A SRª HELOISA HELENA (Bloco/PT-AL. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem tive a oportunidade de ficar até quase meia noite na Comissão Parlamentar de Inquérito, que trata dos assuntos relacionados ao tráfico de influência, digamos, assim, e vazamento de informações, o que motivou a criação de uma CPI dos Bancos. E, hoje pela manhã, nesta Casa - infelizmente eu ainda não havia chegado -, criou-se uma polêmica e uma discussão sobre os depoimentos bombas ou depoimentos não-bombas. É claro que o próprio Deputado Aloízio Mercadante já dizia desde o início - portanto não criava a expectativa de que iria haver algum depoimento bomba na Comissão Parlamentar de Inquérito - que traria dados, apresentaria gráficos, coisas que a grande maioria dos Senadores, efetivamente, não tinha conhecimento. Porque, até então, sob a égide do suposto sigilo fiscal, esses dados não eram conhecidos. Então, para mim, foi uma bomba. Porque todas as vezes que vemos sinais claros de peculato, prevaricação, tráfico de influências, corrupção, todas as vezes que vemos sinais claros desses acontecimentos, para mim é sempre bomba. Cada vez que vejo lucros gigantescos absolutamente inexplicáveis, realmente para nós, que defendemos o patrimônio nacional, para nós que vemos quanto custou aos cofres públicos e ao Banco Central essa suposta intuição dos bancos privados, sempre tem que cair, nas nossas consciências de cidadãos brasileiros, como uma grande bomba. Talvez seja como um velho radialista lá do meu Estado, França Moura, que sempre diz, Senador Nabor Júnior, quando ele está diante de algo absolutamente inexplicável pela lógica formal, ele sempre diz: - "Ah! Minha leitura é pouca para resolver isso." Talvez seja isso. Talvez seja a leitura pouca do povo brasileiro que não consiga entender e explicar tamanhos ganhos. Olha, eu acredito na intuição! Mas não tem intuição que, efetivamente, possibilite os ganhos gigantescos. Porque não foram ganhos acumulados paulatinamente. Em três dias eles ganharam mais de 10 bilhões. Então, é absolutamente inexplicável tamanha intuição que algum setor possa, efetivamente, ter tido. A não ser, é claro, que todos esses banqueiros sejam como o vendedor de carro do Senador Romero Jucá. Porque S. Exª disse que quando foi comprar um carro, em leasing, o vendedor disse que não comprasse, porque poderia haver o aumento do dólar. Então, só nós, nordestinos, fazendo um fundo de investimento de flagelados e favelados, colocando como assessor para assuntos de tráfico de intuição o vendedor de carro, porque com certeza assim talvez possamos ganhar alguma coisa neste Brasil!  

Quero deixar minhas congratulações ao Deputado Aloízio Mercadante pelos gigantescos serviços que S. Exª tem prestado à Nação brasileira.  

Todos sabemos, inclusive o Senador autor da CPI reconheceu, que todas as denúncias feitas pelo Deputado Aloízio Mercadante é que efetivamente motivaram a criação da Comissão. E foi um depoimento muito importante, com dados absolutamente claros, com dados que mostram efetivamente quem ganhou. E aí realmente o Banco Central, o Governo Federal precisa explicar que intuição é essa! Que intuição é essa que grandes bancos estrangeiros tiveram, ao passo que outros grandes bancos, altamente bem informados, como o Bradesco, não teve ganho algum? Como é que essas figuras tiveram tantos ganhos? Realmente não tem intuição que possa ser resgatada, que possa ser reconhecida como verdadeira para explicar, para esclarecer tamanha demonstração de desrespeito ao patrimônio nacional!  

Portanto, ficam os nossos agradecimentos ao Deputado Federal Aloízio Mercadante pela sua gigantesca contribuição para com o povo brasileiro, no sentido de trazer tantos esclarecimentos importantes, para que tenhamos a santa indignação de não banalizarmos a corrupção, de não banalizarmos esses números gigantescos, porque, de repente, aqui no Brasil, tudo ficou fácil. Um bilhão é coisa pouca. "Não, um bilhão para o Marka". "Ah!, mas um bilhão é pouco". O outro: "10 bilhões de lucro". "Não, é pouco". Sete bilhões saíram do patrimônio dos cofres públicos do Tesouro Nacional para garantir esses lucros fantásticos e fabulosos! Então, tudo isso é pouco. Claro, nós, nordestinos, imaginem, o caso de Alagoas e de Sergipe, não para as nossas migalhas, mas para resolver efetivamente a convivência das miseráveis e pobres e humilhadas populações de Alagoas e de Sergipe, Senador Valadares. Nós, que passamos esses dias tentando uma audiência com o Presidente da República, com muito menos do que isso, com R$500 milhões - portanto, metade dos recursos dados a um "banquinho", a um dos "tamboretes" do sistema financeiro, que é o Banco Marka - poderíamos ter feito muito por este gigantesco Brasil. Imaginem o que poderia ser feito por este maravilhoso Brasil com esse montante!.  

Quinhentos milhões solucionariam nossos problemas - e não falo de migalhas como cesta básica ou carro-pipa - porque garantiria a convivência do homem e da mulher sertaneja com a seca. Seriam os dois canais que estamos reivindicando há séculos - em Alagoas, desde o século passado: trata-se da utilização dos recursos hídricos do nosso São Francisco, do seu aproveitamento para garantir o potencial das nossas áreas tanto para a agricultura quanto para a pecuária. Infelizmente, são apenas palavras gastas e vazias, soltas ao vento, até mesmo pelo Presidente da República, que, no seu programa de Governo, prometeu tanta coisa para Alagoas, para o Nordeste, e não fez nada.  

Portanto, o meu agradecimento ao Deputado Federal Aloízio Mercadante, pelos dados concretos que apresentou, e não teve resposta. Não adianta dizer que não houve novidade. Quem tem de apresentar a novidade é o Governo Federal; quem tem de garantir e explicar é o Governo Federal. Todos nós queremos a explicação do que efetivamente aconteceu.  

Portanto, representantes do Governo Federal, queremos explicações!.  

Se o Deputado não trouxe nada de novo, S. Exª trouxe informações que nos deixaram a todos absolutamente indignados. Queremos agora as explicações! Por que alguns ganharam e outros não ganharam? Por que o ganho não foi generalizado para todos os bancos? Por que ganharam bilhões do Tesouro Nacional, arrancados não do Governo Federal, não dos cofres do Presidente da República, mas da vida, da dignidade da gigantesca maioria do povo brasileiro?  

Não me incomoda que alguém lucre, que o empresário mande seu filho para a Suíça e esteja com seus cofres cheios, desde que seu negócio seja honesto, que pague imposto, que gere renda e emprego. Entretanto, agiotagem, cassino, usurpação do dinheiro da dignidade de um povo simplesmente para manter relações políticas de subserviência com alguns banqueiros internacionais, isso, realmente, não dá para tolerar! É inadmissível ter paciência diante da fome da grande maioria da população e diante da riqueza ilícita e imoral de alguns poucos privilegiados neste Brasil.  

Era o que eu tinha a dizer.  

Muito obrigada, Sr. Presidente.  

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