Discurso no Senado Federal

BALANÇO DE SUA ATUAÇÃO POLITICA NO SENADO FEDERAL.

Autor
Junia Marise (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MG)
Nome completo: Júnia Marise Azeredo Coutinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • BALANÇO DE SUA ATUAÇÃO POLITICA NO SENADO FEDERAL.
Aparteantes
Ademir Andrade, Antonio Carlos Magalhães, Antonio Carlos Valadares, Arlindo Porto, Artur da Tavola, Bernardo Cabral, Carlos Patrocínio, Carlos Wilson, Casildo Maldaner, Djalma Bessa, Edison Lobão, Emília Fernandes, Francelino Pereira, Guilherme Palmeira, Hugo Napoleão, Iris Rezende, Jader Barbalho, Jonice Tristão, Josaphat Marinho, José Eduardo Dutra, José Fogaça, Júlio Campos, Lauro Campos, Lúcio Alcântara, Lúdio Coelho, Marina Silva, Marluce Pinto, Nabor Júnior, Pedro Piva, Pedro Simon, Ramez Tebet, Roberto Requião, Sebastião Bala Rocha, Sérgio Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 28/01/1999 - Página 2247
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • DESPEDIDA, MANDATO PARLAMENTAR, ORADOR, REGISTRO, INICIO, ELEIÇÃO DIRETA, MULHER, SENADO.
  • ANALISE, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, DEFESA, INTERESSE, POVO, ESPECIFICAÇÃO, INCLUSÃO, VALE DO JEQUITINHONHA, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), OPOSIÇÃO, PRIVATIZAÇÃO, USINAS SIDERURGICAS DE MINAS GERAIS S/A (USIMINAS), COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
  • CRITICA, FALTA, JUSTIÇA SOCIAL, BRASIL, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO, ECONOMIA, RESPONSABILIDADE, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO.
  • IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, SENADO, CONGRESSO NACIONAL, COMBATE, CRISE, ECONOMIA.
  • AGRADECIMENTO, APOIO, SENADOR, SERVIDOR, SENADO.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há oito anos aqui cheguei como a primeira mulher a eleger-se pelo voto direto para esta Casa do Congresso Nacional. Em meu primeiro pronunciamento, dizia que, se minha chegada ao Senado apenas representasse a evolução dos costumes, com a ampliação da participação política da mulher, já haveria motivos suficientes para meu júbilo de cidadã. Mas a minha eleição representou mais do que isso. Significou o coroamento de uma trajetória de luta, iniciada num bairro pobre de Belo Horizonte e que inclui eleições sempre pelo voto direto para vereadora da capital mineira, deputada estadual, deputada federal e vice-governadora do meu Estado. Antes de ter sido a primeira Senadora de Minas fui também a primeira vice-governadora eleita e sou a primeira mulher a ter ocupado o cargo de governadora em exercício de Minas.

Hoje, ao fechar mais esse ciclo da minha trajetória de luta, que não se encerra aqui, olho para esses oito anos e vejo que houve avanços que nos orgulham muito mas que, infelizmente, a situação do País nos campos social, econômico e político, matéria-prima da nossa ação, não evoluiu como gostaríamos.

É com satisfação, por exemplo, que deixo esta Casa percebendo que os costumes continuam evoluindo e que hoje o espaço ocupado pelas mulheres é maior do que aquela representação de oito anos atrás, quando apenas a Senadora Marluce Pinto e eu representávamos as mulheres brasileiras nesta Câmara Alta.

Tive a honra e o privilégio de fazer o juramento de posse em nome dos Colegas Senadores empossados.

É com satisfação, também, que constato que a ação parlamentar pode ser eficaz quando inspirada pelos interesses do povo e quando desempenhada com obstinação, perseverança e seriedade. É fruto da nossa ação parlamentar, por exemplo, a criação das condições institucionais que permitirão finalmente o início do resgate da miséria no Vale do Jequitinhonha, de Minas Gerais, a partir de sua inclusão na área de abrangência da Sudene.

É com satisfação, ainda, que percebo que a ação parlamentar, mesmo quando derrotada em objetivos específicos, pode ser instrumento eficiente de mobilização e de conscientização popular. Foi assim, por exemplo, nas lutas que aqui empreendemos em defesa do patrimônio da Usiminas, da Companhia Vale do Rio Doce e da Petrobrás.

Nos dois primeiros casos, não conseguimos impedir a alienação do patrimônio público, mas contribuímos para que a população brasileira e os meus conterrâneos, em particular, acompanhassem atentamente todo o processo. O que certamente impediu que atentados maiores fossem praticados contra o bem público.

No caso da Petrobrás, conseguimos até mesmo arrancar do atual Governo, em agosto de 1995, documento em que ele se comprometeu a não privatizar a empresa.

Não é minha intenção, Sr. Presidente, transformar este meu pronunciamento em um balanço do meu mandato, que os nobres Colegas, a imprensa e toda a população poderão conhecer nesta singela publicação, que coloco à disposição de todos e que, neste momento, encaminho formalmente à Presidência desta Casa.

Se cito alguns momentos de nosso trabalho, é apenas com o sentido de registrar minha continuada crença na ação parlamentar, na instituição do Poder Legislativo e, também, para introduzir a outra parte deste pronunciamento, em que abordarei a decepção por perceber que a situação da população brasileira é hoje tão ruim ou pior do que a de oito anos atrás.

Para comprovar isso, poderia simplesmente repetir alguns trechos do meu pronunciamento de estréia nesta Casa. Os nobres colegas poderiam, assim, comprovar sua infeliz e indesejada atualidade.

Criticava eu naquela oportunidade, por exemplo, a subserviência brasileira ao caráter exclusivo e excessivamente financeiro da chamada globalização, então embrionária, e defendia a idéia de que “a soberania se conquista e se mantém com a diplomacia, o desenvolvimento econômico e a educação do nosso povo”. O Brasil, ao contrário, já optava, naquele momento - e continuava optando agora - , por um caminho diferente, em que a estabilidade financeira se sobrepõe aos interesses da população, dos cidadãos e dos trabalhadores.

As estatísticas valem mais que a vida, na visão dos economistas que dominavam - e continuam dominando - a cena nacional. Vou abrir novamente aspas para o meu discurso de estréia: “Em nome do combate à inflação, decreta-se a recessão industrial, cortam-se os créditos agrícolas e eliminam-se subsídios necessários”.

Vou usar ainda aspas do meu próprio discurso para lembrar que o que o momento atual exige não difere muito do que era a nossa aspiração de oito anos atrás.

“O povo pede pouco. Pede escolas, hospitais, segurança nas ruas e salários decentes. O projeto de que o Brasil precisa é aquele que possa atender a esse mínimo, sem o qual a vida não tem sentido de sobrevivência. Isso significa menos lucros para os empresários, menos ostentação para os ricos. Este é o único caminho e, fora dele, só podemos esperar a confusão social, a desintegração do País e sua conseqüente submissão, direta ou indiretamente, aos interesses estrangeiros”.

Sr. Presidente, minhas caras Senadoras e meus caros Senadores, se fiz tantas referências a um pronunciamento de quase uma década, foi com a intenção de demonstrar que não pode surpreender ninguém a profunda crise social e econômica em que o País está mergulhado, com índices recordes de desemprego, com a total degradação das condições de vida nas grandes metrópoles, onde a insegurança do cidadão cresce na mesma proporção que os índices de violência e de criminalidade, com a falência do sistema público de saúde, que ensejou a volta de epidemias e endemias, já controladas; com o esvaziamento das universidades públicas; com o enfraquecimento da pesquisa científica; e com o sucateamento do parque industrial nacional em função de uma concorrência estrangeira e desigual, porque estimulada por políticas e financiada com recursos do povo brasileiro.

O Sr. Hugo Napoleão (PFL-PI) - Permite V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Peço a V. Exª que, ao final, com muito prazer, darei o aparte.

O aviltamento da economia brasileira, proporcionado pela política do atual Governo, chegou a tal ponto que ameaça descaracterizar até mesmo algumas de nossas mais caras tradições culturais.

Ainda há poucos dias pudemos tomar conhecimento de um fato que ilustra tal afirmação de maneira que seria até irônica, se não fosse trágica. O principal fabricante do pão de queijo mineiro, em nota publicada nos jornais e veiculada nas emissoras de rádio e de televisão, para testar a sua boa qualidade, informava que, para a fabricação de 60 toneladas diárias do pão de queijo, vem importando o leite da Nova Zelândia.

Vejam bem a que ponto chegamos: o pão de queijo mineiro, uma de nossas mais caras tradições, vem sendo fabricado com leite da Nova Zelândia.

Enquanto isso, pequenos e médios produtores de leite do interior de nosso vasto Estado entregam sua produção aos porcos ou a distribuem gratuitamente entre a população, em sinal de protesto contra os preços aviltados que lhes são impostos pela indústria de laticínios.

Não vejam nesse exemplo qualquer resquício de xenofobia ou de aversão ao capital multinacional. Ao contrário, o capital produtivo é e será sempre bem-vindo para ajudar na criação de empregos, geração de impostos, desenvolvimento econômico e bem-estar social. O que não podemos admitir é que o lucro do capital estrangeiro esteja escorado no estrangulamento da empresa nacional. O que não podemos aceitar é que o desemprego do pai de família brasileiro seja estimulado pelo nosso próprio Governo, para garantir a ampliação de empregos em outros países.

A crise brasileira de agora, portanto, é a história de uma crise anunciada.

Mentem - e mentem descaradamente - aqueles que pretendem atribuir os dias atribulados que estamos vivendo, a ações isoladas ou a fenômenos imprevisíveis. O desfecho a que estamos assistindo já estava antecipado há pelo menos três anos nas análises de economistas responsáveis de diferentes matizes ideológicas. O desfecho - doloroso para a população brasileira - a que estamos assistindo já estava desenhado quando houve a crise do México, quando houve a crise asiática e quando houve a quebra da Rússia.

A todas as advertências feitas, a equipe econômica reagiu com arrogância, soberba e com indiferença. O Brasil não era a Ásia, diziam. O Brasil não era o México, repetiam; o Brasil não tem nada a ver com a Rússia, insistiam.

De pouco valem agora atos de contrição, como os que vêm sendo feitos pelos gênios que deixaram a equipe ou mesmo pelos sábios conselheiros do Fundo Monetário Internacional, que confessam publicamente terem errado na sua receita. Fizeram a população brasileira de cobaia de seus experimentos, como já o haviam feito com os asiáticos, os mexicanos e os russos. A crise, portanto, já estava anunciada. Sair dela é o que nos interessa neste momento. E, para o fazermos de maneira consistente e definitiva, será fundamental e indispensável o total envolvimento da sociedade brasileira e desta Casa do Congresso Nacional.

O honrado Senado Federal terá papel essencial nessa nova quadra da vida nacional.

Sua principal tarefa, caros Senadoras e Senadores, será a de garantir a supremacia da visão política sobre a visão técnica. Nenhuma regra, nenhuma técnica, por mais sábia e lógica que pretenda ser, poderá abolir as circunstâncias.

E só a política pode administrar as circunstâncias. A política, mais do que lidar com quantidades, lida com sentimentos; mais do que com estatísticas, lida com patriotismo. A função da política não é só a de representar idéias e sentimentos, mas também conciliar sentimentos com idéias.

Nós resistimos durante mais de duas décadas a uma ditadura militar e sobrevivemos a ela. Nós a superamos pela política e não pela violência. Continuamos prisioneiros, no entanto, de outra ditadura: a dos tecnocratas -- particularmente aqueles que se vêem como os donos de todas as verdades e guardiães da chave de toda a felicidade.

O papel do Senado, do Congresso, o papel dos verdadeiros representantes do povo nessa nova e difícil quadra da vida nacional será de interromper esse ciclo de prepotência, que, se persistir, irá mergulhar o País em uma crise ainda mais profunda, concentrando a riqueza nas mãos de uns poucos beneficiários da especulação mundial.

Este desafio é hoje mais difícil do que há oito anos. A globalização da economia, então embrionária, já estendeu hoje seus tentáculos para todos os lados. Levou alguns países da Ásia do céu ao inferno em um curto espaço de tempo.

Fez o México acreditar que era superpotência num dia, para quase atirá-lo em uma guerra civil no dia seguinte.

Criou as condições para encerrar a experiência socialista da União Soviética, para deixar em seu lugar o que o capitalismo tem de mais selvagem, incluídos aí o crime organizado e a miséria.

Não podemos sucumbir ao canto da sereia de que em pouco tempo também seremos uma superpotência ou de que estaremos participando em igualdade de condições no banquete mundial. O capital especulativo mundial, sem pátria, não nos quer à mesa para uma repartição justa da produção, mas tão-somente para ampliar o butim que lhe irá fartar.

Cabe-nos resistir e criar alternativas que conduzam o Brasil. ao reencontro consigo mesmo e com seu destino.

E o destino do Brasil é o destino do desenvolvimento que garanta distribuição de renda e justiça social: em que não haja famintos, em que haja escolas para todos, em que a assistência à saúde esteja da mesma forma garantida a todos, em que o medo desapareça junto com a violência, em que cada cidadão tenha direito a seu emprego, ao próprio sustento e ao de sua família.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, cheguei a esta Casa há oito anos, pela generosidade da minha gente mineira, que aqui procurei representar. Orgulha-me concluir este mandato sabendo que estou na galeria do Senado ao lado de outros mineiros ilustres cujas trajetórias me inspiraram, como Tancredo Neves, Milton Campos e Juscelino Kubitscheck.

