Discurso no Senado Federal

APLAUSOS A BRILHANTE ATUAÇÃO DO SR. LAZARO DE MELLO BRANDÃO A FRENTE DA GESTÃO DO BRADESCO.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • APLAUSOS A BRILHANTE ATUAÇÃO DO SR. LAZARO DE MELLO BRANDÃO A FRENTE DA GESTÃO DO BRADESCO.
Aparteantes
Bello Parga, Romero Jucá.
Publicação
Publicação no DSF de 24/02/1999 - Página 2978
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, SUCESSÃO, PRESIDENCIA, BANCO PARTICULAR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, GESTÃO, LAZARO DE MELLO BRANDÃO, EX PRESIDENTE.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a imprensa ofereceu farto noticiário sobre a última reunião da diretoria do Bradesco, destacando a mudança de nomes na sua direção. Afastava-se da presidência do banco o Sr. Lázaro de Mello Brandão, sucedendo-o o Sr. Márcio Cypriano. O mesmo destaque foi dado no passado, como se recorda, quando Lázaro Brandão sucedeu o fundador do banco, o saudoso Amador Aguiar, cuja visão de banqueiro vitorioso sempre se equiparou à dos grandes ases da banca internacional.  

Essa relevância dada aos processos sucessórios no Bradesco deve-se às peculiaridades dessa instituição. Começou do nada, como tantas outras, para alcançar culminâncias entre as instituições financeiras. Dava-se como insubstituível a notável figura de Amador Aguiar, que, na sua legendária simplicidade de homem integralmente devotado ao trabalho, levou adiante seus ideais de homem de negócios, colocando prudentemente tijolo sobre tijolo em cada um dos seus empreendimentos. Graças a sua honradez e correção no trato com clientes, pode assistir, ainda em vida, ao retumbante sucesso das suas programações.  

Mas Amador Aguiar, como se viu, não era insubstituível. Enxergava mais longe, com invejável acuidade, e deixou-se suceder por discípulo que lhe seguiu os passos com visão própria.  

Lázaro de Mello Brandão manteve na sede da empresa, na Cidade de Deus, em Osasco, na Grande São Paulo, até mesmo o famoso "mesão" - peculiaridade exclusiva do Bradesco, que reúne na mesma sala, sem divisórias, todos os diretores da empresa. Contudo, devia impor, como impôs, os seus próprios métodos de trabalho e de orientação às diretrizes a serem seguidas pela organização, acompanhando a notável evolução dos negócios em um mundo inteiramente informatizado.  

O êxito alcançado, que hoje coloca o Bradesco entre um dos principais conglomerados financeiros da América Latina, demonstra quão firme e talentosa foi a administração Lázaro Brandão, que obteve, no ano findo, o maior lucro já alcançado na história por empreendimentos da iniciativa privada brasileira.  

Chegou, porém, a hora de novas mudanças, tanto pela própria filosofia firmada nos estatutos da instituição quanto pelas novas realidades que vão sendo atropeladamente inauguradas pela chamada globalização.  

Os bancos transformam-se, no mundo moderno, no principal instrumento dos negócios nacionais e internacionais. Somas fabulosas de dinheiro - em uma época em que o dinheiro vai perdendo nacionalidade - não se deslocam, interna ou externamente, somente em malotes fechados guardados por seguranças armados. O dinheiro movimenta-se a um simples apertar de botão, viajando milhares de quilômetros em frações de minutos. Entre as populações, paga-se ou recebe-se com o chamado "dinheiro plástico", que são os cartões de crédito. Qualquer pessoa do povo, nos dias atuais, pode movimentar dinheiro, no banco da sua preferência, através de computadores residenciais. No alto mundo dos negócios, as transações são feitas por processos incrivelmente simples e rápidos, a cada dia criando-se mecanismos que dão mais e mais velocidade às tratativas combinadas.  

E, presidindo todo esse processo, estão os bancos comerciais. Há os que sobreviverão com tais avanços à modernidade, e há os que infelizmente já sucumbiram ou vão sucumbir nas ondas que os tragaram ou vão tragar.  

