Discurso no Senado Federal

DIVULGAÇÃO DO RESULTADO DO CONCURSO NACIONAL DE MONOGRAFIAS SOBRE O TEMA 'CINQUENTENARIO DA PROCLAMAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL'.

Autor
Emília Fernandes (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RS)
Nome completo: Emília Therezinha Xavier Fernandes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • DIVULGAÇÃO DO RESULTADO DO CONCURSO NACIONAL DE MONOGRAFIAS SOBRE O TEMA 'CINQUENTENARIO DA PROCLAMAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL'.
Publicação
Publicação no DSF de 16/01/1999 - Página 1617
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTO, DECLARAÇÃO, ESTABELECIMENTO, ESTADO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, RELAÇÃO, NOME, PESSOAS, RECEBIMENTO, PREMIO, CONCURSO, AMBITO NACIONAL, ESTUDO TECNICO, CINQUENTENARIO, PROCLAMAÇÃO.

A SRª EMILIA FERNANDES (Bloco/PDT-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, retorno a esta tribuna para comunicar o resultado do concurso nacional de monografias sobre o tema "Cinqüentenário da Proclamação do Estado de Israel", dirigido a estudantes de ensino médio de todo o Brasil.  

O referido concurso teve seu lançamento oficial em 2 de julho do ano passado, no Espaço Cultural da Câmara dos Deputados, visando possibilitar aos jovens alunos do ensino médio, por meio de seus trabalhos e pesquisas, tomar conhecimento do papel histórico, religioso, cultural e social do povo e do Estado de Israel no cenário mundial, bem como suas conquistas e experiências acumuladas em milhares de anos, levando-as a uma reflexão mais profunda sobre eles.  

A proclamação do resultado final do concurso ocorreu no dia 7 do corrente mês, no gabinete da Presidência do Congresso Nacional, com a participação do Presidente do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães. A referida solenidade contou também com as ilustres presenças do Senador Bernardo Cabral, Presidente do Grupo Parlamentar Brasil/Israel, desta Senadora, do Presidente de Honra da Comissão Nacional do Concurso e da Senadora Eva Blay, Presidente da Comissão Julgadora Nacional, nessa oportunidade, também representando a Conib. Esteve presente também o Sr. Pedro Laurindo da Silva, Presidente do Movimento Cristão do Brasil (MCB), agente promotor da iniciativa. Teve, ainda, as significativas presenças do Adido Cultural da Embaixada de Israel, Dr. Gilad Cohen, representando o Sr. Embaixador Yaacov Keinan, e do Professor Oswaldir Geraldo Denadai, representando a Fundação Oswaldo Aranha, e a família do digno Embaixador Oswaldo Aranha. Também estiveram presentes representantes do Ministério da Educação e Desportos, do Conselho de Pastores, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, da Câmara dos Deputados, da Empresa de Correios e Telégrafos - na pessoa de seu presidente, Renzo Dino Sergente -, ao lado da imprensa e de membros da Comissão Julgadora Nacional (CJN).  

A feliz e oportuna iniciativa foi do Movimento Cristão do Brasil - MCB, como agente promotor, apoiado pelo Grupo Parlamentar Brasil-Israel, do qual fazem parte os nobres senadores Hugo Napoleão, Pedro Piva, Bernardo Cabral - presidente do Grupo - e eu, que ocupo a Diretoria Cultural. Estiveram também apoiando a promoção a Confederação Israelita do Brasil (Conib), a Câmara dos Deputados, a Empresa Atlântica RJ Viagens e Turismo, que tradicionalmente organiza grupos turísticos no Brasil para visita à Terra Santa; e a Universidade Bandeirante de São Paulo - Uniban, que emprestou seu espaço físico e sua infra-estrutura, a fim de que se pudesse desenvolver com maior eficiência os trabalhos. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos também teve um papel decisivo, porque distribuiu e divulgou em suas agências, gratuitamente, milhares de cartazes e folhetos do referido evento em todo o País.  

