Discurso no Senado Federal

NOVOS ESCLARECIMENTOS SOBRE O EPISODIO ENVOLVENDO O MINISTERIO PUBLICO E O LEGISLATIVO MUNICIPAL DE RIO BRANCO.

Autor
Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • NOVOS ESCLARECIMENTOS SOBRE O EPISODIO ENVOLVENDO O MINISTERIO PUBLICO E O LEGISLATIVO MUNICIPAL DE RIO BRANCO.
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/1999 - Página 10606
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • CRITICA, EMPENHO, JUSTIÇA, COBERTURA, RESPONSAVEL, CRIME DO COLARINHO BRANCO.

A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT-AC. Para uma esclarecimento. Sem revisão da oradora.) - Agradeço à Mesa. Por meio de conversas e do que está sendo publicado na imprensa, dá-se conta de que, quando da prisão do Vereador Alex, houve, inclusive, um telefonema do Presidente do Tribunal de Justiça, dizendo à pessoa que executava a ordem judicial que não prendesse o Vereador.  

No caminho até o local onde se efetivaria a prisão, o advogado, Dr. Rui Duarte, tentou parar o carro da polícia para de lá retirar o preso, dizendo que já teria um habeas corpus e que tinha certeza de que seria solta a pessoa que estava sob mandado de prisão. Quando chegaram à delegacia, o delegado já havia recebido um telefonema do Presidente do Tribunal de Justiça, dizendo que não prendesse, porque havia um habeas corpus, e esse já estava dando a soltura para a pessoa que estava sendo presa, que era o Vereador Alex. O que estou colocando aqui, Senador Nabor Junior, de acordo com o que saiu na imprensa, de acordo com o relato que ouvi de várias pessoas, é que é uma relação, no mínimo, para ser delicada, atípica, porque nunca vi tanto empenho da Justiça em soltar alguém, mesmo inocente, mesmo quando se trata daqueles que são despossuídos; mas ocorre o contrário quando se trata daqueles que praticam o crime do colarinho branco, que estão sistemicamente dentro de um esquema de corrupção naquele Estado, com um patrimônio inexplicável. Um salário de vereador de R$3 mil, R$4 mil não dá para comprar mansões, carros importados, todo aquele patrimônio que determinadas figuras ostentam.  

Sou Senadora da República, tenho uma modesta casa, uma modesta vida, graças a Deus, e desafio que quebrem meu sigilo bancário até a quinta geração; não tenho medo, porque vivo honestamente. No Acre, há fortunas que não se explicam pela realidade econômica do nosso Estado. Só podem vir de um lugar: dos cofres públicos, por um processo histórico de corrupção que, se Deus quiser, está com os dias contados, assim como aqueles que se enriqueceram às custas desse expediente. Se a Justiça quer trabalhar no sentido de punir os culpados, não posso fazer nada. Não é vingança, não é perseguição; é querer justiça dentro do estado de Direito, respeitando-se as normas e instituições. Estou de pleno acordo com relação a isso, Senador Nabor Junior. Mas considero que as autoridades não devem mais dar nenhum tipo de cobertura a quem pratica esse tipo de improbidade. Afinal de contas, a mudança que se efetivou naquele Estado não foi no sentido de que as coisas continuem como estão. E, repito, não entendo justiça como um ato de vingança. Não me regozijo quando as pessoas são expostas. Essas pessoas têm família, têm parentes, têm amigos; fico triste quando vejo essas coisas. Não é por vingança. Mas a sociedade precisa ter o exemplo, inclusive vindo de cima, porque, no Acre, ladrão de galinha vai para cadeia, mas aqueles que realmente roubam milhões são protegidos por um esquema, que não sei como funcionava, mas que, graças a Deus, começa a ser desbaratinado.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/1999 - Página 10606