No Brasil, temos assistido, sem aplausos, ao desenrolar desses acontecimentos que envolvem as praças financeiras de todo o mundo. Para aqui têm migrado poderosos conglomerados que, quando não absorvem, ameaçam os empreendimentos bancários nacionais. Trazem tecnologia de ponta e carteiras recheadas de recursos em moeda forte.  

É nesse campo de batalha da concorrência que se faz acirrada como nunca que se inserem o Bradesco e as demais instituições financeiras genuinamente brasileiras. Suas lideranças estão atentas à premente necessidade de constantes renovações de métodos, estratégias e recursos humanos que acompanhem as fulminantes transformações no setor. No Bradesco, segundo a imprensa, tornou-se óbvio que as atuais mudanças refletem o desejo de rejuvenescimento das suas lideranças, criando-se mecanismos e estímulos para o preparo qualificado e a ascensão mais rápida dos funcionários vocacionados para as tarefas que emergem das novas criações tecnológicas.  

"A busca por produtividade e eficiência é constante", disse Lázaro Brandão numa entrevista. De suas declarações, depreende-se que o Bradesco, ainda o líder absoluto entre os bancos privados brasileiros, persistirá no esforço para que não se lhe tire esse galardão.  

E por isso renova-se. A famosa "grande mesa" comum a todos os diretores sofreu modificações, dando mais espaço para alguns. Lázaro Brandão, em vez de aposentar-se, decidiu reservar-se, não obstante os seus 72 anos, para a presidência de um Conselho de Administração reformulado, dedicado inteiramente a traçar as estratégias do melhor encaminhamento dos negócios afetos ao Bradesco. Memória viva do banco, conhecedor das suas entranhas, Lázaro será o grande conselheiro, o guia de uma holding a indicar os processos que mantenham sua instituição em posição de destaque num mundo globalizado.  

O Sr. Bello Parga (PFL-MA) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador?  

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA) - Pois não. Ouço V. Exª com todo prazer, Senador Bello Parga.  

O Sr. Bello Parga (PFL-MA) - Nobre Senador Edison Lobão, neste momento em que V. Exª faz um justo e adequado elogio ao Dr. Lázaro Brandão, que durante muito tempo foi o executivo de maior autoridade no conjunto das instituições financeiras do Grupo Bradesco, é próprio trazer o meu apoio às suas palavras. Lázaro Brandão é um brasileiro que enriquece o País. Enriquece-o como um capitão do setor financeiro que soube levar o conglomerado Bradesco a uma posição de destaque no seio da economia nacional. Mas é justo, principalmente, que seja assinalada a consciência social desse ilustre banqueiro. A gestão de Lázaro Brandão no Bradesco ampliou o seu programa de assistência social, fazendo-o presente na regiões mais afastadas do País. Via devolução de recursos amealhados pelas operações bancárias do Bradesco, muito se fez em favor das comunidades, às vezes as comunidades mais afastadas da periferia dos grandes centros. Quero dizer que esta não é só a minha palavra pessoal de admiração àquele executivo do setor bancário, mas é também a palavra de louvor da coletividade maranhense. Lembro a V. Exª, que naturalmente não ignora o assunto, que o Bradesco, às suas próprias custas, instalou duas escolas-modelos no Maranhão de 1º e 2º Graus: uma na Capital do nosso Estado - na Avenida Médici a caminho do aeroporto, e a outra no Município de Pinheiro. Essas unidades escolares hoje ajudam a infância e a juventude maranhense a trilhar os caminhos da informação, do conhecimento e da sabedoria. De maneira que acho adequado trazer aqui o apoio da coletividade maranhense às palavras de V. Exª, neste momento em que faz o louvor correto e adequado à pessoa de Lázaro Brandão.  

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA) - Agradeço-lhe, Senador Bello Parga, a contribuição que traz a este meu pronunciamento, sobretudo porque lembra o papel social do Bradesco, cujo desempenho pode ser comparado ao de poucas instituições privadas neste País, havendo-se com extremo cuidado e com todo o êxito entre nós.  

Faço votos que o Bradesco possa prosseguir nesta linha, seja no campo da economia propriamente dita, seja na parte social, porque num setor e no outro o Bradesco oferece lições para as grandes corporações deste nosso País.  

