Discurso no Senado Federal

JUBILO PELA ELEIÇÃO DO JORNALISTA MURILO MELO FILHO PARA A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • JUBILO PELA ELEIÇÃO DO JORNALISTA MURILO MELO FILHO PARA A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.
Aparteantes
Eduardo Siqueira Campos, Ney Suassuna, Ronaldo Cunha Lima.
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/1999 - Página 7529
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ELEIÇÃO, MURILO MELO FILHO, JORNALISTA, POSSE, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL).

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há instantes na vida de cada pessoa que valem à pena ser relembrados. Quero fazer aqui, além do registro, uma volta ao passado.  

Todos sabemos que a Imprensa noticiou, de forma mais ampla possível, que, no dia 25 de março último, a Academia Brasileira de Letras teve mais um momento glorioso, porque escolheu o seu mais recente membro.  

A revista Manchete faz um registro em dois tempos: um, de autoria de Lorem Falcão, e outro de Carlos Heitor Cony. De quem se trata? Trata-se do jornalista Murilo Melo Filho - por coincidência, Sr. Presidente, conterrâneo de V. Exª e, ao que sei, primo de sangue do Senador Geraldo Melo.  

Murilo foi eleito com 24 votos, o que é uma soma grande para a Academia, logo no primeiro escrutínio.  

Por que venho à tribuna? Porque acompanho Murilo há 40 anos ininterruptos. Amigos nos instantes difíceis, lembro-me que, nos idos de 59, quando andava ele fazendo matéria do mais alto relevo sobre a nossa região, a Amazônia, ali os dois jovens se encontraram.  

Mais tarde, na Câmara dos Deputados, Murilo cobria toda a equipe da Manchete aqui em Brasília. Aos poucos, fui guardando a história de Murilo: filho mais velho de uma irmandade de sete, emigrou, com apenas 18 anos, para o Rio de Janeiro; e aqui está o primeiro registro de Lorem Falcão: "Um começo de vida difícil, a infância em Natal; revolução comunista de 1935; o Estado Novo de 1937; a II Grande Guerra de 39; a primeira queda de Getúlio em 1945; a vinda para o Rio; o Governo Dutra; a Constituinte de 1946; a volta de Vargas; os anos na Tribuna da Imprensa; a amizade com Carlos Lacerda; a conspiração contra Getúlio e o seu suicídio."  

Foi exatamente no Rio de Janeiro onde Murilo venceu concursos públicos, não somente para o IBGE como para o Ministério da Marinha. Naquela altura, ingressou no Correio da Noite. Foi ali, como repórter de polícia, que começou a vivenciar os órgãos de imprensa.  

O segundo registro diz que a indicação de Murilo para a Academia Brasileira de Letras veio coroar 50 anos de jornalismo. A vaga já era ambicionada, cultivada e sonhada. Diz o repórter, reproduzindo as palavras de Murilo Melo Filho:  

"Eu assisti embevecido a muitas posses formais na ABL, como as de Olegário Mariano e Múcio Leão, e prometi que chegaria lá. E, meio século depois, cheguei."  

Esse é o menino pobre, que sai do Rio Grande do Norte, embalado pelo sonho das suas esperanças e para quem a esperança não foi uma frágil aspiração em trânsito para o desencanto. Realizou-a . Disse que um dia chegaria lá e chegou, Sr. Presidente, depois de ter militado seguidamente nos órgãos que aqui destaco: Tribuna da Imprensa , com Carlos Lacerda; Jornal do Commercio , com Elmano Cardim; San Thiago Dantas e Assis Chateaubriand. Colou grau em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro, chegando a advogar durante sete anos. Bem humorado, Murilo costuma dizer que quem se forma em Direito pode até advogar.  

Na condição de repórter freelancer, entrou para a Manchete, criando a seção Posto de Escuta, para a qual escreve até hoje. Essa seção, na época em que éramos Deputados Federais, era a mais requisitada por aqueles que faziam política. Merecer um registro ali era uma alta referência. E, ao final do ano, quando a coluna Posto de Escuta divulgava as frases do ano, ser incluído nela, então, era a glória!  

