Discurso no Senado Federal

CONCORDANCIA COM ARTIGO DO SENADOR ELEITO POR GOIAS, MAGUITO VILELA, PUBLICADO NO JORNAL O POPULAR, SOBRE A FUTURA ADMINISTRAÇÃO DAQUELE ESTADO.

Autor
José Saad (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: José Saad
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE GOIAS (GO), GOVERNO ESTADUAL.:
  • CONCORDANCIA COM ARTIGO DO SENADOR ELEITO POR GOIAS, MAGUITO VILELA, PUBLICADO NO JORNAL O POPULAR, SOBRE A FUTURA ADMINISTRAÇÃO DAQUELE ESTADO.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/1998 - Página 19009
Assunto
Outros > ESTADO DE GOIAS (GO), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • APOIO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, MAGUITO VILELA, EX GOVERNADOR, ESTADO DE GOIAS (GO), PUBLICAÇÃO, JORNAL, O POPULAR, REFERENCIA, FUTURO, ADMINISTRAÇÃO, REGIÃO.

           O SR. JOSÉ SAAD (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos em fim de ano, tempo de balanço e meditação, balanço nas empresas e balanço nas consciências, planos e projetos neste luminar de ano novo, nós da classe política, mais do que quaisquer outros setores temos responsabilidades e obrigação de prestar contas, de suscitar questionamentos, de dar respostas às indagações nos tropeços e nas decisões tomadas neste ano de tremendos desafios políticos e administrativos.

           Existem, no rescaldo da campanha eleitoral, profundas indagações e questionamentos, senão uma lição exemplar sobre os vícios e virtudes que marcaram a condução do processo eleitoral, sobre os acertos e desacertos ocorridos durante o ano.

           Cabe ao Senador a participação e o debate sobre todos os assuntos de interesse nacional e muitas vezes somos obrigados a debater, discutir e tomar posições no contexto regional e nós, principalmente do Estado de Goiás que cerca o Distrito Federal por todos os lados, em que sempre a administração de um reflete no outro.

           Por isso, neste momento, há indagações a respeito da futura administração do Estado de Goiás porque ela também reflete de maneira direta e indireta no contexto da Capital Federal.

           Assim faço minhas as referências há poucos dias publicadas no jornal O Popular pelo eminente Senador Eleito Maguito Vilela, Ex-Vereador, Ex-Deputado Estadual, Ex- Deputado Federal, Ex-Vice-Governador, Ex-Governador e Senador Eleito mais votado da história do Estado de Goiás.

           Sr. Presidente, de repente é como se existissem dois Goiás. Um, antigo, extremamente decadente. Outro, novíssimo, promissor. Um, eivado de vícios. Outro, símbolo da mais absoluta transparência. Aquele, cercado de pessoas incapazes e trambiqueiras. Este, moldado à luz da inteligência de um grupo salvador. Chegasse alguém aqui, desconhecendo nossa gente e nossa história, teria exatamente essa imagem de Goiás ao ler as páginas dos jornais por esses dias.

           Nos últimos anos, andei muito estreitamente com a esperança e as conquistas dos goianos. Tivemos vitórias sem conta. Conseguimos furar a barreira da industrialização, trazendo para cá os grandes grupos nacionais e internacionais. Estivemos representados no centro das decisões, ocupando ministérios e altos postos federais. Eliminamos a praga da aftosa, que barra exportações em quase todo o país. Cerramos nossas fronteiras a epidemias como a cólera, que assolou a nação quase inteira. Montamos um sistema educacional que encanta o país e, em alguns casos, é modelo internacional no Mercosul, Unicef e OEA. Agora mesmo o MEC divulgou novo estudo sobre a qualidade de ensino e Goiás apareceu como o quinto melhor. Éramos o vigésimo primeiro, saltamos para o sétimo, sexto e agora quinto.

           De 2,5 mil quilômetros de alfalto, saltamos para mais de 10 mil. Eletrificamos 100% dos municípios e praticamente toda a zona rural. Implantamos um sólido programa compensatório de renda e de combate à fome. Estamos entre as 10 melhores infra-estruturas do País. Produzimos 10% da safra nacional de grãos, temos o terceiro maior rebanho bovino e a segunda maior bacia leiteira. Estamos entre os cinco maiores produtores minerais e entre os cinco estados mais seguro, além de sermos o quarto maior gerador de empregos.

           Que estado então enxergam hoje os que vão assumir em janeiro? Goiás não é ainda um paraíso, mais já se tomou um ótimo lugar para se viver. A violência explode em estados de ponta, como Rio e São Paulo. E em outros não tão de ponta assim, como Minas e o Distrito Federal. Não em Goiás. Os bolsões de miséria hoje se encontram em outros estados, como Minas e Rio Grande do Sul. Não em Goiás. Epidemias assolam regiões inteiras. Não em Goiás. As indústrias fogem de estados fortes como São Paulo e Paraná. Não de Goiás. Que Goiás então eles estão enxergando aqui?