O Sr. Romero Jucá (PSDB-RR) - Permite-me V. Exª um aparte?  

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA) - Ouço V. Exª com prazer.  

O Sr. Romero Jucá (PSDB-RR) - Meu caro Senador Edison Lobão, gostaria também de me associar às palavras de V. Exª quando registra a atuação do Dr. Lázaro de Mello Brandão e a história de crescimento do Bradesco. Este banco, na gestão de Amador Aguiar, depois consolidada pela gestão de Lázaro Brandão, passou por uma transformação, tornando-se, sem dúvida nenhuma, um banco de grande penetração popular, dando, inclusive, condição a que muitos brasileiros, pequenos poupadores, tivessem o que podemos chamar de cidadania financeira: tiveram acesso à caderneta de poupança, conta corrente etc. O banco capilarizou sua atuação por todo o território nacional. É importante, como disse o Senador Bello Parga, registrar também que essa agência financeira, que esse banco que ganha dinheiro com aplicações financeiras, preocupou-se também em dar uma conotação social à instituição, com a criação da Fundação Bradesco, cuja atuação se dá principalmente nas áreas de educação, de formação técnica e de assistência social. Quero, portanto, parabenizar V. Exª pela excelente lembrança e registrar também as minhas palavras de apoio e de admiração pela gestão, pela atuação do homem empresarial, do homem brasileiro Lázaro de Mello Brandão, que deixa a direção do banco e, sem dúvida, continuará a contribuir no Conselho para que a instituição continue a ser uma das marcas importantes do Brasil no sistema financeiro mundial. Meus parabéns pelas suas palavras.  

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA) - As palavras de V. Exª são, sem dúvida, as palavras do extremo Norte brasileiro em apoio a essa instituição privada que é um dos orgulhos desta Nação.  

Sr. Presidente, Lázaro Brandão foi buscar para sucedê-lo um nome até então não especulado pela imprensa, o de Márcio Cypriano, que ingressara no Bradesco quando este comprou o Banco da Bahia, em 1973, onde Márcio ingressara como escriturário há seis anos e então desempenhava as funções de gerente de agência. Viu-se em Márcio Cypriano, como registrou a imprensa, uma extraordinária habilidade no relacionamento com clientes e na liderança de agências.  

Creio, Sr. Presidente, que o Brasil precisa destacar personalidades como a de Lázaro de Mello Brandão. Nos países culturalmente adiantados, nos quais as mais fartas informações chegam a todas as camadas do povo, as personalidades especiais são cultuadas como um edificante exemplo a ser oferecido às gerações que se sucedem.

 

Os caminhos trilhados desde a juventude por esses pró-homens da iniciativa privada - de incessante luta, de persistência indormida, vencendo desconfortos e inumeráveis desafios na busca do aprimoramento técnico e intelectual, superando tentações para manter intocada a sua correção profissional, moral e cristã - transformaram-se em modelos a serem absorvidos pelos mais jovens.  

Os jovens que estudarem as biografias de brasileiros como Lázaro Brandão e de tantos outros dos nossos pró-homens, haverão de concluir que os sacrifícios deles exigidos pela vida, como se fosse a paga para o êxito de seus porvires, valem a pena ser enfrentados. Há o tempo para tudo, o tempo das dificuldades e o tempo dos sucessos, parecendo certo que a vida, guiada sob misteriosos desígnios, habitualmente compensa os que souberam administrar com prudência e sabedoria os diversificados períodos que foram conferidos às suas existências.  

O ex-presidente do Bradesco iniciou sua vida profissional nessa instituição aos 16 anos de idade. Aos 37, já era um dos seus diretores; aos 51, Diretor Vice-Presidente; e, aos 55 anos, assumiu a Presidência da Diretoria, sucedendo a Amador Aguiar, fundador da instituição, outro grande homem que muito orgulho causa à Nação brasileira.  

Fácil imaginar o rol de dificuldades que terá envolvido a jovem cabeça de um menino de dezesseis anos para, ao lado do trabalho profissional sob a fiscalização de um patrão rigoroso, mas justo, vencer a cada dia os tropeços para os seus estudos até diplomar-se em Administração de Empresas e Economia. Degrau por degrau, ascendeu na carreira que escolheu, vendo reconhecidos os seus méritos.  

