O SR. SÉRGIO MACHADO (PSDB-CE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há poucos dias, mais exatamente a 1º deste mês, o Ceará perdia um dos seus mais ilustres filhos, que dedicou com desprendimento toda a sua vida à causa pública. Ultimamente, acabara de assumir a presidência do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) na mais concorrida de todas as solenidades de posse da história dessa Corte de Contas cearense. Esse fato, por si só, já demonstra com eloqüência a dimensão desse homem público, de longa e rica trajetória, na qual, pela fidalguia no trato com as pessoas, mereceu a admiração e o respeito sempre crescentes dos seus conterrâneos.  

Assim, Sr. Presidente, era Antônio Eufrasino Neto, que, desde cedo, revelou vocação para a vida pública, ingressando muito jovem na política estudantil; mais adiante, cursando a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde se graduou, foi vice-presidente do centro acadêmico.  

Logo após a formação em direito, corria o ano de 1967, elege-se deputado estadual à Assembléia Legislativa do Ceará, onde, reeleito sucessivamente, permaneceu até 1988. Naquela Casa Legislativa, presidiu várias Comissões permanentes e exerceu, além da liderança do seu partido, a vice-presidência e a segunda secretaria da Mesa Diretora.  

Em 1988, Eufrasino torna-se conselheiro do TCM, havendo antes ocupado os cargos de corregedor, em 1995/1996, e de vice-presidente, em 1997/1998. Estava em pleno exercício da presidência do TCM quando veio a falecer.  

Sobre a sua atuação de homem público, Eufrasino foi, antes de tudo, um símbolo da resistência democrática no Ceará, durante o período mais difícil da história política recente. Filiado desde a primeira hora ao MDB, defendia, com bravura, a partir da sua base instalada na pequenina Poranga, a 285 km em linha reta da capital, o retorno da democracia no país.  

Eufrasino era lealdade, a começar com os seus eleitores, a quem representava com desmedida fidelidade, e estes, por sua vez, o retribuíam, confiando-lhe repetidos mandatos. Eufrasino era moderação, transmitindo aos seus companheiros de luta, nos momentos mais críticos da ditadura, com o constante sorriso que o caracterizava, o indispensável equilíbrio. Eufrasino era conciliação, mas nunca contemporização, porque sempre teve no avanço social uma questão fechada. Eufrasino, em suma, era probidade e honradez, a serviço das justas causas sociais, e, nesta quadra atormentada da vida nacional, fará muita falta. Mas, de todo modo, fica o seu exemplo para infundir em todos nós a coragem para continuar a luta e a esperança de que ela será vitoriosa.