Lembro-me que um jovem Deputado Federal - que, depois, foi cassado pelo AI-5 - disse: "em matéria de Amazônia, é melhor integrar para não entregar", o que deu origem ao Projeto Rondon. Ela fez parte das frases do ano de Murilo Melo Filho.  

Essa espécie de volta ao passado lembra-me que, quando tive o meu mandato de Deputado Federal cassado e os meus direitos políticos suspensos por dez anos pelo Ato Institucional, a primeira pessoa que me fez questão de dar um abraço de solidariedade foi exatamente Murilo Melo Filho.  

Murilo Melo Filho, com a sua Norma, companheira da vida inteira, de quem os três filhos, Nelson, Fátima e Sérgio, muito se orgulham, é esse o Murilo de quem falo neste instante e que, embalado pelo destino que o fez sair de Natal e seguir até o Rio de Janeiro, hoje, aqui, Sr. Presidente, encontra eco.  

Devo dizer que, no atribulado qüinqüênio de 1960 a 1965, encontrei-o vivendo em Brasília, testemunhando todos os acontecimentos em centenas de reportagens e fabricando tempo para construir a sede da Bloch Editores e da Manchete e para ser Professor da Universidade de Brasília - UnB. Àquela altura, foi convidado por Darcy Ribeiro, o que representava um reconhecimento ao seu talento e ao seu valor.  

Quando Murilo regressou ao Rio de Janeiro, saindo de Brasília, foi eleito Diretor-Executivo das Empresas Bloch e reeleito, até hoje, em sucessivos mandatos pela Assembléia dos Acionistas, sendo de sua responsabilidade a parte política da organização, além de problemas administrativos relacionados não apenas com a Manchete, mas também com as outras 15 revistas de circulação nacional.  

Notem, eminentes Colegas, Sr. Presidente, que, por enquanto, eu quis apenas retratar a vida jornalística do Murilo. O que é interessante: sempre, nessas missões, acompanhou o período Vargas e, chego a dizer, vários ex-Presidentes em inúmeras viagens oficiais ao exterior. Todos sabemos que ele era amigo pessoal do fundador de Brasília. JK teve em Murilo um amigo da vida inteira.  

Mas vale a pena lembrar, para que fique registrado nos Anais do Senado, que ele foi o primeiro jornalista brasileiro a cobrir a Guerra do Vietnã, em 1967, e a Guerra do Camboja, em 1973, tendo chegado a Saigon e Phnom-Penh via Tóquio.  

Em audiências e entrevistas, esteve, dentre outros, com De Gaulle, Kennedy, João XXIII, Frondizi, Fidel Castro, Eisenhower, Golda Meir, João Paulo II, Selassié, Ben Gurion, Indira Gandhi, Guevara, Sukarno, Peron, Elizabeth II, Moshé Dayan, Salazar, Hiroito, Spinola, Nixon, Giscard d’Estaing, Reagan, Adenauer, Franco, Allende, Kruschev, Ho-Chi-Min e Anuar El-Sadat. Esteve, assim, com quase todos os grandes líderes que fizeram a História nestas últimas quatro décadas. Conhece quase o mundo todo. Foi trinta e duas vezes à Europa, vinte e sete aos Estados Unidos, duas à Ásia, quatro à América do Sul e duas à África.  

Murilo viu os picos gelados de Zermat na Suíça e as planícies imensas da Califórnia nos Estados Unidos, os desertos americanos de Nevada e africano do Saara, os templos sagrados de Angflor e de Kyoto, os lugares exóticos de Bangkok e de Phnom-Penh, as geleiras de Anchorage no Pólo Ártico e as tórridas plantações de cacau na Costa do Marfim, o frio de Leningrado e de Kiev e o calor da Galiléia e do Mar Morto, o misticismo do Vaticano e de Jerusalém, as ruas sujas do Harlem em Nova Iorque e do Cairo no Egito.  