Procurei honrar meu mandato conduzindo meu trabalho tendo em mente a imagem da mulher mineira que lavra o campo, trabalha na fábrica e suporta ao lado do marido o peso de uma ordem social cruel.

Procurei conduzir meu trabalho tendo em mente a imagem dos sertanejos do Jequitinhonha, que enfrentam a seca e a miséria mas não esmorecem; a imagem dos trabalhadores mineiros, que, nas fábricas da região metropolitana de Belo Horizonte, do Vale do Aço e na Zona da Mata, sabem se conduzir com a dignidade dos que respeitam o trabalho e exigem respeito por ele.

Procurei conduzir meu trabalho tendo em mente a imagem dos jovens mineiros, manancial inesgotável de esperança para os que acreditam na construção de um Brasil melhor.

Procurei conduzir meu trabalho com os olhos voltados para os idosos de Minas, aposentados ou não, manancial inesgotável de sabedoria indispensável ao alcance de soluções para os problemas mais difíceis de nosso País.

Dois milhões e quinhentos mil desses mineiros e mineiras renovaram, pelo voto, no último pleito, sua confiança no meu trabalho.

Foram quase duas vezes o número de votos que obtive na eleição anterior, embora insuficientes para garantir minha recondução, num processo eleitoral definitivamente marcado pela supremacia dos valores econômicos sobre o debate político.

A esses eleitores que me honraram com sua confiança, o meu sincero e público agradecimento.

Sr. Presidente, caros Senadores e Senadoras, eu não poderia encerrar meu pronunciamento sem o registro de mais alguns agradecimentos.

O primeiro de todos quero dirigir aos nobres colegas Senadores e Senadoras, que aqui me acolheram sem discriminações, me ajudaram nos primeiros momentos e me devotaram especial atenção e carinho.

Por duas vezes ocupei cargos na Mesa Diretora e em ambos pude contar com a confiança dos seus respectivos presidentes. Primeiro, como 3ª Secretária, integrei a Mesa presidida pelo querido Humberto Lucena. Agora, encerro meu mandato, ocupando a 2ª Vice-Presidência, em Mesa dirigida com competência ímpar pelo Senador Antonio Carlos Magalhães, exemplo de dedicação à defesa de sua santa Bahia, mas também exemplar defensor do Poder Legislativo.

Permita-me, V. Exª, Presidente Antonio Carlos Magalhães, este registro especial, pois ter integrado a Mesa Diretora ao lado de V. Exª e dos demais componentes dela foi para mim motivo não apenas de grande satisfação pessoal, mas também razão de um aprendizado muito rico.

Não poderia deixar esta Casa sem o registro de minha gratidão a todos os seus servidores, de modo especial e particular aos que me acompanharam mais de perto em meu gabinete ao longo desses oito anos. O agradecimento e o reconhecimento estendem-se também aos demais servidores, dos mais simples aos seus diretores.

Sou testemunha de que raras vezes em nossa história alguma instituição pública terá conseguido reunir um corpo técnico tão qualificado quanto este que compõe os quadros do Senado Federal.

Obrigada a todos!

Uma palavra e um agradecimento especial a Minas, aos prefeitos, vereadores e lideranças do interior que entenderam minha disposição de bem representar os interesses do Estado e transformar o meu Gabinete em sua própria casa, em seu escritório de representação junto ao Governo Federal. Se não foi possível atender a todos o tempo todo, nossa disposição de ajuda foi sempre a mesma para todos.

Aos meus colegas Parlamentares de Minas - alguns no próprio Senado, como os Senadores Francelino Pereira e Arlindo Porto, e outros na Câmara dos Deputados - também registro especial palavra de agradecimento pela parceria constante na defesa dos interesses do Estado, sempre colocados acima e além de eventuais divergências partidárias e políticas. Somente por meio desse espírito de parceria e união, foi possível em alguns momentos superar dificuldades para garantir o encaminhamento de soluções favoráveis à população de nosso Estado. É meu desejo que essa parceria permaneça, pois o que deve prevalecer sempre para a nossa Bancada é o interesse de Minas.

Quero destacar aqui a convivência fraterna que tivemos ao tempo em que fui indicada pelo meu Partido - o PDT - para ser Líder da Bancada nesta Casa. A convivência com as demais Lideranças partidárias: do Líder do Governo, Senador Elcio Alvares; do Líder do Governo no Congresso, Senador José Roberto Arruda; do Líder do PFL, Senador Hugo Napoleão; do Líder do PMDB, Senador Jader Barbalho; do Líder do PPB, Senador Epitacio Cafeteira, e do Líder do PTB, Senador Odacir Soares. Em todos esses momentos, como ocorreu posteriormente, quando aqui criamos e instituímos o Bloco das Oposições, sob a Liderança do Senador Eduardo Suplicy e, posteriormente, do Senador José Eduardo Dutra, tivemos a mais fraternal das nossas convivências. Divergimos, mas jamais deixamos de nos respeitar.

Encerro este capítulo de agradecimentos com uma referência toda especial à imprensa brasileira e, de modo muito particular, à imprensa de meu Estado. A todos os meus colegas jornalistas agradeço o respeito profissional com que me trataram ao longo destes anos, nessa faina diária em busca de notícia. Recordo-me com saudades da minha militância jornalística, em que tive a honra de ser escolhida mais de uma vez como a melhor jornalista do ano e a melhor setorista da imprensa mineira, para refletir sobre a importância do seu papel profissional na formação da consciência da Nação. A formulação do Projeto do Novo Brasil depende muito da seriedade do trabalho dos profissionais da imprensa e dos grupos responsáveis pelos veículos de comunicação.

           Sr. Presidente, Senador Geraldo Melo, Srªs e Srs. Senadores, se me perguntarem qual o sentimento que me acompanha nesta despedida, eu lhes responderei que é o sentimento do compromisso resgatado com o povo mineiro que me elegeu e com toda a Nação.

           Para uma mulher como eu, que aprendeu política na luta democrática, ao lado dos movimentos populares, e que jamais se curvou quando os interesses do povo e da liberdade estiveram ameaçados, os oito anos de Senado foram mais um momento de aprendizado e de afirmação desta consciência. Foram também a oportunidade para a reafirmação de convicções que sempre me acompanharam, como a de que nenhum êxito econômico pode ser construído sobre a miséria da maioria ou ser pago com a restrição à liberdade.

           Não há prosperidade que possa sustentar-se sobre a fome dos oprimidos e dos marginalizados ou sobre a quebra da soberania nacional.

           Vim da terra de Tiradentes, das montanhas de Minas, silenciosa às vezes, mas nem sempre, corajosa pela formação de meus antepassados, conciliadora na defesa dos interesses do Brasil, mas intransigente na defesa da sua dignidade.

           Deixo esta Casa, mas não a luta política, com a convicção de ter sido leal à gente e às tradições de Minas Gerais e de ter sido fiel às minhas convicções.

           Obrigada a todos. (Palmas)

           O Sr. Hugo Napoleão (PFL-PI) - Senadora Júnia Marise, V. Exª me concede um aparte?

           A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço o nobre Senador Hugo Napoleão.

           O Sr. Hugo Napoleão (PFL-PI) - Agradeço a V. Exª, mas eu gostaria que nosso Presidente tivesse a primazia e depois, então, falarei.

           A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Sr. Presidente Antonio Carlos, ouço com prazer V. Exª.

           O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) - Senadora Júnia Marise, fiz questão de ficar aqui para aparteá-la, de dizer da minha amizade fraterna hoje com V. Exª e com os demais companheiros da Casa e de dar um testemunho, como Senador e Presidente do Senado, da sua atuação em defesa do povo mineiro, do povo brasileiro e da excelente convivência que mantivemos aqui, não só no Senado como na Mesa Diretora. V. Exª sempre se portou com muito espírito público, com muita vontade de ver o Senado cada vez mais engrandecido, e tenho certeza que sua contribuição foi extremamente valiosa. V. Exª não deixa o Senado; V. Exª estará sempre aqui como a Senadora muito querida de todos. E tampouco se despede do Congresso. É um até breve, porque V. Exª voltará, certamente representando Minas Gerais para dignificar seu Estado, como dignificou muito bem seu mandato. Fiquei muito honrado de ter sua companhia no Senado.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Agradeço, eminente Senador e Presidente Antonio Carlos Magalhães, as palavras de V. Exª. Elas só vêm reafirmar aquilo que tenho dito de V. Exª em todos os lugares: a postura corajosa de V. Exª pela defesa da sua Bahia, mas principalmente da dignidade deste Senado Federal.

A convivência pessoal com V. Exª me enriqueceu muito, e levo também desta convivência uma passagem extremamente fraterna, amiga e sincera de V. Exª.

Muito obrigada.

Ouço agora o aparte ao nobre Senador Hugo Napoleão.

O Sr. Hugo Napoleão (PFL-PI) - Muito obrigado, eminente Senadora, estimada colega e muito querida amiga Júnia Marise. Agradeço a menção e a referência feita ao meu nome no curso do pronunciamento de despedida desta Casa. Temos sido colegas há vinte anos; começamos quando da 46ª Legislatura, nos idos de 1979, na Câmara dos Deputados, e, mais adiante, na 49ª e 50ª Legislaturas do Senado Federal, e tive a oportunidade de tratar com V. Exª algumas vezes, quando eu era Ministro da Educação e V. Exª Vice-Governadora e Governadora interina do Estado de Minas Gerais. Quero dizer que, desde o primeiro momento, o que caracterizou a atuação de V. Exª foi a linha de coerência, de racionalidade e, sobretudo, de lealdade. V. Exª demonstrou, mormente nos últimos anos, um acendrado nacionalismo. Defendeu com ardor os pontos de vista que lhe pareciam os mais adequados para o bem de sua Minas Gerais e do nosso Brasil, e o fez com competência, com diligência e de uma maneira impecável, e essa impecabilidade ficou marcada de forma indelével não só na sua atuação, mas no seu temperamento. Quero dizer um até breve, na certeza de que voltaremos a nos encontrar pelo bem do Brasil.

A SR. JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Hugo Napoleão.

Quero testemunhar sobre a oportunidade em que trabalhamos juntos na Câmara dos Deputados e principalmente sobre a importância de V. Exª como Ministro da Educação. Na época em que era Vice-Governadora do Estado de Minas Gerais, V. Exª, como Ministro, prestou grandes serviços ao meu Estado, atendendo a todas as nossas reivindicações, seja por nosso intermédio ou diretamente do Governador, sempre em defesa da educação das nossas crianças. Registro, portanto, esse agradecimento muito sincero pela forma como V. Exª se conduziu no Ministério da Educação e aqui no Senado, como Líder do Partido da Frente Liberal. Nessa convivência, algumas vezes divergimos em nossas posições, mas sempre calcados em um relacionamento de respeito e fraternidade, que sempre nos acompanhou.

Agradeço a V. Exª por suas generosas palavras.

O Sr. Ramez Tebet (PMDB-MS) - V. Exª me concede um aparte?

A SR. JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouvirei, com muito prazer, o nobre Senador Ramez Tebet.

O Sr. Ramez Tebet (PMDB-MS) - Senadora Júnia Marise, não sou um homem que aprecia despedidas, pois creio que despedidas compungem o coração do ser humano; mas quero testemunhar, nesta oportunidade, o grande apreço que tenho por V. Exª, unindo-me às vozes de tantos Senadores quantos lhe rendem um tributo - tributo ao seu idealismo, à sua coerência, à sua firmeza e, sobretudo, à sua maneira lhana e à postura com que V. Exª sempre dignificou e honrou o Senado da República. Queria deixar um abraço fraternal a V. Exª e dizer, já que comecei com despedidas, que há o adeus e o “até breve”; fico com o “até breve”, formulando-lhe muitos votos de felicidade. Muito obrigado.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Ramez Tebet. Ao receber essas palavras generosas de V. Exª, desejo que o meu agradecimento reflita o sentido da nossa convivência nesta Casa. Acompanhando V. Exª, também reconhecemos a forma decisiva com que defende aqui o seu Estado e, mais do que isso, engrandecendo sempre o Brasil com sua postura em defesa da pátria em todos os momentos importantes da vida do Senado. Muito obrigada a V. Exª pela oportunidade desta nossa convivência.

O Sr. Francelino Pereira (PFL-MG) - Senadora Júnia Marise, V. Exª me concede um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço-o com muito prazer, Senador Francelino Pereira.

