Discurso no Senado Federal

COMEMORAÇÃO DO TRIGESIMO NONO ANIVERSARIO DE BRASILIA.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • COMEMORAÇÃO DO TRIGESIMO NONO ANIVERSARIO DE BRASILIA.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/1999 - Página 8604
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, CAPITAL FEDERAL.
  • HOMENAGEM, AUTORIDADE, TRABALHADOR, CONSTRUÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente; Dr. Benedito Domingos, Vice-Governador do Distrito Federal; Toniquinho, em nome de quem saúdo todos os pioneiros, Srªs e Srs. Senadores, são muitas as razões que me trazem a esta tribuna hoje, nesta sessão especial dedicada à celebração do trigésimo nono aniversário de Brasília. Como Senador da República, mas, acima de tudo, como cidadão brasileiro que ama sua Pátria e acredita em suas imensas potencialidades, participo desta homenagem com entusiasmo e satisfação.  

Brasília, Srs. Senadores, é fruto de nossa capacidade de perseguir utopias. Expressa, com todas as letras, a nossa abençoada vocação por sonhar alto, na certeza de ser possível concretizar a esperança. Reflete, sem retoques, a alma nacional: comprometida com a grande aventura da vida, com a busca da humana felicidade, com a volúpia de descortinar o futuro.  

Brasília, mais que uma cidade-estado é a perfeita síntese do que somos como Nação. Ela simboliza o espírito criador da nossa gente, o destemor com que enfrentamos os obstáculos, a força de vontade que nos impele a vencer desafios e a construir a vida.  

Trinta e nove anos após sua inauguração, a Capital brasileira está consolidada. À beleza plástica de suas formas - que faz de seu Plano Piloto um conjunto urbanístico e arquitetônico sem paralelo no mundo contemporâneo, imaginado por Lúcio Costa e Niemeyer e reconhecido pela Unesco como patrimônio da humanidade - conseguiu acoplar o calor humano, trazido por gente vinda de todas as partes do Brasil. Com naturalidade, abrigou nossa imensa diversidade, incorporando-a por inteiro, construindo um autêntico mosaico da nacionalidade.  

Esta cidade tem alma. Dia após dia, ela pensa e sente o Brasil. Ao viver seu cotidiano, como fazem todas as comunidades, em qualquer lugar do mundo, partilha suas preocupações com o restante do País. Nada, pois, que a confunda - como alguns mais afoitos costumam fazer - com a artificialidade ou com a insensibilidade.  

Brasília também é, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a soma de sonhos e destemores dos que a fizeram no passado, dos que a fazem cotidianamente. Assim, é hora de celebrar a memória de um Juscelino Kubitschek de Oliveira, que determinou a construção desta cidade, embalado pela crença de que dela partiria o processo de efetiva interiorização do desenvolvimento brasileiro.  

De JK, somos tributários dessa sábia decisão. Após quase cinco séculos de uma História presa às proximidades do litoral, o Brasil se redescobriu na imensidão de suas áreas contrais e setentrionais. Essas, graças ao impulso trazido pela construção da nova Capital, puderam levantar-se de sono letárgico e secular. O Brasil acordou para um novo tempo.  

Hora de celebrar aqueles heróis da saga empreendida na segunda metade da década de 1950, mas que não puderam vê-la concluída. É o caso, por exemplo, do engenheiro Bernardo Sayão, responsável direto pela abertura da rodovia Belém-Brasília, marco monumental da moderna conquista do Brasil, pelos brasileiros.  

Hora de homenagear Israel Pinheiro que, como engenheiro chefe do imenso canteiro de obras instalado no Planalto Central, zelou pelo cumprimento de metas e prazos, tornando possível a inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960.  

Mas, acima de tudo, é hora de render as mais justas homenagens aos milhares de pioneiros que para aqui vieram, quando Brasília não passava de uma mera possibilidade. Acreditaram no projeto e a ele deram vida. Homenageio, particularmente, aos milhares de candangos que vieram trabalhar nas obras, com disposição e coragem, provavelmente sabedores do feito histórico que ajudavam a protagonizar.  

A esses humildes trabalhadores - a grande maioria dos quais vinda dos diversos Estados do meu Nordeste - Brasília deve sua existência. Construída a cidade, transferido o Governo, foi essa gente a maior responsável pelo sentido humano que Brasília adquiriu. Quem passeia pelas cidades que compõem o Distrito Federal facilmente percebe o que estou dizendo: cantores e poetas populares, feiras e mais feiras - em que se misturam roupas, comidas, bebidas, sonhos e lembranças - trazem o Brasil para Brasília, fazendo-a mais nacional e mais humana.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, também tive a minha experiência em Brasília. Vim, como assessor do Ministro do Planejamento daquela época, Dr. Marreco, para trabalhar na Novacap - tivemos a oportunidade de reorganizá-la. Não quis e não pude ficar em Brasília. No entanto, ao ser eleito pelo meu povo, novamente vim viver esse sonho que é Brasília.  

Que Brasília siga o seu destino! Que seja livre para continuar sendo o que é: ponto de partida e de chegada de todos os que se sentem brasileiros, convergência das dúvidas e das certezas, da alegria e da tristeza, de tudo, enfim, que nos faz um povo que vive e quer construir sua própria história!  

Parabéns, Brasília! (Palmas)  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/1999 - Página 8604