagear Vasco Prado.

Nós o fazemos por ocasião de sua morte, mas Vasco Prado foi sempre homenageado em vida pelos gaúchos. A sua obra talvez seja a mais rica, a mais numerosa, a mais realista de toda a história das artes plásticas no Rio Grande do Sul. Como disse o Senador Pedro Simon, trata-se de uma figura sagrada para as nossas tradições e para a cultura regional.

Vasco Prado ultrapassou as fronteiras do Rio Grande do Sul e do Brasil. Seu nome foi levado para todos os continentes graças à genialidade do seu trabalho, à sua prolixidade criativa, ao seu talento extraordinário e à sua enorme sensibilidade para entender a sua relação com o mundo.

Vasco Prado nunca saiu do Rio Grande do Sul. Morre com mais de 80 anos, mas sempre viveu no seu Estado. Ele tinha uma frase interessante para explicar por que ele e Mário Quintana nunca deixaram de morar em Porto Alegre. Ele dizia: “Acho muito provinciano ir morar no Rio de Janeiro”.

Ele, além de ter sido um homem dedicado à vida, à atividade e à promoção da arte no Rio Grande do Sul, também foi um mestre, foi um professor de arte, foi alguém que se dedicou às crianças, ao ensino das artes, em atividades públicas, durante a sua juventude. Essa marca do Vasco Prado como mestre, como professor, como alguém que ensina, como alguém que transmite, como alguém que passa a sua experiência, a sua habilidade, também marca muito a sua imagem perante todos os gaúchos.

Vasco Prado tinha uma forma de trabalho muito peculiar. Apesar de ser um homem de esquerda, vinculado política e organicamente aos partidos de esquerda, ele era um tanto quanto conservador na sua obra, era um realista figurativo. De 1960 para cá, ele deixou um acervo, deixou um patrimônio que talvez não tenha paralelo em toda a obra, em toda a história das artes plásticas neste século no Rio Grande do Sul. Ele é o nosso grande, o nosso maior escultor.

Em homenagem a ele, portanto, fazemos o registro da sua morte, mas fazemos também o elogio da sua vida e, sobretudo, a exaltação do que ele construiu e deixou para os pósteros. Quem for ao Rio Grande do Sul, quem visitar Porto Alegre não deve de forma nenhuma tirar do seu itinerário, eliminar de suas visitas o Museu de Artes do Rio Grande do Sul, o Margs. Ali está, talvez, o mais pedagógico, o mais didático meio de conhecer a obra de Vasco Prado.

Vasco Prado representa para nós, gaúchos, também algo que é muito caro à nossa tradição: ele era um homem fascinado pelas mulheres, tinha um enorme fascínio pelas mulheres e as mulheres tinham um grande fascínio por ele. Neste ponto, a sua biografia talvez seja muito semelhante à de outro grande nome deste século, que foi Pablo Picasso. A história desse fascínio das mulheres por Vasco Prado, essa mística que ele exercia sobre as mulheres só tem explicação na sua genialidade, na sua grandeza, na plenitude do seu gênio e da sua capacidade de criar.

O registro que fazemos, portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é muito mais do que simplesmente a homenagem a um grande homem público, a homenagem a um grande gaúcho: é, sobretudo, a homenagem a um grande artista deste século em todo o mundo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/1998 - Página 18614