O SR. ADEMIR ANDRADE (Bloco/PSB-PA) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o calendário das datas comemorativas reserva o 25 de abril como Dia dos Contabilistas. Trata-se de justa homenagem a uma operosa categoria que, no cotidiano de seu exercício profissional, empresta colaboração de fundamental importância para a higidez econômico-financeira das instituições públicas e privadas em geral, dando assim larga contribuição ao processo de desenvolvimento da Nação.  

Com efeito, podem os contabilistas ser encarados como autênticos guardiões de riquezas, pois a contabilidade é a arte não apenas de planejar os sistemas de contas e lançamentos, mas também de interpretar os registros. Assim, por meio da informação ágil e de sua interpretação acurada, a classe dos contabilistas assume o papel de protetor da riqueza, criando condições para a eficácia de sua aplicação multiplicadora.  

A importância do profissional em contabilidade no mundo dos negócios é reconhecida pelo próprio sistema legal, que determina a obrigatoriedade da contratação dos seus serviços por todas as empresas. Seja um banco ou uma propriedade rural, uma microempresa ou um conglomerado industrial, uma cooperativa ou um estabelecimento comercial, a saúde financeira de qualquer empreendimento está nas mãos do contabilista, o profissional que tem a responsabilidade de analisar suas contas, acompanhar o movimento do seu caixa e, por meio de balanços financeiros, manter um quadro geral do seu patrimônio.  

Mas não é apenas no mundo dos negócios, nos empreendimentos privados, que o papel do contabilista é fundamental. Também nos sindicatos, nas associações de classe e de vizinhança, nos clubes desportivos e recreativos, e até nos condomínios dos edifícios, seu trabalho garante a precisa avaliação da situação patrimonial e, conseqüentemente, orienta as iniciativas das direções voltadas para a expansão ou o enxugamento das atividades da instituição.  

Muitas vezes, porém, a relevância do trabalho do contabilista não é percebida em toda a sua extensão, e o público leigo deixa de notar quão grande foi sua colaboração quando se está celebrando o crescimento das empresas, ou quando um alerta vem à tona acerca de novos tributos que interferem na vida do comércio e da indústria, ou quando as estatísticas evidenciam problemas nos serviços públicos, ou, ainda, quando a análise das contas públicas demonstra a necessidade de ajustes fiscais e monetários adicionais. Em cada um desses casos, o trabalho do contabilista, embora muitas vezes anônimo, foi fundamental para permitir os avanços ou para evitar maiores retrocessos.  

No momento em que presto esta homenagem aos contabilistas pelo transcurso de sua data, revela-se oportuno rememorar a figura do patrono da profissão, cuja notável contribuição é hoje universalmente reconhecida. Foi o monge italiano Luca Pacioli quem fez editar, em 1494, um manual de sua autoria sobre créditos e débitos, sistematizando o conhecimento da escrituração segundo o método das chamadas partidas dobradas.  

Na verdade, o Tratado particular de conta e escrituração – cujos 36 capítulos permanecem, 5 séculos mais tarde, absolutamente válidos para os conceitos mais atuais de controle de contas das empresas ou do Estado – era parte de uma obra maior, a Suma de aritmética, geometria, proporções e proporcionalidade , que resumia o conjunto dos conhecimentos matemáticos daquela época e foi o principal trabalho desse franciscano brilhante, um dos mais destacados matemáticos de seu tempo, tendo lecionado em Perúgia, Nápoles, Milão, Pisa, Bolonha, Veneza e Roma.  

Intelectual reconhecido, Luca Pacioli privou da amizade de homens do quilate de Piero della Francesca, Leone Battista Alfieri e Leonardo da Vinci. Com este último, inclusive, colaborou significativamente para a realização da celebérrima tela intitulada "A Santa Ceia", calculando, nos mínimos detalhes, a perspectiva do local e dos comensais.  

Cabe também lembrar, nesta oportunidade, o nome de um ex-integrante desta Casa, o saudoso Senador João Lyra, de quem partiu a proposta para consagrar o 25 de abril como Dia dos Contabilistas.  

É que nessa data, no ano de 1926, o Senador João Lyra foi alvo de uma homenagem organizada por vários representantes da classe contábil de São Paulo. Durante o evento, ao proferir seu discurso de agradecimento, o homenageado, a certa altura, afirmou: "Trabalhemos, pois, bem unidos, tão convencidos de nosso triunfo que, desde já, consideremos 25 de abril o Dia dos Contabilistas brasileiros".  

Sua proposta foi entusiasticamente aclamada pelos presentes, redundando na instituição da data comemorativa. Portanto, como declara o Contador José Serafim Abrantes, atual Presidente do Conselho Federal de Contabilidade, em recente editorial da revista do Órgão, a instituição da data "não precisou de decreto, mas apenas da concitação persuasiva de um homem de visão".  

Aliás, a atual gestão do Conselho Federal de Contabilidade tem sido marcada pelo dinamismo imprimido por sua presidência e diretorias, sempre em busca do aperfeiçoamento da profissão, através da educação continuada e eventos de grande interesse para a classe. Assim é que o CFC estará promovendo um seminário internacional em Brasília, no dia 17 de maio, com o tema: "A internacionalização da profissão contábil". Os avanços e estratégias da harmonização contábil no âmbito internacional, a crise asiática e os desafios do mercado de capital são alguns dos temas a serem abordados.  

Ficam registrados, portanto, nos Anais da Casa, nossos efusivos cumprimentos a todos os contabilistas do Brasil pelo transcurso de mais um 25 de abril. Com seu labor incansável, com sua luta incessante em busca da atualização continuada e do aperfeiçoamento profissional, os contabilistas brasileiros têm qualificado sua participação cada vez mais decisiva no processo de reformas estruturais do País, com a apresentação de propostas que apontam para um sistema econômico e social mais justo. São, nessa medida, credores de nossa admiração e reconhecimento.  

Era o que eu tinha a dizer.  

Muito obrigado.  

 É