O Sr. Francelino Pereira (PFL-MG) - Júnia, Senadora Júnia Marise, é difícil entender o que se passa na alma de Minas e no coração dos mineiros; é difícil entender como a bela Província de Minas pode, em determinados momentos, tornar-se enredenta e insubmissa e mostrar ao Brasil o papel que exerce na soberania nacional por meio do sonho dos inconfidentes, pela vida exemplar dos seus homens públicos, dos seus governadores, que não furtam e não roubam, porque a sacralidade do Palácio da Liberdade não permite que nenhum cidadão que tenha mancha na sua vida particular ou pública possa alcançar aquela mesa de Governador. Confesso a V. Exª, minha querida amiga - e esse querida amiga parte efetivamente do coração -, que sou um admirador eterno da sua juventude, da sua feição de menina, da sua fala encantadora e da sua bravura nas disputas populares pelo voto e pelas gravações que deixou no coração dos mineiros até agora, em defesa do nosso idealismo. Quero que V. Exª leve sempre no coração a lembrança do seu colega, sempre em posições diferentes, mas sempre com as mãos se encontrando, quer nas campanhas eleitorais, nos bares ou nos comícios, manifestando sempre um grande respeito pelo seu talento e inteligência. Você - permita-me o tratamento de intimidade - deixa a nossa alma estarrecida com sua mensagem permanente em nossos corações. Que você venha sempre a esta Casa, como jornalista, cidadã ou como Senadora eterna, dar um abraço em seus companheiros e honrar cada vez mais o sentimento de Minas, que ninguém viola impunemente. Um abraço para você e para V. Exª também.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Francelino Pereira. V. Exª sabe que guardo com muito carinho a convivência que tive em nosso Estado, Minas Gerais, com V. Exª.

Naquele tempo, há muitos anos, V. Exª candidato a Deputado Federal e eu candidata a Deputada Estadual, muitas vezes nos encontramos em restaurantes populares para comer um prato feito e continuar a nossa caminhada.

Quero aqui, nesta oportunidade, dar meu reconhecimento e agradecimento públicos a V. Exª pela generosa manifestação de apoio nestas eleições, solicitando a todos os prefeitos do Partido da Frente Liberal e a todas as Lideranças municipais de Minas Gerais do seu Partido que dessem um voto de confiança para a nossa recondução ao Senado. V. Exª, portanto, deu testemunho a todos eles do nosso trabalho e do nosso desempenho em favor de Minas Gerais e do nosso povo.

Naquele momento, a postura de V. Exª calou muito fundo em meu coração, no de toda a minha família e de todos os nosso amigos, num momento tão importante do processo eleitoral no nosso Estado. Esteja certo de que seu gesto está gravado na nossa consciência, no nosso coração e na nossa alma. E tenho a certeza de que haveremos de nos encontrar no futuro, para que possamos juntos continuar estabelecendo essa parceria de trabalho em defesa dos interesses de Minas Gerais.

A Srª Emilia Fernandes (Bloco/PDT-RS) - Permite-me V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço, com prazer, a eminente Senadora Emilia Fernandes.

A Srª Emilia Fernandes (Bloco/PDT-RS) - Senadora e amiga Júnia Marise, recebemos o resultado das eleições para o Senado em Minas não apenas com surpresa, muito mais do que isso, lamentando profundamente o resultado. A política tem seus contratempos, para não usarmos uma palavra mais forte que talvez não se ajuste ao conteúdo profundo do pronunciamento de V. Exª. Não acreditamos que seja apenas um fato localizado. Todo o Brasil viveu com surpresa os resultados que, muitas vezes, distorceram o desejo sincero e honesto das comunidades. Com 2.500.000 votos, dobrando o número de votos recebidos no primeiro mandato, V. Exª não conseguiu permanecer nesta Casa. Por isso, nosso Partido sabe a grande perda que o Congresso Nacional, os quadros partidários e o Brasil como um todo perdem com a ausência de V. Exª. Ficamos realmente conscientes da sua despedida desta Casa quando recebemos a correspondência que enviou certamente a todos os Parlamentares, externando os agradecimentos pelo respeito, pelo carinho e principalmente - o que nos dá força para sentimentos de saudade e, ao mesmo tempo, de indignação diante desse desafio que V. Exª enfrenta - pelo conforto e pela confiança que recebeu. V. Exª sabe muito bem que o resultado numérico dessas eleições em Minas Gerais, indubitavelmente, não expressou aquilo que há de mais puro e sincero na vida política deste País. Não estamos nos despedindo de V. Exª. Estamos confiantes de que sua trajetória pessoal e política ajudá-la-ão a enfrentar esse desafio, fortalecendo as suas convicções, a sua coerência, a sua militância partidária e seus compromissos externados nesta Casa com tanta vibração. Sua postura política e ética com relação à participação das mulheres foi decisiva nesta Casa, juntamente com a de todos os demais Parlamentares, quando solicitávamos a cota de participação das mulheres no Poder. A presença de V. Exª nos debates nacionais sobre as situações por que passou o País nestes últimos anos foi fundamental. Sua visão cívica e patriótica referente às privatizações lembrava o valor de uma Vale do Rio Doce. V. Exª trouxe ao conhecimento desta Casa e à sensibilidade de todos o estado de discriminação e de exclusão por que passa um número significativo da população do Estado de V. Exª, alertando-nos para o empobrecimento e para a miséria existente no Vale do Jequitinhonha, por exemplo. Tantos temas abordados por V. Exª, sem dúvida, ficarão marcados não apenas nos Anais desta Casa, mas na consciência e no coração daqueles que tiveram o prazer de compartilhar momentos importantes da vida brasileira no Senado. Receba, portanto, nosso carinho e nosso respeito. Sem dúvida, o nosso Partido terá um desafio novo para V. Exª, que, sem um cargo eletivo, terá a grande missão de fortalecer e de ampliar o pensamento democrático do nosso Partido Trabalhista. Leve nosso sentimento, nossa emoção, nosso carinho e a certeza de que as mulheres, o Brasil e o PDT orgulham-se de V. Exª. Um abraço à querida amiga e Senadora Júnia Marise.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, cara Senadora Emilia Fernandes, por esse encorajado depoimento de V. Exª que me toca profundamente, principalmente partindo de uma Senadora que o Rio Grande do Sul mandou para esta Casa e que tem tido uma postura exemplar, como representante das mulheres gaúchas. Sua atuação foi decisiva, corajosa e coerente na formulação de propostas sobre as questões nacionais e de interesse do povo gaúcho. Integrando a Bancada do PDT, ao lado de V. Exª, do nosso Líder, Senador Sebastião Rocha, e do Senador Abdias Nascimento, estive em várias lutas. Esses momentos foram importantes para que pudéssemos conduzir as nossas propostas, e V. Ex.ª sempre teve um papel destacado nesta Casa pelas suas posições e postura.

Agradeço a V. Exª, cara Colega Emilia Fernandes, pelas manifestações generosas e carinhosas. Assim, desejo que sempre continue representando as mulheres do PDT, que, pela sua voz, estarão sempre - como eu - acompanhando os seus trabalhos.

O Sr. Djalma Bessa (PFL-BA) - Concede-me V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Djalma Bessa (PFL-BA) - Senadora Júnia Marise, há muito tempo nos encontramos pela primeira vez na Câmara dos Deputados. Ao chegar no Senado, reencontrei V. Exª. Se o primeiro encontro foi agradável, mais agradável e alegre foi o segundo. V. Exª se destacou, tanto na Câmara como no Senado, pela sua simpatia, pela sua competência, pela sua eficiência e pelo trabalho que tem realizado como Deputada e como Senadora. Tendo V. Exª exercido o mandato com tanta eficiência, competência, zelo e dignidade, há de se perguntar por que não retornou a esta Casa. A explicação é fácil, Senadora Júnia Marise. V. Exª se encontra sem cargo eletivo não devido a problemas ou qualidades pessoais, que são imensas - V. Exª teria tido as condições para voltar -, mas devido a fatos conjunturais. Não se tratou de nada estrutural ou permanente. V. Exª, então, não tem de se afastar da vida pública. Esse patrimônio, esse currículo de V. Exª lhe dá condições - e até o dever - de prosseguir servindo ao Estado de Minas Gerais e aos seus queridos eleitores, aqueles que lhe têm apoiado, e sabe V. Exª há quanto tempo. V. Exª não pode afastar-se dessa gente. Haverá de continuar atuando numa outra área, num outro setor, por certo, com esse mesmo brilho, disposição e simpatia que lhe são peculiares. V. Exª, nesta Casa, integra o Bloco da Oposição. É muito justo e compreensível que V. Exª faça oposição, e a faz em um nível alto, que lhe dignifica e valoriza, em um nível compatível com uma Senadora como V. Exª, que discute e debate, numa posição muito correta e elevada, que se há de compreender. Receba meus parabéns e minhas congratulações pelo excelente trabalho que realizou no Senado Federal. Por certo, há de prosseguir nessa atuação necessária não propriamente para o seu benefício pessoal, mas para ao bem de Minas Gerais e de seu povo. Muito obrigado.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Djalma Bessa. O reencontro com V. Exª nesta Casa foi uma satisfação muito maior para mim. Conhecemo-nos na Câmara dos Deputados, e aprendi a admirá-lo pelo grande trabalho que V. Exª sempre exerceu em favor da Bahia, de todos os baianos. Reencontrá-lo nesta Casa foi um motivo de grande satisfação para mim, pelo reencontro com o amigo, com o ex-companheiro de luta e, principalmente, com aquele que, como eu, tem os mesmos sentimentos em relação ao Brasil e ao nosso povo. Muito obrigada, pelas suas generosas palavras.

O Sr. Bernardo Cabral (PFL-AM) - V. Exª me permite um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço, com prazer, o eminente Senador Bernardo Cabral.

O Sr. Bernardo Cabral (PFL-AM) - Senadora Júnia Marise, em algumas pessoas, freqüentemente falta mais prudência do que bom-senso. A V. Exª não faltou nem uma nem outro. Não faltou bom-senso, como não lhe faltou prudência, porque a crítica de V. Exª foi sempre aquela de quem busca as razões críticas e não as razões ocultas para criticar, ou seja, a transparência da crítica construtiva. Ser Oposição é fácil, porque não há nenhum compromisso com quem está no Governo, mas exercer a oposição com dignidade e transparência nem sempre é tão fácil, porque as pessoas que a exercem podem acabar incorrendo em um discurso repetitivo que mais adiante pode ficar desmoralizado. Não ocorreu isso com V. Exª. Veja que V. Exª sai de um mandato, recebendo apartes da Presidência da Casa e até do mais humilde Senador, no caso, este que lhe aparteia agora, para reconhecer que, no convívio com seus colegas, não lhe faltou, em nenhum instante, a oposição exercida com dignidade, porque, vez por outra, na troca de idéias, V. Exª estava auxiliando seus companheiros. Digo-lhe isso, porque não a conheço desse convívio. Desde a época da Ordem dos Advogados do Brasil, estive várias vezes em Belo Horizonte, e V. Exª sempre teve este comportamento. Desse modo, não saia daqui sem saber que todos nós estamos a dizer-lhe um até breve.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Bernardo Cabral.

Quando V. Exª foi eleito Senador pelo Estado do Amazonas e chegou a esta Casa, falei da minha alegria ao vê-lo como Senador da República. Lembro agora de um momento importante da vida política de V. Exª como Relator da Constituinte. Naquela ocasião em que eu estava na Vice-Governadoria de Minas Gerais, instalamos quase que uma extensão de todos os trabalhos da Constituinte. E convidei V. Exª para que, em nome do Congresso Nacional, fosse inaugurar o prédio do BMG e toda aquela estrutura, para que os mineiros pudessem ter um melhor acesso às questões que diziam respeito às discussões, aos debates e às emendas da Constituinte.

V. Exª teve um papel destacado como o Relator que ofereceu ao País a oportunidade da nova Constituição de 1988.

Por isso, agradecendo as palavras de V. Exª, manifesto o meu respeito e a minha admiração pessoal pela sua atuação política como representante do Estado do Amazonas. O povo amazonense, ao trazer V. Exª para esta Casa, demonstrou altivez e consciência cívica na escolha de seus representantes. V. Exª tem sido, realmente, um dos grandes Senadores do Amazonas e desta Casa. Agradeço-lhe muito.

