Discurso no Senado Federal

COMEMORAÇÃO AO DIA DO TRABALHO NOS TERMOS DO REQUERIMENTO 167, DE 1999, DE AUTORIA DO SENADOR ADEMIR ANDRADE E OUTROS SENADORES.

Autor
Geraldo Cândido (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Geraldo Cândido da Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • COMEMORAÇÃO AO DIA DO TRABALHO NOS TERMOS DO REQUERIMENTO 167, DE 1999, DE AUTORIA DO SENADOR ADEMIR ANDRADE E OUTROS SENADORES.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/1999 - Página 9267
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, TRABALHO, SOLIDARIEDADE, LUTA, ORGANIZAÇÃO, TRABALHADOR, OPOSIÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO.

O SR. GERALDO CÂNDIDO (Bloco/PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Dia do Trabalho se aproxima e, mais uma vez, como sempre ocorre nessa data, vem a constatação de que nada há para ser comemorado. Antes de tudo, é preciso lembrar que o 1º de Maio surgiu como dia de luta, quando, há 113 anos, em Chicago, nos Estados Unidos, trabalhadores em greve lutaram por seus direitos. Ora, podemos, então, afirmar que, se nada há para ser comemorado, muito há para ser buscado e conquistado.  

A história do 1º de Maio está intimamente relacionada com a luta pela redução da jornada de trabalho. Era comum aos trabalhadores, inclusive crianças e mulheres grávidas, jornadas de até dezoito horas, sem interrupção. Os primeiros movimentos pela redução do horário começaram na Inglaterra, na década de 20, no século passado, e foram se espalhando pela Europa. Depois, chegaram aos Estados Unidos e à Austrália. Em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, operários norte-americanos, que já haviam feito várias mobilizações pela redução da jornada para oito horas diárias, resolveram realizar ações que atingissem diretamente os patrões. Em 1º de Maio daquele ano, teve início uma greve geral que contou com a adesão de mais de um milhão de trabalhadores em todo o País.  

O fato incomodou o Governo. Os patrões resolveram usar todos os artifícios para impedir a ampliação do movimento. A repressão foi violenta, centenas de operários foram espancados e presos. Durante uma assembléia, uma bomba explodiu matando dezenas de pessoas e ferindo cerca de duzentas, inclusive policiais. Oito líderes da greve foram presos, acusados de terem provocado a tragédia, julgados e condenados. Quatro foram condenados à morte e os outros, à prisão perpétua.  

A luta dos trabalhadores americanos não parou. Em 1890, o Congresso votou a lei que estabelecia as oito horas diárias. Três anos depois, o processo contra os dirigentes da greve foi reaberto, sendo provada a inocência deles. A bomba havia sido colocada pela polícia. Três condenados foram postos em liberdade, pois o outro, havia cometido suicídio.  

Srªs e Srs. Senadores, no Brasil de hoje, a classe trabalhadora não tem muitos motivos para comemorar. Recente relatório do Banco Mundial projeta, para este ano, que haverá um aumento de 10% da população que vive abaixo da linha de pobreza – renda abaixo de um dólar/dia. O País, segundo o Bird, vai engrossar em quatro milhões o número de miseráveis.  

Diante disso, precisamos combater a política econômica do Governo Federal, que já deixou sem emprego cerca de 17 milhões de trabalhadores, sendo que só na Grande São Paulo há 1,7 milhão de desempregados, segundo pesquisa da Fundação SEADE e do Dieese. Essa é uma maneira de reverenciar aqueles que mostraram que o único caminho para a classe operária conquistar suas reivindicações é o da luta organizada.  

Diferentemente dos Estados Unidos, único país do mundo a não comemorar o Dia Internacional do Trabalho, devemos ir às ruas e reafirmar que exigimos trabalho e vida digna, não só para uma minoria, mas para todo o povo brasileiro.  

Viva o Dia Internacional do Trabalho!  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/1999 - Página 9267