Conforme o regulamento do concurso, foram instaladas, em diversos Estados da Federação, as comissões julgadoras locais que, sob a coordenação das Secretarias de Educação e com a participação de representantes da Conib, da CNBB, do Conselho de Pastores e do Movimento Cristão do Brasil, foram responsáveis pelo julgamento e seleção dos cinco melhores trabalhos apresentados, que foram encaminhados a Brasília, onde a comissão nacional julgadora escolheu os três finalistas, obedecendo aos seguintes critérios de avaliação: originalidade, qualidade de linguagem, concisão do texto, qualidade do conteúdo. Esses critérios foram estabelecidos pelo Regulamento do Concurso Nacional, publicado e tornado de domínio público para os interessados.  

Para tornar público o concurso, foram confeccionados e distribuídos, aproximadamente, 22 mil cartazes e 29 mil folhetos em todo o território nacional. Ele foi divulgado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, utilizando-se os seus meios de comunicação: rádio, jornal e televisão, a quem nós queremos, também, prestar os nossos agradecimentos. Outros veículos de comunicação, além desses do Congresso Nacional, foram utilizados para a divulgação, e é importante, também, registrarmos esse trabalho em sinal de gratidão e reconhecimento pelo trabalho: a Folha Universal, que teve uma tiragem de mais de um milhão de exemplares no mês de setembro e 1,2 milhão no mês de novembro; O Povo , do Ceará; o Diário do Nordeste; a Rádio e TV Rede Vida ; a TV Manchete ; o jornal da Rede MEC ; a Rádio FM 99,1 , no Ceará e, inclusive, o programa Voz do Brasil , onde esse concurso foi também divulgado. Além disso, os pronunciamentos dos Srs. Parlamentares, nas sessões plenárias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, contribuíram sobremaneira para a divulgação do referido empreendimento.  

Srªs Senadoras e Srs. Senadores, em 29 de novembro de 1947, centenas de milhares de judeus em todo o mundo, com os ouvidos colados ao rádio, escutavam atentamente a transmissão da votação da Resolução 181, na Assembléia Geral das Nações Unidas, comandada pelo Dr. Oswaldo Aranha, Embaixador do Brasil. Poderia um sonho de dois mil anos, a oração sempre presente nos lábios de tantas gerações, tornar-se realidade? Pois em 14 de maio de 1948, de acordo com essa Resolução, o líder David Bem-Gurion proclamou o estabelecimento do Estado de Israel na antiga pátria judaica.  

Israel é, a um só tempo, um país velho e jovem: nele nasceu o povo judeu, há cinco mil anos. Assim se expressa a Declaração do Estabelecimento do Estado de Israel: "Aqui tomou forma a identidade espiritual, religiosa e política do povo judeu. Foi aqui que, pela primeira vez, os judeus se constituíram em Estado, criaram valores culturais de significação nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros." Apesar de ficarem durante dois milênios no exílio, os judeus sempre mantiveram presença em sua terra, jamais a esquecendo ou desatando os laços que os ligavam a ela.  

Hoje, como nos tempos antigos, Israel é um país onde, geográfica e culturalmente, o Oriente se encontra com o Ocidente e o passado toca o presente, criando um país vibrante e dinâmico. A "reunião dos exilados", que trouxe a Israel judeus dos quatro cantos do mundo, evidencia-se no mosaico de sua população - quase seis milhões de pessoas de uma miríade de origens étnicas, religiosas, culturais e sociais. Israel é, na verdade, uma sociedade nova, ainda em evolução, cujas raízes se aprofundam no passado.  

Os primeiros cinqüenta anos de existência de Israel foram marcados conjuntamente pela guerra e pela incessante busca de paz. Eles testemunharam ondas de imigração maciça de mais de setenta países diferentes, integração social e diversificação religiosa, progresso científico e tecnológico, pluralismo cultural, crescimento e desenvolvimento econômico, modernização industrial, o renascimento de seu Idioma e os vários objetivos e desafios de uma democracia moderna.  

O Estado de Israel celebrou em 1998 o jubileu de sua independência. Durante os últimos 50 anos, apesar de todas as dificuldades internas e externas, o povo judeu construiu um país extraordinário. Israel tem uma próspera economia, um nível tecnológico dos mais avançados, caminha na direção de ampla pesquisa científica, com uma agricultura altamente desenvolvida e uma riquíssima vida cultural. Ao mesmo tempo, é um país muito bem sucedido diante do desafio do sionismo, absorvendo imigrantes provenientes de todo o mundo.  

