Fala da Presidência no Senado Federal

HOMENAGEM A DOM HELDER CAMARA, ARCEBISPO EMERITO DE RECIFE E OLINDA, PERNAMBUCO, PELO TRANSCURSO DE SEUS NOVENTA ANOS.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A DOM HELDER CAMARA, ARCEBISPO EMERITO DE RECIFE E OLINDA, PERNAMBUCO, PELO TRANSCURSO DE SEUS NOVENTA ANOS.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/1999 - Página 6098
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, HELDER CAMARA, ARCEBISPO, IGREJA CATOLICA, MUNICIPIO, RECIFE (PE), OLINDA (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, ATUAÇÃO, BENEFICIO, JUSTIÇA SOCIAL, DIREITOS HUMANOS.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) - Srªs e Srs. Senadores, Dom Marcelo, religiosas e religiosos aqui presentes, o Senado da República, nesta homenagem a Dom Hélder Câmara, traduz um ato de justiça do povo brasileiro ao Arcebispo de Olinda e Recife, ao completar os seus 90 anos.

Dom Hélder, talvez uma das figuras mais carismáticas do Brasil em todos os tempos, tem o seu lugar na História religiosa e na História política do Brasil. Ele traçou rumos que nem sempre foram seguidos, mas que, na realidade, representavam sempre o seu acerto em defender os mais humildes - porque os outros têm a defesa, mas os mais humildes têm que encontrar nos religiosos, como Dom Hélder, quem os defenda. Era esse, talvez, o lema maior da sua vida.

Convivi algumas vezes com Dom Hélder e dizia a Dom Marcelo que, na aparência de temperamentos diferentes, havia uma profunda amizade e um respeito mútuo muito grande entre o Cardeal Dom Eugênio Salles e Dom Hélder. Quando Dom Hélder enfrentava qualquer problema em Recife, a primeira pessoa a chegar ali era Dom Eugênio Salles, para lhe emprestar solidariedade e para lhe mostrar que ele jamais estaria só enquanto Dom Eugênio vivesse.

Convivi com Dom Hélder e também com Dom Eugênio no Retiro de São Francisco. Posso dizer, pelas conversas que com ele mantive e por suas atitudes, que se tratava verdadeiramente de um homem de Deus. Esta homenagem que estamos fazendo hoje vale para Dom Hélder e para os seus amigos religiosos, que têm a mesma conduta que ele.

Vítima de algumas - talvez de muitas - injustiças, o tempo não fez de Dom Hélder um homem amargo. Ao contrário, ele compreendia as injustiças; o tempo o tornava ainda mais lúcido nas suas pregações.

Este Senado, que representa o povo brasileiro, apesar das divergências ideológicas que possa ter, à unanimidade homenageia a figura de Dom Hélder, pedindo a Deus - que, infelizmente, não pode eternizar Dom Hélder - que ele viva muitos anos e possa ainda ser o pastor do seu rebanho. Com ele, seus seguidores terão a mesma linha em defesa dos mais humildes, dos mais carentes, daqueles que realmente precisam da fé para viver.

Neste instante, interpreto não apenas o sentimento dos Senadores, mas também o de todo o povo brasileiro, nesta grande homenagem que prestamos à figura invulgar de Dom Hélder Câmara.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/1999 - Página 6098