A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT-AC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente.  

Sr. Presidente, rapidamente, até em respeito à minha querida colega que me concede essa oportunidade, juntamente, com o ilustre Presidente, de fazer esta comunicação, é que a imprensa vem divulgando, há vários dias, o quanto algumas personalidades do Governo têm lançado mão de um benefício que parece estar disponível para os que desejam passar férias ou repousar em Fernando de Noronha: voar nos aviões da FAB e hospedar-se em bases públicas lá existentes. Foi o caso dos Ministros Clóvis Carvalho, Paulo Renato, Luiz Felipe Lampreia e também daquele que deveria ser o responsável pela correção das improbidades administrativas, do mau uso da estrutura pública, o Procurador-Geral da República Geraldo Brindeiro.  

Deixa-me estarrecida, Sr. Presidente, saber que alguns rincões deste País, como Feijó, Tarauacá, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, enfim, vários Municípios de meu Estado dependem de aviões da FAB ou do Exército para transportar produtos ligados à área de saúde, alimentação ou mesmo pessoas doentes. É uma grande dificuldade conseguir esse tipo de benefício para o público.  

No entanto, parece-me que, no caso, a fila de vagas é muito benevolente, pois várias figuras usufruíram desse benefício. Algumas, inclusive, estão pagando o equivalente às férias gozadas em Fernando de Noronha e ao vôo.  

O Procurador-Geral da República, que teria a obrigação de estar atuando em defesa do patrimônio público, infelizmente, também está envolvido no episódio.  

Lembro-me do caso de uma pessoa injustiçada, que, devendo recorrer a um juiz, àquele que teria condição de ser o guardião do interesse público, descobre que ele estaria envolvido. A quem recorrerá a população, Sr. Presidente? Não estou querendo desacreditar no Ministério Público Federal como instituição, mas é muito desagradável saber das autoridades envolvidas nessa irregularidade.  

Embora meu amigo Raul Jungmann tenha sido citado nos jornais de hoje, fico feliz por ter esclarecido que, no seu caso, se tratou de uma viagem a serviço. Espero que tenha sido pelo interesse da reforma agrária.  

Se pensarmos em procurar o Procurador-Geral da República, veremos que ele está na lista dos que praticaram a mesma irregularidade.  

Então, Sr. Presidente, este registro é para fazer uma comparação, visto tratar-se de um benefício de tão fácil acesso para alguns e, ao mesmo tempo, caso de vida ou morte para outros, o qual dificilmente ocorre nos rincões deste País, principalmente na nossa querida Amazônia.  

Muito obrigada.