O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL-MG) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, amanhã, dia 21, em Ouro Preto e no Brasil inteiro, é um dia para lembrarmos desejos antigos que, se conquistamos de fato, talvez seja hora de renovarmos e reinventarmos: o desejo de liberdade inerente ao homem.  

Desde que o Brasil acalentou seus primeiros filhos nascidos nesta terra, não mais colonizadores, não mais forasteiros, mas brasileiros embevecidos e ‘iluminados’ pelas idéias de liberdade e igualdade entre todos, estes homens já sonhavam também com o direito natural de serem livres.  

Em 21 de abril de 1789 as vozes que há muito tempo planejavam, ‘inconfidentes’, se levantar num grito que as livrassem dos grilhões de seus opressores, foram caladas .  

Estes homens foram expulsos de sua pátria, o Brasil, e seu líder, o Tiradentes, enforcado e esquartejado como exemplo a que não devia ousar nenhum outro homem.  

Na Vila Rica do ouro, da riqueza, da abundância, da escravidão, da ostentação e da prosperidade de poucos sobre a miséria de muitos, estes homens conspiraram.  

Em muitas outras nações e épocas diferentes outros homens também morreram por idealizarem, não somente para si próprios, mas para todos os homens, sem distinção, o que se entende pelo sentido amplo da palavra liberdade que somente existirá se for compartilhada igualitariamente.  

Somos homens que podem optar pelo que pensar, por uma ideologia, expor as próprias idéias e agir segundo elas. Seguir as estrelas de nossa escolha. Grandes homens lutaram para que desfrutemos e tenhamos conquistado estes direitos.  

Mas será que somos todos livres, senhores de nossos destinos? Não. Ainda há os deserdados, os excluídos. Os marginalizados que num arroubo nos vem assaltar nas avenidas e nos sinais de trânsito. As crianças e velhos famintos, sob as marquises dos prédios, cujos olhares incomodam aqueles poucos que sobrevivem à pobreza e ao desalento.  

Temos novos inconfidentes , mas estes não têm forças, não leram os autores iluministas ou liberais da Europa. Muitos nunca foram à escola.  

Mas nós sabemos que somos os homens que podem construir tijolo a tijolo um futuro melhor para todos, para sairmos de lados opostos um com medo de ter sua liberdade tomada pelo outro.  

Sr. Presidente, Ouro Preto, amanhã, 21 de abril, é o compromisso maior, porque, transfigurada, se confunde e se exalta com a História, com o gesto bravio dos mais ousados libertadores do Brasil.  

Com o inalienável direito à liberdade, à saúde, à escola, à segurança, ao emprego, com os caminhos que nos levam, obstinadamente, à integração social, à vida plena. Sem exclusão, qualquer que seja a sua face amarga.  

Somos hoje a oitava economia do mundo, mas, ao mesmo tempo, a 48ª nação em indicadores sociais negativos. Ainda somos um país injusto. Milhões de seres humanos vivendo abaixo da linha de pobreza, sem qualquer renda mínima, renda nenhuma.  

Relembrar Ouro Preto e os inconfidentes, nos 210 anos de sua patriótica aventura, só tem sentido se representar a renovação do compromisso de mudar a amarga face social deste país.  

Muito obrigado.