O Sr. Jader Barbalho (PMDB-PA) - Concede-me V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Jader Barbalho (PMDB-PA) - Senadora Júnia Marise, com satisfação, faço este aparte, apesar de ser o momento de sua despedida no Senado. Falo não só em meu nome, com também no da Liderança do PMDB e até da Presidência desse Partido. Tive também o privilégio de ser colega de V. Exª na Câmara dos Deputados. Além disso, V. Exª integrou os quadros do PMDB em um período em que efetivamente era difícil fazer oposição neste País. Era a época do AI-5, da Lei de Segurança Nacional e da ausência da anistia. V. Exª participou, de forma aguerrida, da luta pela redemocratização do País. Sou daqueles que respeitam a Oposição, até porque considero -- e, aliás, é o óbvio, mas disse um conterrâneo seu, Milton Campos, que a sabedoria está no óbvio -- que a Oposição é imprescindível e necessária no regime democrático; é fundamental. No entanto, quero, neste meu aparte, voltar um pouco ao passado. Eu respeito a Oposição hoje, mas também respeito, com muita gratidão, em nome do nosso PMDB, do nosso MDB, aqueles que fizeram a história do nosso Partido, em momentos de efetiva dificuldade de se exercer o mandato parlamentar e de ser Oposição. Eu, como V. Exª e tantos outros aqui, já participamos da Oposição e do Governo. Há que se ter coragem quando se está tanto na Oposição, como no Governo. Isso, porque há pessoas que às vezes não estão à altura de ser Oposição, e outras que não estão à altura de ser Governo, situação em que é preciso ter coragem para adotar uma postura e tomar determinadas decisões. Cumprimento-a, porque, naquela época em que estivemos na Câmara dos Deputados, V. Exª foi sempre uma Deputada aguerrida nas lutas do nosso velho MDB. Por isso mesmo, inicio este meu aparte, cumprimentando-a, como Presidente do Partido e Líder do PMDB, pelo que V. Exª tanto contribuiu na história do nosso Partido. Depois, quando V. Exª era Vice-Governadora em Minas Gerais, encontramo-nos novamente: eu, no Executivo federal, e V. Exª, no Executivo de Minas, ocasião em que tive a oportunidade de testemunhar a Vice-Governadora vigorosa, trabalhadora, interessada no destino do seu Estado. E, na minha chegada ao Senado, tive o privilégio, mais uma vez, de ter V. Exª como colega de trabalho em favor do nosso Brasil. Aqui já se falou que as despedidas são desagradáveis, e não há a menor dúvida de que principalmente o são as de pessoas como V. Exª. Perdemos a convivência fraterna de V. Exª, que sempre muito atenciosa e cordial, transmite uma alegria muito grande de viver e de fazer o que faz. Minha amiga Júnia Marise, meus cumprimentos pelo seu mandato. V. Exª apenas esgota um período de sua vida pública, nada além disso. Como seu companheiro do Senado, Líder do PMDB e Presidente Nacional do PMDB, gostaria de apresentar-lhe os parabéns por essa etapa de sua vida. O que vale da vida é viver, e V. Exª viveu bem o seu mandato de Senadora, defendendo os interesses de Minas Gerais e do Brasil. Não teria mais palavras, a não ser para cumprimentá-la e desejar muitas felicidades.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Jader Barbalho, Líder do PMDB. V. Exª revigora em mim, mais uma vez, com suas palavras, a importância do que foi o início de toda a minha carreira política como uma das fundadoras do MDB, em Belo Horizonte, ao lado dos grandes líderes políticos do nosso Estado: Tancredo Neves, Jorge Ferraz, Presidente do PMDB estadual, Renato Azeredo e tantos outros, que tiveram a mesma coragem de participar da construção de um partido que era a essência da resistência democrática do nosso País. Durante mais de vinte anos no MDB e no PMDB, ao lado do nosso saudoso grande líder político Ulysses Guimarães, tivemos a grande oportunidade de centrar todos os nossos esforços e a nossa luta para que pudéssemos alcançar nossa democracia - e soubemos fazê-lo pelas mãos e pela vontade cívica do saudoso Tancredo Neves. Aqui tivemos oportunidade de exercer a nossa profissão de fé, de construir com a nossa convicção e a nossa coerência.

Obrigada, Senador Jader Barbalho, pela oportunidade de homenagear aqueles que souberam, como nós, soldados do Partido, dirigir e engrandecer o PMDB em nosso País nos momentos mais difíceis da vida nacional, sempre encorajado pelo sentimento cívico de devolver ao nosso País e à sociedade brasileira a democracia e a liberdade. Muito obrigada a V. Exª.

O Sr. Josaphat Marinho (PFL-BA) - Senadora Júnia Marise, V. Exª me permite um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço, com muito prazer, o eminente e jovem Senador Josaphat Marinho.

O Sr. Josaphat Marinho (PFL-BA) - Senadora Júnia Marise, quero louvar, no seu procedimento nesta Casa, a firmeza com que soube conciliar a educação da mulher com a energia da combatente política. Não é fácil reunir e conservar essas duas qualidades na conduta da mulher na vida pública, mas a Senadora Júnia Marise soube fazê-lo. Em nenhum momento, perdeu a elegância, a cordialidade, a suavidade do trato. Permanentemente, resguardou a sua posição política, ideológica. Ninguém nesta Casa há de esquecer a decisão com que ocupou esta tribuna - e vou apenas exemplificar - para combater as privatizações excessivas e defender o monopólio estatal do petróleo. Fê-lo com absoluta tranqüilidade, mas com a decisão de quem veio para cumprir um dever cívico. Neste momento em que se despede, a sua mensagem é ao mesmo tempo envolvida na palavra de quem não enrola a bandeira, mas vai desfraldá-la noutro terreno com a mesma determinação. É nessa expectativa que eu a saúdo com apreço e estima.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, eminente e jovem Senador Josaphat Marinho. Permita-me ainda continuar chamando da forma por que sempre o chamei nesta Casa, com todo o respeito e dentro de uma admiração pessoal por sua trajetória, pelo seu passado, pelo seu currículo. V. Exª deixa também esta Casa como eu, mas certamente deixa aqui a marca indelével do trabalho que desempenhou neste Senado. As palavras generosas, suaves e firmes de V. Exª serão incorporadas nos Anais desta Casa e em meu coração. Muito obrigada.

O Sr. Sebastião Rocha (Bloco/PDT-AP) - Senadora Júnia Marise, V. Exª me permite um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço com muito prazer o eminente Senador Sebastião Rocha, Líder do meu Partido.

           O Sr. Sebastião Rocha (Bloco/PDT-AP) - Querida Senadora Júnia Marise, não há como negar um certo desconforto ao aparteá-la, quando V. Exª pronuncia mais um brilhante discurso, como de hábito, mas de despedida desta Casa. O que tenho a dizer é mais uma mensagem das tantas que V. Exª tem ouvido, não apenas aqui neste plenário - agora mesmo participava eu de uma pequena confraternização em seu gabinete na qual V. Exª foi brindada por sua assessoria com merecidas palavras de reconhecimento pelo trabalho que tem prestado a Minas Gerais, ao Brasil e a este Senado da República. Em sua trajetória de vida, Senadora Júnia Marise, V. Exª teve oportunidade de descortinar uma série de vitórias e inúmeras conquistas, desde a vereança, passando pelo Palácio da Liberdade como Vice-Governadora e depois Governadora, e ocupando esta Casa com o mandato representativo de Minas Gerais por oito anos. Tive a oportunidade, ao ingressar no Senado da República, de conviver mais de perto com V. Exª. Antes mesmo de nos conhecermos, V. Exª manifestou o desejo de liderar a bancada do PDT no Senado. Imediatamente, pelas referências a seu respeito, dei minha palavra de que me empenharia junto à nossa bancada. V. Exª de fato veio a ser, com a competência de sempre, uma Líder que dignificou o nome do PDT dentro desta Casa e que representou, com muita sabedoria e habilidade, a compatibilização de tantos interesses - como já disse - de Minas Gerais, do País e também do PDT. Posteriormente, ocupou um cargo na Mesa, já vinha da 3ª Secretaria e, mais uma vez, com a desenvoltura de sempre, com a eficiência que lhe é peculiar, desempenhou o cargo de 2ª Vice-Presidente. Senadora Júnia Marise, nós do PDT, mais do que ninguém, lamentamos sua despedida. A nobre Senadora deixa esta Casa não por ter desmerecido o voto dos mineiros, porque, como disse muito bem V. Exª, acabaram prevalecendo outros valores que não o debate maior, o debate das idéias, dos interesses da coletividade, tão bem representados por. V. Exª nesta Casa quando da luta pela integração do Vale do Jequitinhonha à Sudene, por vagas para as mulheres - como já bem frisou V. Exª e a própria Senadora Emilia Fernandes - também, sua participação brilhante nos debates da reforma da Previdência, em que atuou com grande desenvoltura; e em todos os outros debates de natureza política, econômica ou social. V. Exª sempre demonstrou conhecimento, competência e mereceu não só o respeito como a amizade de todos nós, pelo carisma que consegue emitir. Como costumo dizer, o semblante de V. Exª representa a liberdade que vem de Minas Gerais, a terra da liberdade. Senadora Júnia Marise, sei que vamos continuar convivendo no dia-a-dia da política. Certamente esse é um pequeno período - não tão pequeno, um período de quatro anos na nossa vida representa muito -, mas, diante da trajetória que V. Exª já desenvolveu e do futuro que lhe está reservado, esta é apenas uma pequena lacuna na sua vida política quanto ao exercício de um mandato público. Quero aqui, em nome do PDT, em nome da Liderança, da Presidência e da Executiva Nacional do Partido, congratular-me com V. Exª pelo seu desempenho no Senado da República e dizer que V. Exª é merecedora do maior crédito junto a nós Parlamentares do PDT. Desejo-lhe pleno êxito nas novas funções - também não tão novas, porque V. Exª já vem do exercício dessa função muito digna da imprensa, mas que volta a exercer nos próximos meses - e muitas felicidades na sua vida pessoal e pública. Obrigado.

           A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Sebastião Rocha. Recolho o aparte de V. Exª, com suas palavras generosas.

           V. Exª é meu companheiro de Partido e tem tido nesta Casa, como representante do Estado do Amapá, uma postura de coerência, de perseverança, de seriedade, que cativou a todos nós. V. Exª, na condição de Líder, sempre soube conduzir a nossa Bancada e a todos nós, Senadores, com firmeza nas suas convicções, mas também com a liberdade democrática de discutir todas as questões que envolviam debates nacionais.

Recolho de V. Exª, portanto, nas suas palavras, seu carinho e seu apreço, e quero continuar aplaudindo sua atuação, como Líder da Bancada do PDT nesta Casa, lá do meu Estado, Minas Gerais, e torcendo sempre pelo êxito de V. Exª. Muito obrigada.

O Sr. Arlindo Porto (PTB-MG) - V. Exª me concede um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço V. Exª com muito prazer.

O Sr. Arlindo Porto (PTB-MG) - Senadora Júnia Marise, gostaria, nesse aparte, de render-lhe minhas homenagens. Como mineiro, fico feliz; como amigo, fico orgulhoso e até emocionado por poder prestar-lhe esta homenagem. O discurso de V. Exª retrata bem quem foi e quem é Júnia Marise. Retrata a luta em prol das questões sociais, em prol da mulher, das crianças e das minorias. Sem dúvida, o trabalho de V. Exª começou quando ainda era bem mais jovem, como radialista, na nossa Rádio Itatiaia, com o nosso saudoso Januário Carneiro. ,Desde aquela época V. Exª defendia de maneira enfática, na condição de radialista e jornalista, a melhoria da condição de vida da população de Belo Horizonte e de Minas Gerais. Por tudo isso, foi escolhida a primeira vereadora de nossa capital, tamanho o desempenho, o trabalho e a ação implementados por V. Exª. Nessa ocasião, começou sua vida pública, marcada sempre pela determinação, pela coerência, pela vontade e dedicação, enfim, por questões nobres, conseguindo então. galgar todos os cargos em nosso Estado. Foi Deputada Estadual, Vice-Governadora - assumiu o cargo de Governadora várias vezes -, Secretária de Estado, Deputada Federal e Senadora. Trago minha homenagem destacando, sobretudo, o que foi apresentado no discurso de V. Exª. As questões são as mesmas desde aquele momento em que V. Exª ficava entrincheirada na reação ao processo ditatorial em que vivíamos. Sua presença foi sempre uma reserva moral em favor da democracia. Senadora, imagino como Minas Gerais está vivendo atualmente, pois passa por momentos difíceis, mas a altivez do mineiro não se queda. Destaco não apenas o trabalho político de V. Exª, mas a vontade e o amor por Minas Gerais. Quero agradecer-lhe pessoalmente a acolhida, o apoio, a amizade, os conselhos, enfim, as portas que V. Exª abriu ao longo da vida, as experiências divididas quando de minha chegada a esta Casa, sua convivência. Meu aparte é apenas para homenageá-la, não apenas como seu colega Senador, mas como amigo e como mineiro. Que seja feliz, Senadora. Minas Gerais sempre haverá de reconhecer o seu trabalho, a sua luta, a sua dedicação. Parabéns, Senadora.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Arlindo Porto, nosso conterrâneo que, como eu também, ocupou com muito brilho as funções de Vice-Governador do nosso Estado e também o nosso reconhecimento pela parceria e pelo apoio à luta que empreendemos durante seis anos, seja no Senado ou na Câmara dos Deputados, para que finalmente pudéssemos realizar o grande sonho de mais de um milhão de pessoas que têm convivido com a pobreza e a miséria durante mais de 50 anos no nosso Vale do Jequitinhonha.

O apoio de V. Exª e do eminente Senador Francelino Pereira nesta Casa foi sempre fundamental para o êxito, aprovação e a sanção, por parte do Presidente da República, deste projeto que sempre foi o sonho daquela gente pobre do nosso Estado.

Muito obrigada a V. Exª pelas suas generosas palavras. 

A Srª Marluce Pinto (PMDB-RR) - V. Exª me concede um aparte, Senadora Júnia Marise?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço-a com muito prazer, Senadora Marluce Pinto.