Aqui paro, Sr. Presidente, para ler um trecho de Carlos Heitor Cony, publicado na revista Manchete, a de nº 2.451, de 03 de abril:  

Nunca usou de sua pena para proveito próprio ou para injustiçar quem quer que seja. Daí a razão do conceito que sempre gozou e que se tornou patrimônio não apenas dele, mas dos órgãos em que trabalhou, Manchete em primeiríssimo lugar.  

Apenas acrescentaria, Sr. Presidente: patrimônio de todos nós, que com ele convivemos e que jamais o vimos utilizar a pena para atassalhar a honra alheia, para denegrir a imagem de alguém, quando mais não fosse, Sr. Presidente, para fazer justiça.  

O Sr. Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador Bernardo Cabral?  

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Concedo o aparte ao eminente Senador Ronaldo Cunha Lima.  

O Sr. Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) - Senador Bernardo Cabral, agradeço a gentileza de V. Exª. Pela eleição de Murilo Melo Filho à Academia Brasileira de Letras, somo o meu júbilo ao de V. Exª e ao de quantos têm o privilégio de conhecer a extraordinária figura humana, além de intelectual, de Murilo Melo Filho. V. Exª evoca passados e revive instantes da nossa convivência irmã no Rio de Janeiro, à época em que presidia o Conselho Federal da OAB e eu era seu modesto companheiro. Ali já conhecia Murilo Melo Filho, saído das terras do Rio Grande do Norte, das paragens do Presidente Geraldo Melo, para ganhar espaço e notoriedade como jornalista e intelectual. Nossa amizade cresceu. Lembro-me, já que V. Exª evoca passados e revive histórias, que quando, pela primeira vez, eu me inscrevia para responder, na televisão, sobre a vida e a obra de Augusto dos Anjos, era Murilo Melo Filho quem me socorria, trazendo, dentro da vasta bibliografia daquele escritor, uma obra que eu procurava para me preparar para aquele certame. Posteriormente, quando, pela segunda vez e já na TV Manchete , eu de novo respondia sobre a vida e a obra de Augusto dos Anjos, uma vez mais era Murilo Melo Filho quem me socorria trazendo subsídio, notas biográficas e, inclusive, descobrindo as cartas de Augustos dos Anjos publicadas nos arquivos implacáveis de João Condé, para me permitir as respostas àquele certame. E por último, Senador Bernardo Cabral, devo confessar a esta Casa e proclamar ao Brasil que me sinto profundamente orgulhoso de anunciar que o meu penúltimo livro de poesias foi prefaciado por Murilo Melo Filho. E meu CD, com meus poemas, é apresentado por Murilo Melo Filho. Acompanhei à distância, porque V. Exª sabe que a eleição da Academia Brasileira de Letras é totalmente diferente, acompanhando a sua disputa, torcendo por ela, e hoje proclamo a minha alegria de saber que Murilo Melo Filho foi escolhido, no primeiro escrutínio, membro da Academia Brasileira de Letras. Somo, pois, o meu júbilo, o meu contentamento, o meu regozijo, a minha alegria a esse sentimento que V. Exª manifesta, hoje, da tribuna. Parabéns, Senador Bernardo Cabral, porque, por seu intermédio, parabenizo o imortal, o acadêmico Murilo Melo Filho.  