Ao atingir a independência, Israel tinha uma população de 600 mil habitantes. Desde então, esse número decuplicou, tendo atingido quase seis milhões, entre eles, mais de um milhão de cidadãos árabes que gozam de plena cidadania. É uma sociedade muito diversificada, mas, apesar de todos os contrastes, todos compartilham da lealdade para com o Estado.  

Durante os séculos, o povo judeu experimentou um dos mais terríveis eventos de sua história: o holocausto na Europa. Por outro lado, alcançou uma de suas mais brilhantes conquistas: a criação de seu lar nacional, tornando Israel o centro do mundo judaico e fazendo reviver a língua hebraica, que não fora esquecida durante dois milênios de exílio.  

Israel tem ainda problemas, mas o país está na trilha correta, a trilha da paz. Creio que dentro de poucos anos, terão conseguido uma paz global no Oriente Médio.  

Hoje em dia, Israel usufrui de fronteiras tranqüilas e relações de paz com o Egito e a Jordânia e tem a esperança de chegar a um arranjo pacífico com os palestinos. Em sua Declaração de Independência, o Estado de Israel declara que estende as suas "mãos a todos os Estados vizinhos e a seus povos, numa oferta de paz e boa vizinhança, e apela a eles no sentido de estabelecerem liames de cooperação e ajuda mútua com o povo judeu soberano, estabelecido em sua própria terra; e que o Estado de Israel está pronto a dar sua parte no esforço comum pelo progresso de todo Oriente Médio". Este apelo, evidentemente, é válido até hoje. Espero que se possam renovar as negociações de paz com a Síria e o Líbano e, ao mesmo tempo, estabelecer relações diplomáticas com todos os países que ainda não as mantêm.  

Quando, em retrospectiva, contemplo essas conquistas deste último século, sinto-me cheia de esperança e confiança a respeito do que Israel poderá alcançar nos próximos 50 anos.  

Mas é importante, Sr. Senadores, relembrar o dia 29 de novembro de 1947, quando o Embaixador Oswaldo Aranha, meu ilustre conterrâneo - político, homem destacado na política brasileira e na política gaúcha, de onde é oriundo -, ocupando na oportunidade a Presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovou a estabelecimento do Estado de IsraeI, por meio da votação da Resolução nº 181, da Assembléia Geral das Nações Unidas.  

Naquela hora tão fundamental para o povo de Israel, cuja existência no passado foi marcada pela busca incessante da paz, o brilhante estadista brasileiro, em mais um dos seus momentos de grande lucidez, interrompeu os memoráveis trabalhos da Assembléia por dois dias, e, após intensa ação diplomática coordenada por ele, a ONU aprovou a Resolução nº 181, por 33 votos a favor e 13 contra.

 

Torna-se relevante destacar a participação decisiva do Embaixador, que inclusive impediu, com o auxílio de documentos e correspondências trocadas com o Ministro das Relações Exteriores da época, que a posição brasileira fosse de neutralidade.  

De lá para cá, a situação política regional mudou muito, como todos sabemos. Não há como fazer agora um retrospecto desses 50 anos, nem há necessidade; mas é preciso lembrar que, nos dias de hoje, a palavra de ordem da política regional é a negociação.  

Sabemos que há dificuldades, mas israelenses e palestinos vêm cada vez mais se unindo em torno do ideal comum da convivência pacífica. Infelizmente, sabemos que há sempre os grupos extremistas, aqueles que não entendem a profundidade do momento atual e a necessidade de acordos justos e duradouros. Mas a verdade é que o sentimento majoritário é de que só por meio da negociação é que será atingida a paz, tão necessária à sobrevivência de ambas as partes.  

Neste momento, portanto, externo mais uma vez a minha admiração pelo Estado de Israel e seu povo, com o sentimento e os votos de que chegue o mais breve possível à paz tão almejada.  

Chamo a atenção, Sr. Presidente, para o concurso que realizamos no Brasil. Significa um grão mínimo de colaboração em todo esse processo, pois sabemos que "Quando o homem se dispõe, Deus opera e há a União entre os Povos". Ele certamente está servindo de motivo para que jovens do Brasil inteiro conheçam um pouco mais a realidade de Israel de ontem e de hoje.  

