Pronunciamento de Djalma Falcão em 23/03/1999
Discurso no Senado Federal
HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-GOVERNADOR, EX-DEPUTADO FEDERAL, E EX-DEPUTADO ESTADUAL, TEOBALDO BARBOSA.
- Autor
- Djalma Falcão (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
- Nome completo: Djalma Marinho Muniz Falcão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-GOVERNADOR, EX-DEPUTADO FEDERAL, E EX-DEPUTADO ESTADUAL, TEOBALDO BARBOSA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/03/1999 - Página 6152
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, TEOBALDO BARBOSA, EX GOVERNADOR, EX-DEPUTADO, ESTADO DE ALAGOAS (AL).
- REGISTRO, HOMENAGEM, HELDER CAMARA, ARCEBISPO, IGREJA CATOLICA.
O SR. DJALMA FALCÃO (PMDB-AL. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quando proferia ontem uma palestra perante o Clube de Diretores Lojistas de Maceió, faleceu, vítima de enfarte fulminante, o Dr. Teobaldo Vasconcelos Barbosa. Teobaldo Barbosa iniciou sua vida pública como Vereador da Câmara Municipal de Maceió, da qual foi Presidente. Em seguida, exerceu por várias vezes o mandato de Deputado Estadual, tendo sido também Presidente da Assembléia Legislativa do meu Estado. Depois, exerceu o mandato de Deputado Federal, foi Vice-Governador e Governador do Estado de Alagoas.
A despeito das diferenças político-partidárias que nos marcavam, já que atuávamos em campos opostos na política de Alagoas, não posso fugir ao dever de registrar, nesse instante, os relevantes serviços que Teobaldo Barbosa prestou ao Estado e ao povo de Alagoas. Ele era, Sr. Presidente, daqueles homens pacíficos e mansos, de caráter cordial no seu relacionamento, características da imensa maioria do povo de Alagoas. Já disse aqui tantas vezes e não me canso de repetir: a sociedade alagoana, generosa, trabalhadora, sofredora, sonhadora por melhores dias, não pode ser confundida, Sr. Presidente, com meia dúzia que pratica a ação nefasta que mancha com a desonra o nome e as tradições do meu Estado. Na homenagem que nesta sessão foi prestada a Dom Hélder Câmara, Arcebispo emérito de Olinda e Recife, ouvimos testemunho, Sr. Presidente, do Senador Pedro Simon, quando S. Ex.ª se referiu a um alagoano que foi levar a Dom Hélder Câmara o punhal que alguém lhe tinha entregue para ceifar a vida desse homem que é não somente um grande apóstolo da cristandade, sobretudo...
O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Por amor de Deus, um equívoco! Não disse que foi um alagoano que levou...
O SR. DJALMA FALCÃO (PMDB-AL) - Peço desculpas a V. Ex.ª, mas o que eu entendi, também a Senadora Heloisa Helena, foi exatamente quando V. Ex.ª se referiu à Bancada de Alagoas.
O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Por amor de Deus, faço questão de esclarecer, numa hora em que caso tão sério aconteceu com a Bancada de Alagoas, nessa hora quero lembrar esse fato.
O SR. DJALMA FALCÃO (PMDB-AL) - Sr. Presidente, não fiz uma recriminação ao Senador Pedro Simon. Mas quero dizer que Teobaldo Barbosa era exatamente o tipo de homem pacífico e infenso ao crime, à violência. Ainda me socorrendo desse mote que, por equívoco, pensei se referisse a Alagoas, dou um testemunho a respeito de um episódio ocorrido entre um alagoano e D. Hélder Câmara. D. Hélder era Arcesbispo Auxiliar do Rio de Janeiro e necessitava da liberação de recursos financeiros consignados no Orçamento da União para seu programa assistencial nas favelas daquele Estado, o Programa Banco da Previdência.
Era final do ano, dia 28 ou 29 de dezembro. O processo se encontrava no Tribunal de Contas da União, aguardando decisão para a liberação das verbas. Era Relator do processo o Ministro Silvestre Péricles de Góes Monteiro, um alagoano que havia sido Deputado Federal, Senador e Governador do Estado. Em certo momento, D. Hélder Câmara procurou o Ministro em seu gabinete e fez-lhe um apelo para que liberasse aqueles recursos indispensáveis ao custeio das obras assistenciais que estava patrocinando em favor dos favelados do Rio de Janeiro. E o Ministro Silvestre Péricles disse a D. Hélder Câmara: “Vou dar um despacho de cunho pessoal, ad referendum do Plenário do Tribunal de Contas, porque Pe. Hélder Câmara - e ele assim tratou D. Hélder Câmara - conheço sua história, conheço seu nome, e seu nome e sua história estão acima dos entraves burocráticos”.
Há nesse episódio a que me refiro, Sr. Presidente, dois exemplos. Um exemplo de compreensão e de generosidade de um alagoano que exercia o cargo de Ministro do Tribunal de Contas e o testemunho desse Ministro sobre o caráter incorruptível de D. Hélder Câmara.
D. Hélder Câmara não foi somente o grande apóstolo das liberdades e da justiça social no Brasil, foi também um exemplo, vivo ainda, de cidadão incorruptível nas suas ações. Faço, por oportuno, essas considerações a respeito do episódio ocorrido entre D. Hélder Câmara e o saudoso Governador Silvestre Péricles de Góes Monteiro no momento em que registro o falecimento de Teobaldo Barbosa. Aproveito a oportunidade também para levar minha solidariedade mais efetiva a Teresa, esposa de Teobaldo, aos seus filhos, às suas filhas e a seus genros. Era a comunicação, Sr. Presidente, que queria fazer neste instante.
Muito obrigado.