A Srª Marluce Pinto (PMDB-RR) - Minha nobre colega Júnia Marise, no início do seu discurso, V. Exª mencionou a nossa chegada aqui, há oito anos, como Senadoras, as primeiras duas mulheres eleitas no Brasil para representar os nossos Estados. V. Exª vinha da sua grande Minas Gerais, um Estado que todos reconhecemos como detentor de uma história política marcante no cenário nacional. Eu vinha do Estado de Roraima, àquela época se instalando porque antes era Território. Mas com que prazer encontrei V. Exª aqui com toda sua experiência de política mineira, vinda de um grande Estado, já com experiência de Vice-Governadora, para aqui batalharmos representando as mulheres não só dos nossos Estados mas do nosso País. Como alguns já disseram, a palavra despedida é muito comovente e, até por que não dizer, muito triste. Mas quero dizer a V. Exª que não é uma despedida para suas colegas e para seus colegas aqui do Senado porque, tendo V. Exª recebido 2,5 milhões de votos em reconhecimento ao grande trabalho que prestou nesses oito anos, temos a convicção firme de que serão apenas quatro anos que não vamos compartilhar cotidianamente do seu convívio, e que muito em breve V. Exª estará retornando. As mulheres de Minas vão perder a oportunidade de ter a mulher mineira neste Senado, mas, em compensação, terão V. Exª no seu Estado diariamente a esforçar-se por elas, porque uma mulher lutadora como é V. Exª não atua apenas como Senadora. Como jornalista, e ainda hoje V. Exª me falou que dará continuidade ao seu trabalho, vai poder fazer muito pelo seu Estado e pelo nosso País. Parabéns pelo desempenho, pela dedicação e pela postura como oposicionista nesta Casa. Mesmo sendo eu de partido da situação, sempre tivemos uma convivência muito amigável, de muita confiança e respeito. Lamento perder a grande amiga pelos quatro anos vindouros. Desejo que V. Exª seja muito feliz, como sempre foi. V. Exª merece.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, minha cara colega Senadora Marluce Pinto. Lembramos bem quando aqui chegamos, iniciando o nossa mandato. Éramos apenas duas Senadoras: V. Exª, então eleita para um mandato de quatro anos, que depois foi renovado por mais oito, e eu, eleita para um mandato de oito anos. Nesses anos, com a nossa atuação, demonstramos a importância da participação da mulher na Câmara Alta. V. Exª sempre teve uma atuação muito eficiente, nunca faltou ao seu Estado e à sua gente. Fui testemunha, durante esse período, da atuação de V. Exª junto ao Governo, aos órgãos ministeriais, buscando os recursos e atendendo às reivindicações para a solução dos problemas da gente pobre do seu Estado. Isso V. Exª fez e continua fazendo com muita seriedade e trabalho, o que só engrandece o mandato de V. Exª. Muito obrigada pelas suas palavras generosas.

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - Permite-me V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço, com muito prazer, o eminente Senador Roberto Requião.

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - Senadora Júnia Marise, quero dar o meu testemunho sobre a sua atuação, na certeza de que seu mandato não se encerra; será seguramente renovado em 2003. Quero dar o meu testemunho da coerência de suas posições, sua coerência partidária, a firmeza nas votações, sempre segundo o programa do seu partido, com uma posição muito clara a favor de tudo que é nacional. V. Exª foi uma Senadora exemplar, daquelas que não se compram e não se vendem, que jamais pensaria em traficar um voto ou mudar uma posição ditada pela sua consciência. Senadora, até 2003, quando estarei encerrando meu mandato, mas espero ter a oportunidade de saudar da tribuna a sua volta.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Roberto Requião. Colho suas palavras com alegria, principalmente porque sempre tivemos trajetórias e posições muito identificadas nesta Casa.

Nosso primeiro encontro foi em sua terra, Curitiba, quando V. Exª era o Prefeito, e eu lá estava como Presidente do PMDB Mulher Nacional para inaugurarmos juntos o primeiro Conselho Municipal da Mulher. Ttenho certeza de que, em Minas Gerais, continuarei a aplaudir sua postura nesta Casa, com altivez, dignidade e coerência. Muito obrigada.

O Sr. Carlos Wilson (PSDB-PE) - Permite V. Ex.ª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Com muito prazer, eminente Senador Carlos Wilson.

O Sr. Carlos Wilson (PSDB-PE) - Senadora Júnia Marise, não poderia deixar de externar minha satisfação de ter convivido com V. Exª tantos anos. Cheguei, em 1974, à Câmara dos Deputados, onde, logo depois, tive o privilégio de conviver com V. Exª. Mantivemos sempre amizade fraterna e respeito mútuo. Sempre aprendi com sua valentia, determinação e garra. Posteriormente, a vida pública levou-me a ser Vice-Governador de Pernambuco, e V. Exª, Vice-Governadora de Minas Gerais. Tive também uma oportunidade rara de convivência ao seu lado no Conselho Deliberativo da Sudene, no qual V. Exª também, com muita disposição, sempre defendeu os interesses do seu Estado. Quis o destino e o povo pernambucano que eu aqui chegasse como Senador. Tive, então, a alegria maior de conviver durante quatro anos com V. Exª. Todas as vezes que eu vinha ao plenário, observava - e sobre isso conversava há pouco com o Senador Lúdio Coelho - sua determinação, garra e valentia. Nunca, em nenhum momento, V. Exª titubeou, sempre esteve ao lado das causas que acreditou verdadeiras. Sempre combateu, sempre esteve ao lado dos menos favorecidos, sempre teve uma atuação dedicada exclusivamente em defesa do povo de Minas Gerais, do povo brasileiro. Hoje V. Exª apresenta sua aparente despedida do Senado Federal. Ouvi muitos apartes, e quase todos fizeram referência que não se trata de uma despedida, com certeza é um até breve. V. Exª é uma Senadora de classe média, de poucas posses, enfrentou uma eleição muito dura em Minas Gerais, mas teve mais de 2 milhões de votos. Isso tudo, Senadora Júnia Marise, é o grande reconhecimento que o povo de Minas Gerais pode dedicar a uma Senadora que tem a dimensão da Senadora Júnia Marise. Tenho certeza que vamos nos encontrar muitas vezes na estrada política e na vida, porque V. Exª, indiscutivelmente, deixou sua marca em todos os cargos que ocupou durante sua vida pública. Receba meu abraço. Como eu dizia ao Senador Lúdio Coelho, deixarei de ter uma vizinha no apartamento da SQS 309, mas, com certeza, continuarei aqui no Senado sempre espelhado no exemplo que V. Exª deixou para todos nós.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Carlos Wilson, nossas trajetórias políticas sempre se encontram. Disse muito bem V. Exª: estivemos juntos como Deputados Federais, estivemos juntos representando o Brasil na ONU, em encontros e conferências sobre o desenvolvimento econômico e populacional de nosso País. Sempre estivemos juntos, lado a lado, nessa nossa postura de defesa dos interesses maiores do nosso povo. Fiquei muito alegre ao ver V. Exª como Senador da República. E em nossa convivência como vice-governadores que fomos, V. Exª pelo Estado de Pernambuco e eu por Minas Gerais, tivemos a oportunidade de também defender os interesses que sempre nortearam nossa vida pública. Isso foi muito importante, e levo essa grata recordação, principalmente porque nossa convivência foi além daquela existente entre colegas; mais do que isso, sempre foi pautada pela convivência de amigos e companheiros que estavam juntos em todos os desafios. Muito obrigada pelas suas palavras.

O Sr. Lúdio Coelho (PSDB-MS) - Permite-me V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço o aparte do nobre Senador Lúdio Coelho.

O Sr. Lúdio Coelho (PSDB-MS) - Senadora Júnia Marise, V. Exª encerra o seu mandato com a confiança da população do povo mineiro. E também leva para o seu Estado a certeza de sempre ter recebido respeito e carinho dos seus Pares. V. Exª desempenhou muito bem o seu mandato, exercendo a oposição com competência e abordando sempre os pontos mais fracos do Governo. Desejo, Senadora Júnia Marise, que V. Exª continue na vida pública, prestando serviços a Minas Gerais e ao Brasil. O nosso País está precisando de pessoas com a competência e a capacidade de luta de V. Exª. Que continue servindo a nossa terra. Felicidades, Senadora Júnia Marise.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Agradeço, o aparte de V. Exª, Senador Lúdio Coelho.

Em todos os momentos em que estivemos em nossa trincheira de luta, nos pronunciamentos e na abordagem dos temas nacionais, o que mais chamava a atenção de V. Exª era exatamente a agricultura.

Como agricultor e como representante do Estado de Mato Grosso, V. Exª sempre teve nesta Casa atuação voltada para a agricultura. Em todos os momentos, sempre convergiu nas posições que adotávamos, conclamando o Governo para fazer as melhorias e defendendo as condições que considerávamos importantes para o desenvolvimento de nossa agricultura.

Muito obrigada a V. Exª.

Ouço, com muito prazer, o eminente Senador José Eduardo Dutra.

O Sr. José Eduardo Dutra (Bloco/PT-SE) - Senadora Júnia Marise, V. Exª faz hoje seu discurso de despedida do Senado nesta Legislatura. Como não poderia deixar de ser, o seu pronunciamento não foi apenas um balanço de sua atuação. A exemplo do que fez o Senador Josaphat Marinho, V. Exª projeta para o futuro as suas idéias e convicções. V. Exª tem conhecimento da profunda afinidade que tenho com o Estado tão bem representado nesta Casa por V. Exª; afinidade não apenas familiar, mas também afetiva pelo fato de ter sido lá que passei a maior parte da minha infância e da minha adolescência. Já naquela época, acompanhava a carreira de V. Exª como combativa Deputada estadual. Eleita pelo MDB em 1978 - nessa ocasião, inclusive, e não sei se isso corresponde à verdade, os jornais noticiaram que V. Exª era a primeira Deputada Federal do Estado de Minas Gerais -, sempre atuou com profunda convicção e competência. Vários anos depois, em 1995, nós nos encontramos aqui, no Senado Federal. Tive muita honra e muito prazer em conviver com V. Exª nesses quatro anos, nesse trabalho difícil e árduo de oposição num período em que a grande parte dos setores dominantes do País procurou impor a ideologia do pensamento único. Estivemos juntos não só nas trincheiras deste plenário, mas também em atos públicos, como aqueles realizados em Itabira e na Assembléia Legislativa de Minas Gerais em defesa da Companhia Vale do Rio Doce. V. Exª não se elegeu, mas, ao lado da Deputada Marta Suplicy - uma milionária não do ponto de vista econômico, mas de votos -, V. Exª teve 2 milhões e 500 mil votos, o que representa o profundo respeito e a credibilidade que tem perante o povo mineiro. Como já foi dito por vários Senadores, essa não é uma despedida, mas um até breve, pois temos certeza de que iremos nos encontrar na mesma trincheira em defesa do povo brasileiro e da soberania nacional. Muito boa sorte, e que Deus a acompanhe! Muito obrigado.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador José Eduardo Dutra. Como V. Exª mesmo menciona em suas palavras, as suas ligações com Minas são praticamente ligações do coração. Lá estão os seus familiares, seus pais, que acompanham a atuação de V. Exª nesta Casa. Recolhendo suas afirmações, desejo também reafirmar que, nesta nossa convivência - V. Exª que foi Líder da Oposição e, portanto, liderava todos os que integravam o Bloco -, tivemos a oportunidade ímpar de conviver de perto com V. Exª, que, com descortino, com inteligência e capacidade, soube, de forma democrática, fixar as posições que deveríamos adotar nos embates e nas discussões dos projetos neste plenário.

Portanto, agradecendo as manifestações de V. Exª, desejo que continue sempre, com essa eficiência e esse espírito cívico. V. Exª não é apenas um representante do Estado de Sergipe, mas, principalmente, representante daqueles que acreditam que ainda podemos construir um Brasil melhor.

Muito obrigada a V. Exª.

O Sr. Iris Rezende (PMDB-GO) - V. Exª permite-me um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Iris Rezende (PMDB-GO) - Senadora Júnia Marise, muito obrigado pela concessão do aparte. Devo dizer, nesta hora, que o povo goiano é munido de um sentimento de respeito, de carinho e de afeto pelo povo mineiro. Isso se justifica pela importância de Minas Gerais na História do Brasil, mas, sobretudo, pelas nossas origens: mais de 50% da população goiana é de origem mineira. Entretanto, não é simplesmente por isso que solicitei esse aparte num momento importante na vida do Senado Federal, quando V. Exª se despede desta Casa, após um período profícuo de trabalho e de ações prestadas ao Brasil. Quero registrar nos Anais desta Casa o reconhecimento pessoal de quem acompanha a vida pública de V. Exª há décadas. Desde quando V. Exª integrava a Câmara Municipal de Belo Horizonte, venho acompanhando seus passos. V. Exª ficará na história política brasileira como uma das grandes responsáveis pela abertura do espaço ocupado pela mulher nas decisões político-administrativas deste País. Hoje, já é fácil para a mulher praticar a política, mas quando V. Exª começou a sua carreira, não era assim. Em todas as posições assumidas na vida pública, V. Exª agiu com muita competência, dignidade e espírito público. Faço esse registro para que as gerações futuras busquem no seu comportamento um exemplo, a fim de adquirir força suficiente para fazer do Brasil o país dos nossos sonhos. Desejo-lhe muitas felicidades. Digo a V. Exª o mesmo que disse, há poucos dias o nosso Colega, mestre Josaphat Marinho: “Ao deixar o Senado, faça-o de cabeça erguida”, porque V. Exª cumpriu realmente com o seu dever de Senadora de um dos mais importantes Estados da Federação brasileira, o Estado de Minas Gerais. Meus parabéns!

A SR.ª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Iris Rezende, por suas palavras, que incorporo ao meu pronunciamento, palavras estas que nos falam profundamente à alma e ao coração.