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Senador Ronaldo Cunha Lima, tenho dito, esta não é a primeira vez e V. Exª vai ficar com os seus ouvidos cansados da minha repetição -: V. Exª é um esbanjador de talento e se brilho tivesse o meu discurso, logo estaria sem nenhum, porque o aparte de V. Exª vem num crescendo, mostrando o que eu dizia ainda há pouco do seu talento. Mas há um equívoco nesse seu aparte e vou corrigi-lo: V. Exª não conviveu comigo como um "modesto" companheiro na Ordem dos Advogados, este é o equívoco. V. Exª era um dos mais talentosos Conselheiros - e vou fazer uma revelação para o Plenário -, que fazia blague com todos aqueles que discursavam de improviso - e aconteceu comigo -, fazendo questão de dizer, quando descíamos da tribuna: "Esse discurso eu já ouvi antes". E o repetia

ipsis verbis, com essa capacidade mnemônica que Deus lhe deu e que S. Exª mais uma vez relembra, com o auxílio, com o socorro e com o suporte que Murilo Melo Filho lhe trouxe à época em que respondia sobre Augusto dos Anjos.  

V. Exª somente comete a imprudência de fazer com que os seus colegas de Senado sejam mordidos por um sentimento que não costumamos cultivar: a inveja. A inveja de não termos um livro prefaciado por Murilo Melo Filho.  

O Sr. Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) - Permite-me V. Exª um aparte?  

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Concedo o aparte ao Senador Eduardo Siqueira Campos.  

O Sr. Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) - Nobre Senador Bernardo Cabral, ouso lhe interromper para dizer a V. Exª que todas as vezes em que o vejo relembro o quanto o povo tocantinense lhe deve em função de seu trabalho na Constituinte pela criação de nosso Estado. Agora, passam a lhe dever esta Casa e a Nação por esse resgate, por esse tributo que faz em homenagem a Murilo Melo Filho, agora imortal, que, sem dúvida alguma, é um dos grandes nomes da imprensa nacional, um homem admirável sob todos os aspectos e de quem sou profundo admirador. Portanto, gostaria apenas de parabenizá-lo e deixar-lhe o nosso duplo reconhecimento, a V. Exª e ao jornalista Murilo Melo Filho.  

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - V. Exª sabe, Eduardo Siqueira Campos - e deixe que eu lhe diga Eduardo, sem o Senador -, que na época em que seu pai e V. Exª também, ainda que num diapasão menor, para não fazer sombra a ele, lutavam pela criação do Estado do Tocantins, apenas fui o instrumento, o traço de união para possibilitar a consagração da luta de ambos.  

Recolho de seu aparte a alegria de quem admira Murilo Melo Filho e tenho a certeza de que, ao final deste meu pronunciamento, o Senador Geraldo Melo, não só na qualidade de Presidente, mas de conterrâneo de Murilo Melo Filho, haverá de aceitar o requerimento - que faço desde logo, no meio do meu discurso - para que se determine à Secretaria-Geral da Mesa que, tão logo seja publicado este modesto pronunciamento, com os importantes apartes, no Diário do Senado , V. Exª faça chegar ao conhecimento de Murilo Melo Filho.  

Sr. Presidente, estou me acercando do final e quero dizer que, com tanta vivência e conhecimento, Murilo tinha uma dívida a saldar com a sociedade, que era apor em livros tudo o que aprendeu, e o fez de forma brilhante.  

Entre outros, lançou O Desafio Brasileiro , seu primeiro livro sozinho, com prefácio do então Ministro João Paulo dos Reis Velloso, que vendeu 80 mil exemplares em 16 edições sucessivas, ganhando com ele o Prêmio Alfred Jurzykowski, da Academia Brasileira de Letras, como o Melhor Ensaio do Ano. A versão espanhola, El Desafio Brasileño , foi lançada em Madri, pela Editora Pomaire, com 10 mil exemplares. O seu livro seguinte, O Milagre Brasileiro , com prefácio do então Ministro Delfim Netto, vendeu 50 mil exemplares, com 10 edições.  

Na seqüência deste instigante tema escreveu O Modelo Brasileiro , com prefácio do professor, ministro e meu saudoso amigo Mário Henrique Simonsen, que vendeu 15 mil exemplares em 3 edições e lhe granjeou o Prêmio Juca Pato, da Associação Paulista de Escritores.  

Estes livros permaneceram durante várias semanas como best-sellers nas livrarias do País e foram adotados na cadeira de Estudos e Problemas Brasileiros de várias universidades, às quais o autor compareceu para debates com estudantes e professores.  