Quero que fiquem registrados nos nossos Anais o andamento e o resultado desse concurso. Os três primeiros colocados e seus acompanhantes terão oportunidade de conhecer aquele país de perto, por dez dias. Na volta, certamente eles vão transmitir a sua experiência aos seus colegas, o que, sem dúvida, resultará num benéfico efeito multiplicador.  

Os três vencedores do concurso foram mulheres, o que significa muito para nós. A vencedora do concurso foi uma estudante gaúcha, Adriana Schujmann, do Colégio Israelita, de Porto Alegre, com a monografia "A Concretização de um Sonho: Israel". Mediante esse trabalho, a autora resgata com qualidade técnica e riqueza de informações a história da fundação do Estado de Israel e a luta de seu povo pela afirmação de um país moderno, economia estável e serviços públicos de qualidade. O segundo e o terceiro lugares, também conquistados por mulheres, ficaram, respectivamente, com as estudantes Márcia Cristina Leite Rosa Ferreira, do Colégio Estadual Rui Barbosa, do Rio de Janeiro; e Débora Correia Teixeira de Lima, do Centro Educacional Rural Francisco Medeiros, de Garanhuns, em Pernambuco. Também exemplares trabalhos produzidos por jovens interessados e conhecedores da história do Estado de Israel.  

Queremos ainda registrar que as três primeiras colocadas receberão seus prêmios em solenidade no próximo dia 17 de março, no Salão Negro do Congresso Nacional, às 18h30min, com a presença de parlamentares e de várias autoridades. Desde já, convidamos todos os Srs. Senadores. Também ficou programada a partida da Delegação Oswaldo Aranha, assim intitulada, que acompanhará as vencedoras do concurso do Brasil para Israel, no dia 30 de março do corrente ano, a fim de serem recebidos pelas autoridades daquele país amigo. É importante dizer que, além dessa viagem de dez dias à Terra Santa - Jerusalém, no período da páscoa, um período importante, com passagem, hospedagem e direito a acompanhante -, haverá o prêmio de R$3.000 para a primeira colocada; de R$2.000 para a segunda e de R$1.000 para a terceira.  

Os trabalhos premiados foram escolhidos dentre um total de 400 monografias, apresentadas e selecionadas em todo o Brasil.  

Registro também a relevância da audiência que tivemos, ontem, com o Sr. Embaixador do Estado de Israel, Dr. Israel Yaacov Keinan, representante do Grupo Parlamentar Brasil-Israel. O Senador Bernardo Cabral, por designação, presidiu o Movimento Cristão do Brasil. Levamos os nomes dos jovens vencedores do concurso a S. Exªs. Aproveitamos a oportunidade para convidar o Embaixador para comparecer à solenidade de entrega das premiações, no dia 17 de março de 1999. O Embaixador, em resposta, ressaltou a importância da iniciativa da entidade promotora, por intermédio de seu presidente evangelista Pedro Laurindo da Silva, como também das instituições que apoiaram o evento. S. Exª enfatizou o empenho do Senado Federal, em especial do Presidente Antonio Carlos Magalhães; do Presidente do Grupo Parlamentar, Senador Bernardo Cabral; do Presidente da Câmara e do Presidente da Confederação Israelita do Brasil.  

Resta apenas, Sr. Presidente, cumprimentar e agradecer, como Diretora Cultural do Grupo Parlamentar Brasil-Israel, todos os envolvidos no concurso, principalmente o Movimento Cristão no Brasil, como agente promotor, por esse trabalho magnífico em favor da melhor compreensão e conhecimento de nossos países e de nossos povos.  

Eu gostaria também de registrar, Sr. Presidente, juntamente com o meu pronunciamento, a relação que segue em anexo de todos aqueles que, de uma forma significativa, contribuíram para a realização desse evento cultural e de integração.  

Solicito também que sejam transcritos nos Anais desta Casa a Declaração do Estabelecimento do Estado de Israel, bem como os três trabalhos vencedores do Concurso Nacional de Monografia, sob o tema Cinqüentenário da Proclamação do Estado de Israel.  

Era o registro que eu queria fazer, na certeza de que a participação e o envolvimento de todos contribuíram, de forma significativa, para que estudantes brasileiros, por intermédio de consultas, de pesquisas, de palestras e de todo o material que tiveram à sua disposição, aprofundassem seus conhecimentos, o que consideramos altamente significativo.  

Muito obrigada.  

 

Àä


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/01/1999 - Página 1617