V. Exª é uma das lideranças políticas mais respeitadas, tendo governado o seu Estado numa época difícil de que nos recordamos, a partir de 1983. Lembro-me das palavras de Tancredo Neves, Governador de Minas Gerais, sobre a atuação de V. Exª como Governador do Estado de Goiás: “Trata-se de um homem que está desbravando o sertão para ajudar a gente pobre do seu Estado”. V. Exª, sempre, dentro do nosso antigo MDB, durante toda essa trajetória, foi um dos grandes líderes, sabendo projetar o Partido e, mais do que nunca, prestar grandes serviços, como vem prestando, ao Brasil, seja como Ministro de Estado, Governador de Goiás, ou como Senador da República. V. Exª tem tido sempre o respeito dos brasileiros pela sua trajetória. Muito obrigada.

O Sr. Artur da Távola (PSDB-RJ) - V. Exª me concede um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço, com muito prazer V. Exª.

O Sr. Artur da Távola (PSDB-RJ) - Senadora Júnia Marise, estou aqui, neste meu canto, que me permite uma observação do Plenário de um modo bastante discreto, mas eficiente, a assistir o desfile do reconhecimento que a Casa tem pelo trabalho de V. Exª. Ao lado de vários aspectos, a mim me impressiona sua serenidade, o sorriso sereno com que vive este momento, o que me faz lembrar a passagem de um poema de Cruz e Sousa, a quem esta Casa tanto homenageou no ano passado, quando, a propósito de um soneto sobre o ser, diz: “fica sereno, num sorriso justo, enquanto tudo em derredor oscila”. Até parece que Cruz e Sousa estava a viver em 1999, já que tudo em derredor oscila e V. Exª está serena com um sorriso justo, porque está a sentir da Casa a repercussão do trabalho feito. Esta Casa é especialíssima, não especificamente por méritos nossos - e até por eles, mas não especificamente por eles -, mas pelo fato de que somos 81 pessoas em 160 milhões de habitantes, o que significa um alto grau de seletividade. O Senado atual tem 31 ex-Governadores, sem contarmos Vice-Governadores, talvez mais de 16 ex-Ministros. É, portanto, uma Casa experiente. De 81 pessoas dentre 160 milhões com essa conformação; é a Casa da serenidade, da objetividade, da cordialidade e da delicadeza. Muitos de nós, não V. Exª, já estamos na idade da delicadeza, tão bem cantada numa letra de Chico Buarque de Holanda. Esse reconhecimento, Senadora - e falando quase no fim dos apartes posso dizê-lo -, é o seu trabalho, o seu ser. A mim sempre me impressionaram algumas características de V. Exª. A primeira delas - e vou dizê-lo de público - é uma certa solidão. V. Exª é uma política solitária; e é preciso coragem para ser solitária na política. Ou seja, ficar no fundo consigo mesma. Às vezes, é mais fácil ficar com o grupo, com a média ou, senão, com a mídia. Ficar consigo mesmo nem sempre pode ser o melhor caminho, mas é o caminho indicado pela interioridade, é o caminho, às vezes, indicado pelo fato de a pessoa ser o que é, e não o que os demais desejam que ela seja ou que as circunstâncias obriguem a que ela seja. O outro aspecto é o quanto e como V. Exª defendeu, de modo coerente, constante e persistente, as próprias idéias sem jamais ter um gesto agressivo no plano individual. Isso, aliás, foi acentuado de modo muito mais eloqüente no aparte do nosso Senador Josaphat Marinho. V. Exª sempre esteve numa posição absolutamente clara - e a nitidez é outra das características de V. Exª; e, talvez, por isso mesmo, tenha vindo hoje de branco -, absolutamente firme, absolutamente inflexível no debate das idéias e totalmente generosa no trato pessoal. Esta, evidentemente, é também uma lição de política. Por isso, por haver sido V. Exª tão aguerrida, eu ousaria dizer-lhe que, por ser tão aguerrida, V. Exª hoje sai como “aquerrida”, ou seja, “a querida de todos nós”. Vá com Deus, continue o seu caminho, porque o caminho é seu, no Senado, fora dele ou em qualquer lugar onde estiver. Parabéns pela sua atuação.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Artur da Távola. V. Exª, não só nesta Casa, mas de modo geral, é conhecido como um dos grandes nomes da cultura do nosso País, pela sua inteligência, pela sua competência, pela sua verve e, principalmente, pelas suas opiniões, traçando sempre um complexo de idéias sobre as questões que envolvem a cultura, a música e o entretenimento em nosso País. E, certamente, agora, revela ainda outra aptidão: a capacidade analítica, psicológica, a ponto de poder avaliar com tanta cordialidade o comportamento e o perfil dos colegas.

Agradeço, portanto, a V. Exª o seu aparte, que guardo com muito carinho pela generosidade das suas palavras.

Ouço, agora, com muito prazer o eminente Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - V. Exª concede-me um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço, como muito prazer, V. Exª.

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Este é o momento que sinceramente, ainda que soubéssemos que o pronunciamento de V. Exª viria, estávamos esperando o tempo passasse. Conheço V. Exª de longo tempo: eu, Deputado Estadual; V. Exª, Deputada Estadual; eu, mais antigo; V. Exª, começando a carreira. E nós todos admirando, nas reuniões do nosso Partido, a sua garra, a sua competência, a coragem e o espírito público. Era impressionante, desde Belo Horizonte, passando por Minas Gerais, na Câmara de Vereadores, na Assembléia Legislativa e no Congresso Nacional, a unanimidade com relação ao seu pensamento, a firmeza, a retidão, o destemor - não nas bravatas, mas na firmeza constante das idéias. V. Exª representou um papel muito importante em horas trágicas deste País; V. Exª representou a esperança de gerações e gerações. Hoje, graças a Deus, as mulheres estão aumentando, a cada dia, sua presença na vida pública; contudo, muito antes, lá nas Minas Gerais dos machistas, V. Exª iniciou um trabalho de grande significado. Lembro-me, quando das brigas internas do nosso Partido, naquelas nossas madrugadas, onde salvávamos o Brasil e o mundo, com os economistas, os técnicos dos vários setores, da palavra de V. Exª, uma mulher bonita, firme, jovem, mas que, na verdade, quando começava a falar, impunha-se pelo conteúdo, pela seriedade, pela firmeza. Nobre Senadora, V. Exª viveu momentos duros e difíceis, e, nesta Casa aprendi a admirá-la ainda mais. Sinto-me irmão ideológico de V. Exª. Não sei onde, em que sentido, em que local existe algo em que V. Exª pensa e eu não pense igual. No entanto, estamos em partidos diferentes. V. Exª provavelmente mudou de partido para não mudar de idéia em Minas Gerais naquela oportunidade. Muitos de nós tivemos que nos dividir e espalhar por diversos partidos políticos, pois lamentavelmente, inúmeras vezes, os partidos políticos não estão mais se identificando com nossas idéias e pensamentos. Alguns atuais partidos políticos sequer são nacionais. O meu é uma coisa no Rio Grande do Sul e durante algum tempo foi outra coisa no seu Estado. V. Exª permaneceu firme nas mesmas idéias, aqui defendendo o Brasil, seu Estado e, de modo muito especial, as riquezas do País, de sua Minas Gerais, da gente mais simples, mais humilde, as populações que, pelo projeto de V. Exª aprovado pelo Congresso Nacional, estão hoje recebendo vantagens a mais da Sudene. Pessoas como V. Exª tinham que permanecer. Minha querida amiga de sempre, a política é assim. Não é à toa que Winston Churchill, herói no mundo inteiro - de herói a primeiro-ministro, o grande vencedor da guerra, na eleição seguinte, não se elegeu sequer deputado em seu distrito eleitoral. Essas coisas acontecem. Na política, temos que ter a seriedade, a competência, a grandeza de ver além do horizonte. Aconteceu para mim, que perdi uma eleição para governador, o que não imaginava. Acontece com todos nós. É ali que o destino nos desafia na responsabilidade que temos de continuar, na responsabilidade que temos de olhar adiante o que tem por vir e na responsabilidade que temos com esse futuro. V. Exª, querida Júnia, é uma líder política, é uma mulher assim. Esse percalço não importa, já não existe, porque não tenho nenhuma dúvida de que o seu destino, o seu futuro, a vida política de V. Exª haverá de continuar. Haveremos de vê-la galgando, crescendo, avançando e distribuindo, com esse seu sorriso que transmite alegria, sinceridade, afeto, as suas idéias, que, por serem idéias de justiça social e de verdade, ficarão gravadas permanentemente nos nossos sentimentos e nos sentimentos do nosso povo. Meu carinho, meu abraço, meu afeto, minha admiração, minha querida Júnia Marise.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Pedro Simon. Confortam-me muito as palavras de V. Exª, principalmente porque elas também recuperam a memória tão importante da vida política do nosso País, a memória dos tempos em que iniciávamos a construção do partido da resistência, o nosso velho e saudoso MDB, depois transformado em PMDB. Foi exatamente naquele instante importante da vida do nosso País, acompanhando o trabalho de V. Exª, bravo Pedro Simon, numa das grandes concentrações em Belo Horizonte em que lá estava V. Exª, no pronunciamento que eu fazia naquela oportunidade, que o convoquei como próximo Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Nossos caminhos sempre estiveram lado a lado, sempre estivemos juntos nessa trincheira. As palavras de V. Exª só me fazem pensar, mais uma vez, que é sempre bom termos lutado e continuar lutando. Vou estar, lá em Minas, sempre batendo palmas, aplaudindo o trabalho de V. Exª como Senador representante do valoroso Estado do Rio Grande do Sul.

Muito obrigada.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB-SE) - Permite-me V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço com prazer V. Exª.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB-SE) - Senadora Júnia Marise, os apartes dos nossos colegas enfatizam sua passagem por esta Casa, numa manifestação inequívoca de que seu trabalho jamais será esquecido. Minas Gerais mandou para cá uma Senadora que gosta de trabalhar, de cumprir o seu dever, de atuar com dignidade e honradez em todos os momentos. Não houve, neste Senado Federal, qualquer assunto em que V. Exª não tomasse parte, desde o mais simples ao mais complexo, desde a defesa dos interesses nacionais - um nacionalismo patriótico, cívico - até o combate tenaz contra a privatização predatória das nossas empresas. Fez a defesa intransigente das regiões mais pobres, a exemplo do semi-árido de Minas Gerais, a defesa do direito das mulheres e crianças, a defesa da universalização do ensino. Enfim, V. Exª deu uma lição de amor ao Brasil. A sua palavra alegre, esfuziante e entusiástica chamou a atenção de todos nós simplesmente porque os seus pronunciamentos sintetizavam o pensamento geral dos Senadores que compõem esta Casa. Não irei mais longe, porque muitos elogios já foram feitos - logicamente ainda não são suficientes para o merecimento de V. Exª. E para não tomar o tempo daqueles que ainda querem se pronunciar, encerro este breve aparte dizendo que V. Exª conta com a minha admiração e respeito, Senadora da Oposição. Não uma oposição oportunista, ideológica, mas uma oposição de verdade, que enfrenta os problemas sem medo, sem receio, sem olhar para trás, sem pensar se vai ser eleita ou não. O importante é fazer oposição consciente, construtiva. Foi o que V. Exª fez e nos ensinou a fazer. Por essa razão, deixo aqui o meu abraço, o abraço do Partido Socialista Brasileiro, que apoiou V. Exª em Minas Gerais e certamente apoiará em outras oportunidades. Eu não poderia encerrar sem dizer que o Senador Romeu Tuma, nosso vizinho de cadeira, que saiu para fazer um exame - V. Exª sabe que o Senador está sendo submetido a exames periódicos - pediu-me que lhe transmitisse um agradecimento pelo trabalho grandioso e primoroso que realizou no Senado Federal. Que Deus tome conta de V. Exª e de sua família. Que Minas Gerais, mais uma vez, faça justiça ao seu trabalho. Muito obrigado.

A SR. JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Antonio Carlos Valadares, pelas palavras de V. Exª representando o Partido Socialista Brasileiro.

Reforço as posições que adotamos juntos em nossa luta, em nosso trabalho, em nossa atuação como parlamentares desta Casa. V. Ex ª sempre se colocou como um exemplo para todos nós de uma luta edificante em favor de nosso povo, de nosso País.

Muito obrigada.

A Srª Marina Silva (Bloco/PT-AC) - Permite V. Exª um aparte, Senadora Júnia Marise?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço com prazer a nobre, Senadora e Colega Marina Silva.

