Discurso no Senado Federal

ENCAMINHAMENTO A MESA DE REQUERIMENTO DE CONSIGNAÇÃO DE VOTO DE CONGRATULAÇÕES AOS ARTISTAS E DIRETOR DO FILME 'CENTRAL DO BRASIL', QUE CONCORREU ONTEM AO OSCAR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO. (COMO LIDER)

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • ENCAMINHAMENTO A MESA DE REQUERIMENTO DE CONSIGNAÇÃO DE VOTO DE CONGRATULAÇÕES AOS ARTISTAS E DIRETOR DO FILME 'CENTRAL DO BRASIL', QUE CONCORREU ONTEM AO OSCAR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO. (COMO LIDER)
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/1999 - Página 6013
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • IMPORTANCIA, PARTICIPAÇÃO, FILME NACIONAL, INDICAÇÃO, PREMIO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), JUSTIFICAÇÃO, REQUERIMENTO, VOTO, ELOGIO, FERNANDA MONTENEGRO, ATOR, WALTER SALLES JUNIOR, DIRETOR, LONGA METRAGEM.

      O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS. Como Líder. Para uma comunicação urgente. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil, ontem à noite, esteve no ápice de sua consagração no mundo artístico internacional ao viver um momento mágico de verdadeira trégua em meio ao festival de notícias ruins que toma conta do País. Mesmo sem ganhar nenhum Oscar, o filme brasileiro Central do Brasil, seu diretor Walter Salles Jr. e sua principal estrela Fernanda Montenegro já estão consagrados pelo povo brasileiro, sendo hoje mais do que vencedores.

      É o quarto filme brasileiro a disputar o prêmio na categoria de melhor filme estrangeiro. Os três primeiros foram: O pagador de promessas, O quatrilho, O que é isso, companheiro? O filme Central do Brasil foi inclusive apontado como o segundo favorito e conseguiu emplacar Fernanda Montenegro, a nossa velha senhora de Ipanema, a primeira latino-americana a disputar o Oscar na categoria de melhor atriz.

      Foi, sem dúvida, a mais espetacular participação brasileira na grande festa do cinema mundial. Com efeito, Fernanda Montenegro emocionou o mundo vivendo a professora Dora no filme do diretor Walter Salles Jr., que colocou o cinema brasileiro em destaque no plano internacional. A própria atriz afirmou já ter ganho todos os prêmios possíveis com o filme Central do Brasil. Importante é registrar que, com toda a celebração em torno de si, não mudou em nada a alma da maior atriz brasileira, que continua generosa, feliz, trabalhando como uma operária e afirmando, cada vez mais, a sua brasilidade. Nossa cara no Oscar tem a dignidade e a inteligência de Fernanda e seus 50 anos -- toda a sua vida -- dedicados à arte de representar. O que fica depois que os refletores se apagam, que a festa acaba, é a extraordinária capacidade de Fernanda Montenegro de sonhar e fazer outros sonharem, mesmo com o Brasil amargando uma crise, com o teatro e o cinema cada vez mais difíceis de ser produzidos. Apesar de tudo isso, continua Fernanda com o seu sonho, a nos mostrar que a vida é maravilhosa e vale a pena ser vivida. Esse filme é um dos maiores fenômenos da história do cinema brasileiro. É o terceiro longa-metragem de Walter Salles Jr., que começara a carreira com o desastrado A Grande Arte (falado em inglês), ganhou dois prêmios em Berlim, melhor filme e melhor atriz, Fernanda Montenegro. Seguiu carreira de sucesso em muitos outros festivais e, graças à Sony Classics, teve distribuição planetária. Na França, já foi visto por mais de 500 mil espectadores. Nos EUA, por mais de 800 mil. Mas sucesso mesmo o filme faz no Brasil. Quando de seu lançamento, foi visto por quase 1,5 milhão de espectadores. Relançado, mesmo depois de já estar há meses nas locadoras, sempre nas listas de mais alugados, já atingiu perto de 350 mil espectadores, ou seja, vai bater o campeão de bilheteria, o cômico Renato Aragão. Para um filme de arte e temática social, sem glamour, vale repetir: trata-se de um fenômeno. O filme mostra o processo de encontro - e redenção - de uma mulher maltratada pela vida, interpretada por Fernanda Montenegro, com um menino órfão de mãe, Vinicius de Oliveira, que busca o pai desconhecido.

      Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, encaminhei requerimento com base no art. 222 do nosso Regimento que assim se expressa:

      “Art. 222. O requerimento de voto de aplauso, regozijo, louvor, solidariedade, congratulações ou semelhante só será admitido quando diga respeito a ato público ou acontecimento de alta significação nacional ou internacional.”

      Entendo que não há requerimento que mais se enquadre no preceito do art. 222 do nosso Regimento Interno do que esse. O filme mostrou ao mundo do que o Brasil é capaz, mostrou o talento dos brasileiros, quanto valem os artistas brasileiros, a alma do povo brasileiro e o drama social que vive o nosso País. Por isto, tenho certeza de que na hora da votação do requerimento, sem dúvida alguma, merecerá a aprovação unânime desta Casa.

      Pedi a palavra, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pela Liderança, porque entendi que não poderíamos começar a sessão sem render nossos aplausos e homenagens ao filme e a seus intérpretes.

      Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/1999 - Página 6013