Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AOS FONOAUDIOLOGOS.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AOS FONOAUDIOLOGOS.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/1999 - Página 11405
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, FONOAUDIOLOGO, ELOGIO, TRABALHO, FONOAUDIOLOGIA, RECUPERAÇÃO, SAUDE, ANALISE, MELHORIA, EXERCICIO PROFISSIONAL.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, da mesma maneira que o homem, muitas vezes, estraga e destrói as coisas criadas por Deus e colocadas à sua disposição, ele mesmo, de outro lado, procura corrigir aquelas imperfeições que são agregadas às criaturas ao longo do tempo. Quando o homem faz isso, quando essas ações se voltam, por exemplo, para a recuperação da saúde humana, para a correção de defeitos congênitos, têm elas muito de divino. O médico que se esforça para recuperar a saúde de um semelhante tem a mão de Deus a guiá-lo. O psicólogo que ajuda uma pessoa a conhecer-se mais, a superar traumas, para levar uma vida mais tranqüila, tem também o dedo de Deus a orientá-lo. O cientista que perscruta o mundo criado, com a finalidade de entendê-lo melhor, tem Deus a seu lado. Essa enumeração poderia ser longa, porque o homem foi o parceiro a quem Deus confiou o universo para que o administrasse e o trabalhasse.  

Gostaria de incluir nesse rol dos colaboradores de Deus na correção dos problemas que afligem o gênero humano uma outra categoria de profissionais: os fonoaudiólogos. Têm eles a missão precípua de cuidar das disfunções humanas ligadas à comunicação, já que se dedicam à correção de problemas da fala e da audição. A comunicação, todos nós o sabemos, é uma das capacidades mais sublimes de que dispomos e quem não ouve e não fala bem vive mal, por carregar uma limitação sem tamanho. Por isso, nutro uma predileção muito especial por esses profissionais e quero, neste dia, render-lhes a minha homenagem.  

A fonoaudiologia tem passado por uma transformação bastante significativa nos últimos tempos. De mera auxiliar da medicina passou a atividade autônoma, com luz própria e campo de atuação específico. No Brasil, essa transformação foi caracterizada por alguns acontecimentos importantes e decisivos para o seu processo de consolidação.  

Marcante foi o promulgação da Lei n° 6.965, de 09 de dezembro de 1981, que a reconheceu como profissão de nível universitário. Esse fato foi particularmente importante, pois até então se considerava que o fonoaudiólogo fosse apenas um técnico com habilidades específicas, auxiliar do médico. Nos anos seguintes, o grande desafio foi deixar para trás a imagem já conhecida de mero repetidor de exercícios aprendidos no período de formação e consolidar o novo modelo de profissional que pesquisa, estuda e divulga os seus trabalhos, equiparando-se a outros profissionais que também se voltam para a saúde humana, notadamente médicos e psicólogos.  

Outro grande mérito dessa mesma Lei foi a criação do Conselho Federal de Fonoaudiologia e de Conselhos Regionais, com a missão precípua de fiscalizar o exercício profissional e estimular a exação no exercício da profissão, velando pelo bom nome e prestígio daqueles que a exercem. Sem qualquer dúvida, esse fato foi igualmente importante para que a profissão se firmasse, pois, lhe proporcionou identidade própria e reconheceu-lhe capacidade de traçar os seus próprios caminhos, com função normativa, fiscalizadora e até mesmo interpretativa do disposto na Lei de criação da profissão.  

Em dezembro do ano passado, o Conselho Federal deu mais um grande passo na valorização do trabalho dos fonoaudiólogos: criou a sua revista científica - Fonoaudiologia Brasil -, destinada à publicação de trabalhos, pesquisas e relatos de experiência no campo da fonoaudiologia, servindo assim de referência e guia de pesquisas para os profissionais do ramo.  

Esses fatos, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aliados à existência de cursos de pós-graduação em várias faculdades do Brasil, vem demonstrar que, apesar de recente, a fonoaudiologia, nesses quase 20 anos, mudou completamente de feição, tornando-se mais profissional, mais madura e, principalmente, mais científica.  

Por ser essa uma profissão com marcantes características femininas, até mesmo muitas fonoaudiólogas a julgam desprestigiada, de segunda linha, se assim se pode dizer. Esquecem-se, entretanto, de que o prestígio de uma profissão quem o faz são os próprios profissionais. Como ser desprestigiada uma profissão que é capaz de devolver a outros a alegria de viver e a capacidade de se comunicar sem traumas ou sentimentos de inferioridade? Como considerar de ordem inferior uma atividade que necessita contar com a sensibilidade que só as mulheres são capazes de demonstrar? Por acaso, é a sensibilidade feminina uma característica sem valor?  

Creio que tal preocupação não deve existir. Essa profissão, por ser relativamente nova, ainda está em fase de afirmação e de consolidação. Estou certo de que, havendo trabalho árduo e dedicado, o próprio tempo se encarregará de corrigir as distorções que possam existir, pois as pessoas sentirão que a fonoaudiologia é uma grande aliada de que dispõem para tornar a vida mais agradável.  

Muito obrigado.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/1999 - Página 11405