Assim tem sido o cotidiano de Lázaro de Mello Brandão, desde cedo vocacionado para os empreendimentos privados, conhecendo-lhes os mecanismos, aceitando-lhes os riscos e tendo sobre eles uma visão que, mesclada à sua moderação, asseguraram renovados êxitos às decisões da instituição que ele ajudou a manter como uma das mais estáveis da América Latina.  

É de ressaltar que, na vida desses homens - sejam do Brasil, sejam de outros países -, há características comuns a todos eles: os que se fizeram por si mesmos são pessoas de hábitos geralmente simples e preocupam-se com os problemas sociais. Há nações em que muitas das suas principais universidades, bibliotecas, pesquisas e museus de arte sobrevivem, e bem, com as doações recebidas desses varões exemplares e empresarialmente bem sucedidos, que despertam a admiração do seu povo pelo notável desprendimento com que cumprem o que consideram um dever de filantropia.  

Entre nós, cabe à Fundação Bradesco, há longos anos, manter escolas da melhor qualificação espalhadas por todo o País, cujas vagas são disputadíssimas por jovens, na sua maioria carentes, que buscam seguir exatamente a trilha das gerações profissionalmente bem sucedidas.  

A instituição Bradesco, portanto, além de ser um agente econômico gerador de riqueza, que apóia financeiramente empreendimentos produtivos e cria empregos para milhares e milhares de brasileiros, não se omite no socorro a jovens carentes que querem aprender e evoluir, meta que vem desafiando, infelizmente com pouco sucesso, as administrações estatais.  

Todos nós, Sr. Presidente, temos sofrido com o drama do desemprego em nosso País. Esse gravíssimo problema social está atingindo não somente aqueles que não se qualificaram, mas todas as categorias da sociedade. E agrava-se ainda mais com a impossibilidade de o setor público absorver, mesmo mediante concursos, a grande massa que desejaria trabalhar a serviço do Estado. O emprego público está vivendo o seu ocaso. O Estado reduz-se, e, com ele, o número dos que poderiam servi-lo diretamente. É o instante, pois, de se estimular, com todas as forças possíveis, especialmente pelo avanço da globalização, a iniciativa privada, a provedora adequada para os contratos de trabalho. Nesse contexto estão os bancos, notadamente os nacionais, que têm os instrumentos para o incremento dos negócios, fonte da geração de empregos.  

O meu pronunciamento hoje, Srªs e Srs. Senadores, tem o objetivo de ressaltar a personalidade de Lázaro de Mello Brandão, no instante em que ele se afasta da Presidência executiva do Bradesco, como um modelo que se oferece aos jovens brasileiros - o sucesso pessoal que resulta de um trabalho sério, de quem superou dificuldades para atingir as culminâncias de uma carreira profissional.  

Mesmo aos 72 anos de idade, Lázaro Brandão não abdica do trabalho. Além da Presidência do Conselho de Administração do Bradesco, continuará oferecendo sua importante participação em colegiados como membro do Conselho Diretor da Federação Brasileira da Associação de Bancos, do Conselho de Administração do Fundo Garantidor de Créditos e, desde julho do ano passado, Presidente do Conselho de Administração da Companhia Brasileira de Securitização.  

É essa personalidade que, da tribuna do Senado, tenho o grato prazer de aplaudir, certo de que não deixará jamais de oferecer ao nosso País a colaboração que tem prestado com as suas ações, suas iniciativas e seus conselhos a tantas autoridades que, muitas vezes, buscam sua opinião antes de assumirem decisões da maior importância para a economia brasileira.  

Sr. Presidente, o Bradesco, pela sua diretoria, sobretudo a que se retira, oferece-nos uma demonstração de que banco é uma instituição privada que pode ter êxito. No ano passado, o banco ofereceu aos seus acionistas o maior lucro já obtido na história do Brasil por uma instituição privada. Isso significa que, se os bancos socorridos pelo Banco Central com o Proer tivessem sido bem dirigidos, não teriam sucumbido, como aconteceu. Portanto, que instituições vitoriosas como essa sirvam de modelo para as futuras gerações de empresários do País.  

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/02/1999 - Página 2978