A Srª Marina Silva (Bloco/PT-AC) - Senadora Júnia Marise, primeiro quero lamentar a ausência de V. Exª junto à Bancada feminina no Senado. Todas nós, eu e as Senadoras Benedita da Silva, Emilia Fernandes, Marluce Pinto, Sandra Guidi, Luzia Toledo e outras que passaram por esta Casa, mesmo na condição de suplentes - como a Senadora Helô que agora está chegando - lamentamos sua saída. Com certeza lamentamos a saída de V. Exª em função da sua posição assumida na eleição de Minas Gerais. Quero dizer a V. Exª, neste breve aparte - aprendendo com o nobre Senador Lúcio Alcântara, que um aparte longo é uma intromissão no aparte dos outros colegas -, que em alguns momentos precisamos ser derrotados nos nossos pleitos específicos para que o pleito geral das nossas convicções continue vitorioso. A posição de V. Exª ao disputar a eleição com dignidade, a postura de V. Exª em não se deixar levar pelo caminho fácil do “ganhar a qualquer custo” fez com que V. Exª fosse derrotada aparentemente no seu pleito específico, mas altamente vitoriosa no seu pleito geral, que é a defesa da democracia e dos princípios políticos elevados. Há um provérbio bíblico que diz que “nada adianta o homem ganhar o mundo, se perder a sua alma”. V. Exª perde uma eleição, mas ganha, acima de tudo, a alma do povo brasileiro com a democracia, pelo exemplo de uma mulher corajosa que enfrenta as piores circunstâncias e que nesta tarde se despede do Senado da República, do Congresso Nacional com uma frase que é unânime da parte de todos nós: não se trata de um adeus, trata-se de um até breve, porque a aparente derrota se constituirá numa grande vitória de consciência pela falta que fará ao povo de Minas Gerais a sua voz altiva neste Senado, principalmente defendendo os excluídos do Vale do Jequitinhonha. Parabéns a V. Exª. Parabéns pelo seu trabalho. V. Exª perdeu uma eleição, mas continua ganhando a alma democrática do povo brasileiro. Muito obrigada.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senadora Marina Silva. Sinto não poder estar aqui tendo V. Exª como Líder do Bloco das Oposições, mas estarei presente com a alma e o coração, principalmente pela importância que teremos nos próximos dias, a partir desse ano, com V. Exª liderando com a sua competência, com a sua inteligência e, principalmente, com a sua fé inabalável nos destinos deste País, liderando o Bloco das Oposições, composto pelo PT, PDT, PSB e PPS.

Muito obrigada a V. Exª.

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB-SC) - Permite V. Exª um aparte?

O Sr. Edison Lobão (PFL-MA) - Permite V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço o Senador Casildo Maldaner e, em seguida, o Senador Edison Lobão.

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB-SC) - Senadora Júnia Marise, faço minhas todas as referências que lhe foram feitas pelos nobres Colegas, em especial as palavras que, há pouco, expressou o Senador Carlos Wilson. Na Câmara dos Deputados, fomos colegas. Não me esqueço de nosso encontro em Minas Gerais, V. Exª, Vice-Governadora, e eu, Vice-Governador por Santa Catarina, e aqui no Senado, em uma trajetória muito interessante. Além de tudo, falo pela lhaneza com que V. Exª, em todos os momentos, atua, com que se expressa, dialoga, pela maneira como procura convencer as pessoas em favor de suas teses. Tudo isso, parece-me, a tem marcado profundamente, ao longo de todos esses anos. Por isso, Senadora Júnia Marise, falo não só em meu nome, como catarinense, mas como disse há poucos dias em relação ao Senador Josaphat Marinho, V. Exª está acima de partidos políticos. Não só em meu nome, mas por decisão nossa, representantes de Santa Catarina, em nome da Senadora Sandra Guidi e do Senador Geraldo Althoff - observe-se que os três de partidos diferentes -, queremos homenageá-la. Portanto, de fato, V. Exª está acima dos partidos políticos. Senadora Júnia Marise, aceite, neste momento, as homenagens de Santa Catarina.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Casildo Maldaner.

Tivemos uma oportunidade ímpar em nossos caminhos políticos de nos encontrarmos à época em que V. Exª, Vice-Governador de Santa Catarina, e eu, Vice-Governadora de Minas, quando tivemos posições acima de todos os partidos, encontros em que pudemos fazer grandes e importantes avaliações sobre a contribuição que podíamos dar aos nossos Estados, às administrações estaduais e federal e, principalmente aos rumos do nosso povo e dos nossos Estados.

Encontrar com V. Exª aqui foi extremamente salutar. Ver a bravura com que V. Exª, assim como a Senadora Sandra Guidi, os Senadores Geraldo Althoff, Vilson Kleinübing, Esperidião Amin, atual Governador do Estado, e os demais Senadores, defenderam o Estado de Santa Catarina.

Muito obrigada.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço com prazer o Senador Edison Lobão.

O Sr. Edison Lobão (PFL-MA) - Senadora Júnia Marise, contentar-me-ia em fazer minhas as palavras da Senadora que me antecedeu. Mas não posso deixar de dizer que nos encontramos, pela primeira vez, na Câmara dos Deputados - V. Exª, Deputada por Minas, e eu, pelo Maranhão. Ali aprendi a admirar sua aguda inteligência, seu elevado espírito público. De lá para cá, prosseguiu V. Exª na vida pública e eu também. Fui acompanhando sua carreira e verificando que se aperfeiçoava em V. Exª o espírito público e o serviço ao Brasil, em especial a Minas Gerais. Aqui está V. Ex.ª sempre interferindo nas questões fundamentais e nos momentos transcendentais deste País, em prol dos mais legítimos interesses do povo brasileiro. V. Ex.ª retira-se agora do Senado, e o Brasil perde uma combatente do seu serviço. Mas sei que V. Ex.ª voltará. Muito obrigado.

O SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Senador Edison Lobão, eminentes Senadores, agradeço-lhes as palavras generosas, que muito me confortam, pois me trazem a certeza da importância de nossa vida pública. Estabelecemos sempre esse traço da boa convivência, do respeito às nossas posições, mas, principalmente, das qualidades que norteiam cada um nas suas atitudes políticas.

Senador Edison Lobão, V. Ex.ª sempre representou aqui, com seu trabalho, o Estado do Maranhão. Foi Senador, Governador e retorna pelas mãos e confiança do seu povo, para continuar lutando pelo Maranhão. Muito obrigada.

O Sr. Lúcio Alcântara (PSDB-CE) - Permite V. Exª um aparte?

O SRª JÚNIA MARISE(Bloco/PDT-MG) - Com muito prazer, nobre Senador Lúcio Alcântara.

O Sr. Lúcio Alcântara (PSDB-CE) - Senadora Júnia Marise, quem fala por último não tem oportunidade de ser original, mas leva uma vantagem: o consenso, que há neste plenário e, certamente, por parte dos oradores que irão seguir a mim, sobre seu excelente desempenho como Senadora. Tive o privilégio de conviver com V. Exª na Câmara. Eu era Vice-Líder do PMDB. Naquela época, as sessões do Congresso ocorriam às 19h; eram sessões com pouquíssimos Parlamentares, mas V. Exª sempre estava ali, com suas opiniões, com suas reivindicações, com sua postura diante dos problemas nacionais. Alguns anos depois, nós nos encontramos aqui, e eu pude confirmar o juízo que tinha de V. Exª como uma excelente parlamentar. Muitos pinçaram traços de seu caráter, de sua personalidade para exaltar sua atuação nesta Casa, mas eu gostaria de lembrar a freqüência com que V. Exª vinha à tribuna, aproveitando dispositivos regimentais para falar por mais de uma vez no mesmo dia em favor do povo que representa, o povo do glorioso Estado de Minas Gerais. Reforço o que aqui foi dito sobre a forma elegante como V. Exª se conduziu, inclusive quando estavam em jogo opiniões divergentes em assuntos muitas vezes momentosos. Houve aqui, por exemplo, uma discussão sobre o alargamento da área de competência da Sudene para beneficiar parte do Espírito Santo e parte de Minas Gerais, e V. Exª manteve firme sua postura em defesa do projeto; era uma pessoa extremamente cordial que buscava vencer pelo convencimento, firme nas suas posições, mas sem ser áspera no debate. Sem dúvida, sentiremos essa lacuna, mas tenho certeza - pela oportunidade que tive de conversar com V. Exª - que, de acordo com os seus planos futuros, se Deus quiser, voltará à política e, se for assim a vontade do povo de Minas, reintegrar-se-á ao Senado Federal. Muito obrigado.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Lúcio Alcântara, por essa manifestação e por me fazer relembrar, com saudade, momentos que vivenciamos juntos, momentos difíceis da vida nacional. À época do autoritarismo, quantos de nós estivemos na trincheira na busca da conciliação nacional, mormente das liberdades tão desejadas e ansiadas por todos! V. Exª estava presente, desempenhando um papel importante e decisivo como Deputado Federal, na linha de frente, participando de momento tão importante da vida de nosso País.

O Sr. Carlos Patrocínio (PFL-TO) - V. Exª me permite um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço o aparte do nobre Senador Carlos Patrocínio.

O Sr. Carlos Patrocínio (PFL-TO) - Nobre Senadora Júnia Marise, tive a oportunidade e o privilégio de conhecê-la em Brasília, em um comitê do candidato Fernando Collor. Na oportunidade, V. Exª defendia os entendimentos, em nome de Minas Gerais, com muita veemência e sobretudo com altivez. Desde então, passei a admirá-la. Posteriormente, tivemos esta convivência harmoniosa no Senado Federal, em que V. Exª demonstrou sempre as mesmas posições, as mesmas convicções e a mesma altivez. Agora, V. Exª, com a mesma altivez, despede-se desta Casa, onde defendeu com tanto denodo o nosso querido povo das Alterosas, sobretudo aquele povo mais sofrido da nossa região do norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha. Eminente Senadora, estamos hoje pesarosos, porque esta Casa perde mais um de seus luminares - e temos perdido muitos deles -, e V. Exª pode ter certeza de que representou muito para o povo mineiro no Parlamento nacional. Seja sempre muito feliz, querida Senadora.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Carlos Patrocínio. V. Exª é um dos nossos conterrâneos, é filho da nossa terra. Em várias ocasiões, temos dito que Minas sempre pensou no Brasil, e é por isso que Minas tem emprestado seus grandes valores políticos a todo o Brasil, para que eles possam atuar em todos os Estados da Federação. V. Exª, mineiro, está lá no Estado de Tocantins, brilhando e representando tão bem aquela gente no Senado Federal.

Muito obrigada.

O Sr. Lauro Campos (Bloco/PT-DF) - Nobre Senadora, V. Exª me concede um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço o Senador Lauro Campos.

O Sr. Lauro Campos (Bloco/PT-DF) - Nobre Senadora Júnia Marise, quantos de nós poderíamos almejar uma despedida gloriosa como esta que se está fazendo hoje aqui no Senado Federal. As minhas palavras são despiciendas, não precisariam ser enunciadas, uma vez que tantas figuras, tantos oradores, tantos admiradores me antecederam. Mas a personalidade de V. Exª é tão rica que ainda comporta estas palavras de seu modesto conterrâneo, nascido em Belo Horizonte. Pela Avenida Amazonas, pela Avenida Afonso Pena, pela Avenida do Contorno, pela Pampulha, tantos lugares devemos ter trilhado juntos com a diferença temporal acentuada. Eu gostaria de salientar em V. Exª o traço da vanguardeira; a senhora, Senadora Júnia Marise, é uma vanguardeira. Eu, que conheço bem Minas Gerais, lá nasci e vivi por trinta anos, sei como deve ter sido difícil, penosa, dura, sofrida a sua vitória, a sua vida. Não é brincadeira, numa sociedade machista, apresentar a delicadeza da mulher e conseguir passar pelos espinhos dessa sociedade sem se ferir, sem se transformar, sem se modificar, a não ser para melhor. V. Exª, naquela sociedade fechada, excludente, mostrou que a pobreza não é sempre um obstáculo. V. Exª me disse que nasceu pobre e que foi crescendo, e crescendo foi a sua consciência. Em todas as campanhas que enfrentou, sempre obteve merecida vitória. Agora, o tempo que dedicamos a homenageá-la está praticamente se encerrando, e eu gostaria de dizer que é muito raro que um Senador ou uma Senadora, ao se despedir, tenha-nos feito construir, com os cordões de nossa sensibilidade, com as flores de nossa amizade, o tapete sobre o qual a senhora vai passar ao nos deixar por algum tempo. Felicidades!

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada. Senador Lauro Campos. Nós, mineiros, consideramos V. Exª um dos grandes nomes da política nacional, que, como disse na referência que fiz ao Senador Carlos Patrocínio, emprestamos também para Brasília, junto àquele grande monumento que foi Juscelino Kubitschek, quando veio desbravar essa grande e importante área do Brasil Central, para construir a nova Capital do País.

V. Exª aprendeu na peculiaridade das coisas de Minas Gerais, no convívio com os movimentos populares, com a pobreza, com todas as suas dificuldades, contribuindo também com a sua sabedoria e a sua intelectualidade a favor de Brasília e do Brasil.

Agradeço a V. Exª pelas generosas palavras.

O Sr. Sérgio Machado (PSDB-CE) - V. Exª me permite um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço com muito prazer o eminente Líder do PSDB, Senador Sérgio Machado.

O Sr. Sérgio Machado (PSDB-CE) - Sr. Presidente, Senadora Júnia Marise, eu, que era seu companheiro de Bancada, quase vizinho, passei esses quatro anos vendo a sua tranqüilidade, a maneira com que V. Exª aceitava o contraditório, mas sempre defendendo o seu pensamento. Persistente: mesmo quando era minoria, quando era única, levantava-se, colocava-se, lutava e pregava - isso faz parte do político mineiro, que tem persistência e capacidade de antever. Nesta tarde, tantos companheiros falaram, do fundo do coração, dizendo como foi boa essa convivência. Aproveito, quase ao encerrar, para registrar que foi muito importante ser seu colega. V. Exª deixa-nos como Senadora, mas estará sempre conosco nessa luta para que possamos construir o Brasil do nosso sonho.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Senador Sérgio Machado, agradeço-lhe e faço também um registro muito especial. Durante todo o nosso convívio, V. Exª, como Líder do PSDB, portanto na defesa do Governo e de suas próprias convicções, manteve nossas relações cordiais e amigas, esteve ciente das disposições divergentes que às vezes adotávamos, mas nunca deixamos de conviver respeitosamente no Senado.