           Há mais! Estamos cheios de problemas, dirão. Claro que estamos! São muitos. Inúmeros. Os desafios são pesadíssimos. Temos distorções graves, enfrentamos uma forte crise mundial, convivemos ainda com o déficit habitacional, o funcionalismo recebe pouco. Ninguém nega isso. São problemas estruturais de um País em desenvolvimento. Em recente artigo, o nobre Deputado Federal Vilmar Rocha analisa: "Goiás antes produzia energia ( ... ) e agora compra o bem econômico de uma empresa estrangeira que remete os resultados a seu país de origem. Como é bastante limitada a capacidade de investimento do governo e é quase nula a capacidade de endividamento, é de esperar um quadro de estrema dificuldade para o governo que administrará Goiás nos próximos quatro anos".

           Se atentarmos bem, Vilmar está descrevendo o próprio País. Ele apenas peca na história de endividamento, já que o FMI está aí ajudando e a dupla BID/BIRD já está destinando US$ 250 milhões para Marconi Administrar. Peca também ao não dizer que a transferência da usina de Cachoeira Dourada para a iniciativa privada não representou prejuízo algum para o povo.

           Goiás sofre, é verdade, dos mesmos males do Brasil. A situação é dificil, mas não se pode desconhecer o quanto Goiás cresceu e conquistou nos últimos anos. Nem permitir que pintem um Estado de terra arrasada. O futuro Governo vai encontrar, sim, o Estado em boas condições de governabilidade. A folha comprometendo 67% da receita (há quatro anos comprometia 83%), o pagamento das dívidas consumindo 15% da arrecadação (Há quatro anos comprometia 21%) a folha de pessoal em dia, inclusive o 13º.

           Ruim, extremamente lamentável, é o próximo governo já denegrir e achincalhar sistematicamente a atual administração, antes mesmo de entender o que é o Estado. Preparem-se, senhores: Os 400 mil empregos prometidos para os quatro primeiros meses (!!!) não vão sair por causa do PMDB; as 235 mil casas (!!!) não vão ser levantadas por causa do PMDB; e, de promessa em promessa, parece, sempre haverá na ponta da língua uma acusação e uma desculpa para o tempo novo que estão para divulgar. É estranho, mais parecem crianças assustadas com a tarefa que está por chegar. Deixam transparecer um indisfarçado medo de tudo dar errado. E pelo jeito, a coisa vai ser mesmo difícil. Afinal, um geólogo vai administrar estradas e asfalto, uma engenheiro mecânico vai cuidar da extensão rural, um advogado vai cuidar do subsolo e energia. Um usineiro se encarregará de cobrar impostos. Um moço saído do bolso do colete, vai tocar a industrialização. Mas tudo pode até ser aceitável, se houver esforço e dedicação à causa do povo. Não estamos fazendo pré-julgamento, mas o alerta é importante. Até porque a maioria desses nomes já compuseram governo em outras épocas e não deixaram saudades. É a velha cara do "tempo novo", que tanto falamos na campanha.

           O que não se aceita é o palavrório fácil, cotidiano e tedioso de buscar razões para um caos que não existe. O que não se aceita é ver tanta realização jogada no chão como se tudo não passasse de um punhado de mentiras. Não se aceita é o desrespeito injurioso de denegrir a moral e o trabalho de quem serviu o povo. E, pasmem, senhores: o fim da picada é ver o futuro Secretário de Transportes acusar os atuais dirigentes do CRISA de estarem se preparando para sucatear e furtar máquinas neste final de ano. Onde estamos? Vejamos aí um exemplo clássico do estilo que assume Goiás em janeiro: pressupor e já acusar logo, não importam as conseqüências, como se os atuais comandantes do Estado fossem um bando de moleques irresponsáveis e desonestos.

           Esquecem-se de que o povo me deu 1 milhão 260 mil votos deu a Iris 1 milhão e 15 mil. Temos os três Senadores, 11 dos 17 Deputados Federais 23 dos 41 Deputados Estaduais a maioria esmagadora de Prefeitos e Vereadores. Somos representantes de uma imensa e por demais significativa parcela da população. E não somos "o governo passado". Temos nome, família, endereço. Temos história, coração, temos tempo. Temos tarefa executada. Temos olhos, mandatos, lealdade. Temos leis também instrumentos jurídicos preciosos. E honra a selar. O desrespeito injurioso precisa ser de imediato varrido de Goiás Ou seja, tal tempo novo nunca será novo. Nem tempo será!.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/1998 - Página 19009