O SR. ROMERO JUCÁ (PSDB-RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, ontem, a CPI dos Bancos fez uma reunião, a partir das 18h, para ouvir o Deputado Aloízio Mercadante. A reunião foi revestida de uma expectativa muito grande, porque, na verdade, havia a conceito, deflagrado principalmente pela imprensa, de que o referido Deputado apresentaria questões bombásticas, informações pertinentes, acusações com provas sobre o vazamento de inside information do Banco Central na autorização da compra de dólares pelo Banco do Brasil.  

Tivemos oportunidade de acompanhar essa audiência e debatê-la. Ficamos, em primeiro lugar, decepcionados porque, na verdade, o Deputado Aloízio Mercandante fez um discurso de defesa de uma linha econômica de pensamento que S. Exª já vem defendendo na Câmara Federal. Limitou-se a registrar algumas informações. Uma dessas informações é comprovada hoje pela imprensa - e isso denota que as informações foram passadas à imprensa antes da reunião e do debate ocorrido.  

A imprensa de hoje registra algumas coisas que gostaria de refutar: Mercadante mostra números para denunciar vazamentos . 

Segundo a notícia, "a maior revelação do Deputado petista na CPI dos Bancos foi o lucro de 10 bilhões que tiveram 24 instituições financeiras na BM&F". O Estado de S. Paulo divulga: "Bancos lucraram 10 bilhões com dólar na BM&F". E assim os demais jornais.  

Ora, Sr. Presidente, gostaria de registrar que, infelizmente, a imprensa brasileira, baseada nas informações do Deputado Aloízio Mercadante, cometeu uma grande "barriga", como se diz na gíria jornalística. Infelizmente para a imprensa e felizmente para as informações técnicas que estamos apurando na CPI, a verdade dos números não é a verdade colocada pelo Deputado Aloízio Mercadante. O Deputado Aloízio Mercadante divulgou para imprensa e, no início da sua exposição, para a CPI dos Bancos uma meia verdade, meia verdade essa refutada por mim na discussão técnica que aconteceu naquele plenário.  

Eu gostaria de registrar para a imprensa, para a sociedade brasileira e para esta Casa a verdade dos números, que é bem outra. A BM&F apresentou, sim, lucros na operação dos bancos, no mês de janeiro, no valor de R$10 bilhões 110 milhões 687 mil. Só que, Sr. Presidente, esse lucro de R$10 milhões não se ateve somente à lucratividade com a operação do dólar no mercado futuro. E aí vem um dado extremamente importante para análise desta Casa e da imprensa. A lucratividade desses R$10 bilhões ficou dividida nos dois aspectos que a Bolsa opera: no mercado futuro de dólar e no mercado de juros. E qual é o resultado? Lucros dos juros: R$4 milhões 907 mil 170. Lucro do dólar: R$5 bilhões 203 mil 516. Ou seja, praticamente metade da lucrativade foi em dólar e metade da lucratividade foi em juros.  

O que isso demonstra além de que o Deputado Aloízio Mercadante estava errado? Demonstra que, em nível macro, Sr. Presidente, não houve vazamento de informações, porque, na verdade, o mercado operou meio a meio. Se houvesse algum tipo de inside information massificada, o mercado teria, fatalmente, se inclinado naquela direção e o lucro em dólar seria 80, 90 ou 95%. O lucro em dólar representou metade da operação; o lucro dos juros, outra metade da operação: 62 bancos ganharam em dólar; 46 bancos perderam em dólar e, portanto, fica registrado aqui que a imprensa precisa corrigir as informações que passou para toda a sociedade brasileira nos jornais de hoje de manhã.  

Quero registrar o meu pronunciamento e quero que faça parte dele a tabela que demonstra a lucratividade dos bancos, tanto nas operações de câmbio quanto nas operações em dólar da BM&F.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.