Além disso, parabenizo V. Exª, que, com seus posicionamentos, servindo ao Brasil com seu trabalho e sua atuação, sempre agiu no sentido de devotar o compromisso maior ao futuro do nosso País.

Muito obrigada por suas generosas palavras.

O Sr. José Fogaça (PMDB-RS) - Permite-me V. Exª um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. José Fogaça (PMDB-RS) - Senadora Júnia Marise, quero fazer um registro, apesar de ser um dos últimos oradores e, portanto, ter aqui a exigência do tempo a me obrigar a falar menos do que gostaria. Mas eu queria que o povo de Minas Gerais soubesse que V. Exª foi a autora do projeto de lei que criou a obrigação dos Partidos de oferecer, de reservar um determinado número de vagas para as mulheres nas eleições. Como fui o Relator dessa matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, recebi de parte de V. Exª telefonemas insistentes - persistência associada a insistência - porque V. Exª tinha em relação àquele projeto um carinho e um compromisso muito grandes. É esta a homenagem que quero fazer: agradecer a V. Exª por ter-me telefonado tantas vezes, por ter insistido tanto, por ter lutado tanto pelo seu projeto, que acabou sendo incorporado à Lei Eleitoral. Em conseqüência, acredito que hoje é uma realidade plasmada, definitiva no Brasil, o fato de que as mulheres terão uma discriminação positiva nos Partidos políticos, contando com mais de 20% nas listas eleitorais. É mérito de V. Exª, isso deve ser-lhe atribuído, porque V. Exª foi autora inicial do primeiro projeto de lei que tratou dessa questão. Também quero dizer que, desde 1982, quando éramos colegas na Câmara e nossos gabinetes eram exatamente vizinhos, já desde então eu admirava o seu trabalho. Nesta Casa, coroando essa admiração, pude dar o parecer favorável exatamente nas condições em que V. Exª queria e que era o desejo de todas as mulheres brasileiras, dos brasileiros que sabem que a discriminação positiva é uma forma de fazer igualdade. Isso, sem dúvida alguma, tem que ficar registrado nos Anais do Senado, na história do País como um mérito da luta de V. Exª. Todas as mulheres que integram o Parlamento participaram com muita convicção e ardor, mas V. Exª foi uma das primeiras, senão a primeira, a apresentar o projeto de lei nessas condições. Faço esse registro me despedindo de V. Exª, mas com a certeza de que permanece nesta Casa a sua imagem, o eco de suas palavras, da sua visão de mundo e principalmente da sua sensibilidade. V. Exª sabe endurecer o olhar sem perder a ternura, o que marca a sua passagem pelo Senado que, possivelmente, não será a última no Congresso Nacional. Muito obrigado.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador José Fogaça.

Quero dizer que V. Exª, sobre a questão que foi extremamente histórica para o nosso País e que foi um grande avanço na expectativa, na formulação de uma proposta que viria ensejar a maior participação das mulheres brasileiras no processo político-partidário, V. Exª, como Relator da matéria, também tem um papel histórico na conquista e no avanço que obtivemos nesta Casa do Senado Federal e no Congresso Nacional. Por isso, eu me vejo neste momento também recolhendo a manifestação e o testemunho de V. Exª. Desejo compartilhar de todo este avanço, de toda esta conquista com V. Exª, que soube entender e compreender a importância histórica de fazermos com que houvesse, por parte de todos os Partidos políticos, uma abertura maior que pudesse garantir a integração e a participação da mulher brasileira na vida pública. Muito obrigada a V. Exª.

Ouço com muito prazer o Senador Ademir Andrade e, em seguida, o Senador Jônice Tristão.

O Sr. Ademir Andrade (Bloco/PSB-PA) - Senadora Júnia Marise, quero apenas lhe dar um abraço. Um abraço pela sua atuação política, pela sua competência, pela sua firmeza de atitude ao longo desses oito anos no Senado da República; um abraço também pela forma como enfrentou as eleições em Minas Gerais, ao lado de um candidato do PT a Governador, com todas as dificuldades econômicas diante do quadro difícil em que nos encontrávamos; um abraço pela sua coerência; um abraço pela sua decisão, também acertada, no segundo turno das eleições de Minas Gerais, e lamentar pela sua ausência ao nosso lado nesses próximos quatro anos. Mas a política é assim. Eu também sou político há muitos anos. Fiquei quatro anos fora do Congresso, estou aqui de volta, e espero que V. Exª esteja de volta, conosco, o mais breve possível. E, mesmo de fora, continuará dando a sua contribuição na luta pela qual o povo brasileiro tanto precisa: a busca da justiça e da igualdade. Um grande abraço e muitas felicidades a V. Exª.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Ademir Andrade, Líder do PSB nesta Casa. Nossa convivência sempre foi marcada pela identidade das nossas posições, e o nosso companheirismo consolidou-se principalmente pelas convergências de nossas posições no enfrentamento de todas as nossas idéias.

Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senadora Júnia Marise, peço licença só para fazer um apelo. Srs. Senadores, permaneçam na Casa, porque, após o encerramento do discurso da Senadora Júnia Marise, teremos a Ordem do Dia com matérias que exigem votação nominal.

V. Exª continua com a palavra, Senadora Júnia Marise.

O Sr. Jônice Tristão (PFL-ES) - V. Exª concede-me um aparte, nobre Senadora?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Com prazer, Senador Jônice Tristão.

O Sr. Jônice Tristão (PFL-ES) - Muito obrigado, Senadora Júnia Marise. Como sou um dos últimos a pronunciar as palavras aqui em homenagem a V. Exª só posso dar-lhes meus parabéns. Meus parabéns, mesmo, por suas qualidades tão bem exaltadas e testemunhadas pela maioria dos nossos nobres Senadores, qualidades essas endossadas e engrandecidas pelas palavras de nosso Presidente, Senador Antonio Carlos Magalhães. Entretanto, lamento o curto período em que exerci o mandato de Senador - onze meses, em 1994, e um mês, agora em 1999 - para poder usufruir muito mais o privilégio da companhia de V. Exª. Desejo a V. Exª muito sucesso. Boa sorte e volte brevemente a esta Casa. Muito obrigado.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Jônice Tristão. É o que desejo também a V. Exª. Espero que possa voltar em breve a esta Casa e que possa com a sua altivez, com o seu trabalho representar o seu Estado, a sua gente. Obrigada.

O Sr. Jônice Tristão (PFL-ES) - Em nome do nosso Estado, eu gostaria de enfatizar o nosso agradecimento - não o meu apenas, mas o de toda a nossa Bancada - pelo esforço, pela dedicação, pela maneira com que V. Exª defendeu o nosso Estado na inclusão do Norte na Sudene. Muito obrigado, em nome de todos os capixabas.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada.

O Sr. Júlio Campos (PFL-MT) - V. Exª me concede um aparte?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço com prazer o nobre Senador Júlio Campos.

O Sr. Júlio Campos (PFL-MT) - Senadora Júnia Marise, serei muito breve. Quero dizer-lhe que tive o privilégio de conviver com V. Exª, primeiramente como Deputado, na Câmara Federal, entre 1978 e 1982; depois, acompanhei a sua luta como Vice-Governadora e Governadora em exercício de Minas Gerais; em seguida, nesses últimos oito anos no Senado Federal. V. Exª foi membro da Mesa Diretora, e tivemos o privilégio de trabalhar juntos de 1993 a 1995 - eu como 1o Secretário e V. Exª como 3a Secretária na Mesa, sob a gestão do inesquecível Presidente Humberto Lucena. Quero dizer a V. Exª que, da nossa convivência do dia-a-dia, fica minha admiração profunda e o meu enorme respeito à sua luta. Tenho certeza de que daqui a quatro anos Júnia Marise estará novamente brilhando no Congresso Nacional, representando o bravo povo mineiro. Felicidades e que Deus a abençoe.

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Obrigada, Senador Júlio Campos. Eu também, se me permite, desejo formular aqui meu desejo de que V. Exª possa retornar a esta Casa para defender o povo e o Estado de Mato Grosso. Muito obrigada e que Deus também o acompanhe em sua vida.

O Sr. Pedro Piva (PSDB-SP) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senadora Júnia Marise?

A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Pois não, nobre Senador Pedro Piva.

O Sr. Pedro Piva (PSDB-SP) - Senadora Júnia Marise, tive muita sorte desde a minha entrada aqui no Senado. Não apenas por todos os colegas que me acolheram mas principalmente por ser seu vizinho. Partilhei, aqui da minha cadeira, da sua companhia, do seu brilho e da sua inteligência, o que ajudou muito minha estada aqui. Somos vizinhos de Estado também. E São Paulo, por meu intermédio, vem lhe prestar esta homenagem e agradecer-lhe por todo o seu trabalho. V. Exª, que jamais titubeou em seus princípios, não está se despedindo. Está apenas fazendo uma pausa em sua brilhante carreira. Brevemente estará de volta emprestando o seu brilho que excede nesta Casa, transpõe barreiras e transpõe fronteiras. Não me esqueço, Senadora Júnia Marise, de sua luta, de seu empenho e de sua solidariedade quando eu aqui defendia o Banespa, o Banco de São Paulo, em uma votação difícil. V. Exª esteve ao meu lado e não hesitou em apoiar o Estado de São Paulo na situação difícil por que passava. Agradeço-lhe por todas as gentilezas, por todo o seu brilho. E, ao me despedir de V. Exª, tenho aqui o dístico da bandeira de Minas Gerais, LIBERTAS QUAE SERA TAMEN: liberdade ainda que tardia. O povo de Minas Gerais terá a liberdade de fazê-la voltar, pelas urnas, a qualquer posto a que a senhora se candidate. Até breve, minha amiga.

           A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Pedro Piva. Aliás, V. Exª tem a unanimidade não só pela sua atuação, mas também pela forma com que aqui cativou a todos nós, Senadoras e Senadores.

           As palavras de V. Exª me confortam muito, pela generosidade e pelo carinho. Muito obrigada.

           O Sr. Nabor Júnior (PMDB-AC) - Senadora Júnia Marise, V. Exª me permite um aparte?

           A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Ouço, finalmente, o eminente Senador Nabor Júnior.

           O Sr. Nabor Júnior (PMDB-AC) - Senadora Júnia, não poderia deixar de externar, também, os meus cumprimentos a V. Exª pelo grande número de manifestações que recebeu aqui de quase todos os Senadores que integram esta Casa, no momento em que V. Exª se despede do mandato parlamentar de Senadora por Minas Gerais. Gostaria de ressaltar o grande apreço e estima que tenho por V. Exª desde a Câmara dos Deputados, onde convivemos por quatro anos, depois como membro da Mesa presidida pelo Senador Humberto Lucena, conforme já foi lembrado aqui pelo Senador Júlio Campos, e aqui a nossa convivência sempre foi amável no plenário do Senado Federal. V. Exª teve uma atuação destacada, honrou as tradições do Estado de Minas Gerais. Já houve muitos homens públicos que também tiveram atuação marcante, não só aqui no Senado, mas também na política nacional. V. Exª herdou essa tradição de Minas Gerais. Por essa razão, quero cumprimentá-la e desejar-lhe muito sucesso nas novas funções que V. Exª desempenhará após o término do seu mandato. Muito obrigado e muito sucesso. São os meus votos.

           A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Nabor Júnior, pelas suas generosas palavras que se incorporam a este meu pronunciamento de despedida.

           O SR. GUILHERME PALMEIRA (PFL-AL) - Nobre Senadora, permite-me V. Exª um aparte?

           A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Com muito prazer, Senador Guilherme Palmeira.

           O SR. GUILHERME PALMEIRA (PFL-AL) - Não posso deixar de assinalar a correção, o espírito público e o devotamento que V. Exª dedicou ao exercício de seu mandato, constituindo, para todos os seus colegas nesta Casa, um exemplo de que todos nós nos orgulhamos. V. Exª honra as tradições de Minas Gerais e, mais do que isto, demonstra, com a sua operosidade, o que o Brasil espera, a despeito dos resultados do último pleito, de sua atividade política, investida ou não de mandato legislativo. Lamentavelmente, o Congresso Nacional estará privado, nos próximos anos, de sua presença e de sua atuação, mas, seguramente, não da contribuição que V. Exª dará à política brasileira. Nós, que nos acostumamos à palavra vibrante e à ação destemida de V. Exª, estamos certos de que o Estado de Minas Gerais saberá reconhecer as qualidades que ornam a personalidade, de sua representante nesta Casa, atribuindo-lhes nossa responsabilidade que se coadunem não só com sua capacidade, mas sobretudo com sua dedicação à causa pública.

           A SRª JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG) - Muito obrigada, Senador Guilherme Palmeira, pelas suas também generosas palavras que se incorporam a este meu pronunciamento de despedida.

           Peço desculpas ao nobre Presidente, Senador Geraldo Melo, por ter, quem sabe, ultrapassado o limite do tempo que me fora destinado pelo Regimento desta Casa. Agradeço-lhe, portanto, por esta manifestação regimental de generosidade.

           Quero dizer da minha emoção, neste momento, em ocupar pela última vez a tribuna desta Casa, mas na certeza de que estaremos sempre construindo, cada vez mais, um Brasil melhor para nosso povo, para nossa gente.

           Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/01/1999 - Página 2247