Discurso no Senado Federal

RESPOSTAS AS ALEGAÇÕES DO SENADOR ROBERTO FREIRE SOBRE A ENTREVISTA DO SENADOR JORGE BORNHAUSEN A RESPEITO DA REFORMA POLITICA PARTIDARIA.

Autor
Hugo Napoleão (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Hugo Napoleão do Rego Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • RESPOSTAS AS ALEGAÇÕES DO SENADOR ROBERTO FREIRE SOBRE A ENTREVISTA DO SENADOR JORGE BORNHAUSEN A RESPEITO DA REFORMA POLITICA PARTIDARIA.
Publicação
Publicação no DSF de 12/05/1999 - Página 11224
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • RESPOSTA, DISCURSO, ROBERTO FREIRE, SENADOR, DEFESA, ATUAÇÃO, POLITICA, JORGE BORNHAUSEN, CONGRESSISTA, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL).
  • DEFESA, POSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), ESPECIFICAÇÃO, FUNÇÃO, ESTADO, APOIO, REFORMA POLITICA, AMBITO, DEBATE, DEMOCRACIA.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL-PI. Como Líder.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvi, com a maior atenção, as palavras do nobre Senador Roberto Freire e quero, preliminarmente, dizer que o Jornal do Brasil do último domingo, de fato, publicou uma entrevista com o Presidente Nacional do PFL, Senador Jorge Bornhausen - reeleito, aliás, para um novo mandato na convenção da última sexta-feira, dia 7. A entrevista foi dada e, com todas as letras, ele deu a sua opinião.  

Gostaria, inicialmente, com relação às palavras do Senador Roberto Freire, de dizer que o presidente do meu partido pode ter sido eleito, no passado, uma vez, pelo processo indireto, que era o processo que vigia à época e do qual participaram os partidos existentes - processo do qual participou, inclusive, em eleições presidenciais, até mesmo o partido ao qual pertencia o hoje Senador Roberto Freire.  

Mesmo tendo isso ocorrido, o presidente do meu partido foi eleito - e já eleito pela segunda vez - pelo voto direto do povo de seu Estado, Santa Catarina, pelo sufrágio universal, secreto e direto, o que convalida a sua vida pública. E a última eleição não foi em 1994; foi em 1998.  

Tenho para mim que as teses expostas pelo meu partido acerca de um Estado enxuto não visam socializar prejuízos, mas democratizar lucros e trazer uma nova feição à economia brasileira, valorizando seu aspecto social. Estamos todos envolvidos não na economia de mercado, mas na economia social de mercado; o que queremos são empregos - o PFL traçou seu projeto para o ano 2000: o Projeto Educação e Emprego, já divulgado à saciedade, inclusive, pela Imprensa.  

O que é preciso dizer é que, às vezes, nós mesmos consideramos que, em determinadas áreas do Brasil, onde há carência - Norte, Nordeste, Centro-Oeste -, nem sempre a empresa privada, que vai sub-rogar-se nos direitos e obrigações do Estado, vai ter interesse em investir, pois é incerto o retorno desse investimento. Nesses casos, realmente, temos que ser cautelosos no que diz respeito à privatização. No entanto, em tese, ela é extremamente válida; o mundo inteiro para ela está caminhando.  

Quanto às defesas que faz da reforma política ou da reforma eleitoral, eventualmente, o Senador Jorge Bornhausen, esse é um direito seu. Há opiniões díspares, a democracia vive do contraditório e, portanto, tem, evidentemente, S. Exª todo o direito de defender e despender as teses que julgar convenientes para o bem do Brasil e do aprimoramento do sistema eleitoral e partidário. Esse assunto deve ser discutido, ninguém o está impondo. O Senador Bornhausen não quer, manu militari, impô-lo a ninguém; ele quer apenas preservar a possibilidade da discussão da tese.  

Não há, também, que se falar no Senador Francelino Pereira, que foi, até pouco tempo, Presidente do PFL de Minas Gerais. S. Exª aumentou a quantidade de filiações, viajando a cada final de semana ao seu Estado, que possui mais de 800 municípios. Não se pode condená-lo por declarações que tenha feito, em outro contexto, há mais de 20 anos. Caso assim se aja, vamos terminar, Srªs e Srs. Senadores, em situação semelhante àquela descrita na fábula de Phedro, repetida por La Fontaine em Le Loupe et l´Agneau ou, em latim, Lupus et Agnus : bebia água rio acima um lobo e, rio abaixo, um cordeiro. O lobo reclamou do cordeiro, dizendo que ele estava turvando a água que ele bebia. "Como" - disse o cordeiro para o lobo - "se a água rola de ti para mim?". "Ah", diz o lobo, "então foi seu pai, há seis meses" e devorou o cordeiro.  

Frases ditas e vencidas - que, aliás, marcaram época - do hoje Senador Francelino Pereira não devem ser cobradas num momento em que tanta coisa bonita já se passou no país, inclusive a abertura democrática, para a qual ele, o Senador Bornhausen, eu, pessoalmente, e o meu PFL, todos contribuímos com vistas à grandeza do nosso país.  

Então, quero deixar bastante claro que S. Exª consignou apenas opiniões suas, levantando teses para a discussão. Têm toda razão aqueles que desejam se opor, mas que isso seja feito em termos, colocando-se o debate democrático, a disputa democrática, acima de todos os valores, porque a quem devemos mesmo satisfações é ao povo brasileiro.  

Era o que eu tinha a dizer.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/05/1999 - Página 11224