O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB-SE. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, é lamentável que eu tenha que voltar a este assunto humilhante do sofrimento do sertanejo sergipano, do sertanejo alagoano, dos sertanejo nordestino, haja vista que o Presidente da República, numa atitude preconceituosa e discriminatória, não recebeu, como deveria, os Prefeitos dos Municípios dos Estados de Sergipe e Alagoas. Esses prefeitos, juntamente com Deputados Estaduais, Deputados Federais, Vereadores, Senadores e lideranças da região, gostariam de manter um contato o mais urgente possível, pessoal, com o Presidente da República para levar a Sua Excelência as agruras, as dificuldades e as humilhações por que estão passando as populações desses dois Estados.  

Houve uma tentativa, no encontro com o Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, e com o Presidente do Senado e do Congresso Nacional, Antonio Carlos Magalhães, de uma intermediação visando esse encontro. Mas, lamentavelmente, o Presidente deixou de receber essas lideranças nordestinas, que contribuem com o seu trabalho nas prefeituras, no Senado Federal, na Câmara dos Deputados e nas Assembléias Legislativas para o engrandecimento deste País e ainda mandou o seu Secretário de Assuntos Regionais comunicar aos Srs. Prefeitos e Governadores que as frentes de trabalho serão desativadas no Nordeste, mas que, com relação aos Estados que ainda estão sofrendo os efeitos da estiagem, os frentistas não receberão mais o salário de 60 reais que era dado como contribuição da União aos Estados. Passariam a receber um salário vergonhoso de R$45,00 que, complementado com mais R$15,00 dos Governos estaduais, somariam míseros R$60,00 por mês, mas com a condição - que considero degradante, vergonhosa, humilhante - de que o sertanejo flagelado, castigado pela seca, não precisasse ir ao trabalho. Recebe os R$60,00, sendo R$ 45,00 do Governo Federal e R$ 15,00 do Estado, e fica em casa; não precisa prestar nenhum serviço à comunidade.  

Assim, o sertanejo passará a agir como um pária, como um preguiçoso, como um homem que não tem condição alguma para prestar serviço ao País.  

Faço esta denúncia no momento em que o Presidente da República pretende transformar o nordestino num esmoleiro. Nesta hora, cai como uma luva a canção de Luiz Gonzaga: "Mas, Doutor, uma esmola para o homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão". Luiz Gonzaga, nordestino, com a sua sabedoria, em suas músicas, já enaltecia o homem como útil para o trabalho e não para receber esmolas, como pretende o Presidente da República.  

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para solicitar se inclua nos Anais da Casa um manifesto em defesa da agricultura sergipana, que está sofrendo, com a seca, a humilhação de nada produzir, enquanto os trabalhadores rurais são submetidos a essa vergonha de terem que receber um salário de R$ 60,00, sem obrigatoriedade de prestar serviço.  

Não é possível que Fernando Henrique Cardoso, um homem letrado, com vários diplomas, chegue à conclusão de que o Nordeste só merece esmola, porque não há plano a ser executado, não há nenhuma vontade do Governo para salvar a nossa região da pobreza em que vive.  

Como prometi, Senador Geraldo Melo, termino as minhas palavras e aproveito para concitar V. Exª, como nordestino, como grande Governador que foi do Rio Grande do Norte, integrante do partido do Governo, assim como fizeram o Senador Antonio Carlos Magalhães e o Deputado Federal Michel Temer, a tentar intermediar uma audiência dos Srs. Prefeitos com o Presidente da República.  

Gostaria que V. Exª, como um dos Líderes maiores do PSDB, continuasse nessa intermediação, a fim de que os Prefeitos fossem ouvidos, que as medidas paliativas e vergonhosas do Presidente da República fossem deixadas de lado e projetos efetivos e permanentes fossem executados em favor do Nordeste, como eu e V. Exª já tivemos ocasião de pleitear na Sudene, quando administrávamos conjuntamente os nosso Estados.  

Obrigado, Sr. Presidente.  

P°Ü _