No ano de 1977, lá estava ele, incansável, lançando o livro Testemunho Político - também lançado no Salão Negro do Senado -, que tem prefácio do ex-Presidente e Senador José Sarney, e apresentações do professor Arnaldo Niskier, do escritor e jornalista Carlos Heitor Cony e do acadêmico Barbosa Lima Sobrinho.  

Mais do que vivências de um consagrado repórter, Murilo oferece uma admirável contribuição analítica, um testemunho político intenso, transmitindo com correção e coragem fatos que se encadeiam harmoniosamente no decorrer do mesmo tempo, agora longo, que o tenho por amigo.  

Sr. Presidente, antes das linhas finais, permita que depois de falar um norte-rio-grandense se possa ouvir o representante da Paraíba, Senador Ney Suassuna. A seguir, coloco o meu ponto final.  

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Certamente a Casa ouvirá atentamente a intervenção do Senador Ney Suassuna, apenas registra que o tempo do orador já está esgotado há mais de 2 minutos.  

O Sr. Ney Suassuna (PMDB-PB) - Sr. Presidente, serei breve. Nobre Senador Bernardo Cabral, eu não poderia deixar de fazer esta intervenção para dizer da minha alegria em ouvir tudo o que aqui foi dito nesta homenagem prestada a Murilo Melo Filho. Alegria maior eu senti ao saber o resultado da eleição, que escolheu Murilo para ocupar a cadeira deixada por um paraibano na Academia Brasileira de Letras. Murilo, um norte-rio-grandense, era o vizinho mais próximo e mais capaz. Murilo é um amigo de longa data; torci muito por sua eleição. Mas, mais que isso, exultei com a eleição por sua humildade, embora ele tenha todos os valores ditos aqui. A homenagem que Murilo agora recebe no discurso de V. Exª é mais do que justa. Solidarizo-me com o discurso de V. Exª. Murilo Melo Filho realmente é uma figura que vai abrilhantar a Academia Brasileira de Letras. Muito obrigado.  

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Senador Ney Suassuna, acolho o aparte de V. Exª. Disse aqui, ao começo, que sou amigo ao longo de 40 anos de Murilo Melo Filho e, por isso, posso dizer que, na Academia, há de se sentir em casa, altivo e humilde, à sombra que Machado de Assis propicia a todos. E terá a oportunidade de demonstrar que sendo homem do mundo, jamais deixou de ser aquele menino nascido no seu sempre amado Rio Grande do Norte.  

Sr. Presidente, peço a V. Exª, reiterando o que fiz ao meio do meu pronunciamento, que tão logo seja publicado no Diário do Senado , determine à Secretaria-Geral da Mesa que faça chegar às mãos do jornalista Murilo Melo Filho o teor integral deste pronunciamento, com seus apartes.  

Era o requerimento final, Sr. Presidente.  

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Com relação ao requerimento de V. Exª, a Mesa informa que será atendido, na forma regimental.  

Tomo a liberdade de expressar, em nome da Mesa, a alegria do Senado Federal com a consagradora eleição do jornalista Murilo Melo Filho para a Academia Brasileira de Letras. E imagino, como norte-rio-grandense, a alegria dos meus conterrâneos ao saber que ele lá se encontra.  

Creio, Senador Bernardo Cabral, que hoje seria dia de uma espécie de gratificação emocional insuperável para um casal de velhinhos que conheci, que já não está mais por aqui, Murilo e Hermínia, pais do jornalista Murilo Melo Filho, e daqueles que, no Rio de Janeiro, em um apartamento do Posto 6, em Copacabana, terminaram a obra de seus pais, que era um outro casal, formado por Joca e Emília. Portanto, em nome do Senado Federal e em nome, seguramente, dos norte-rio-grandenses, agradeço a V. Exª pelas palavras que disse e cumprimento o novo imortal.  

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/1999 - Página 7529