A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT-AC. Para encaminhar a votação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falo também muito rapidamente, porque me sinto contemplada nas palavras dos demais colegas.

           Sempre que fazendo algum tipo de homenagem à memória daqueles que já partiram, eu me pergunto: procederíamos da mesma forma se essa pessoa ainda estivesse viva?

           E se eu chegar à conclusão de que eu diria as mesmas palavras, com certeza não me pouparei de carregar um pouco nas tintas. Se porventura eu não o fizesse, com certeza ficaria um pouco mais amena a homenagem, mesmo após o falecimento. Neste caso, tenho absoluta certeza de que tudo que está sendo dito aqui, com relação à figura do poeta, do escritor, seria dito na sua continuidade de vida em nosso planeta Terra.

Temos, às vezes, a compreensão de que a cultura não pode ser popularizada, e Dias Gomes conseguiu fazer a popularização da cultura, de uma sofisticada cultura, que muitas vezes é levada para aqueles que são capazes de entender e interpretar a escrita para as novelas de uma forma muito fantástica, levando qualidade, levando a uma reflexão e a um questionamento que estava atrás das imagens que apareciam e das palavras que eram ditas. Levava as pessoas a pensar, e é isso que hoje está sendo homenageado: a forma, o conteúdo.

Há um filósofo que diz que a grande filosofia que não é capaz de se transformar e de se simplificar é porque não é grande, e a grande obra literária ou artística que não foi capaz de simplificar-se para atingir o coração do nosso povo, talvez não fosse tão grandiosa assim. E, com certeza, a arte, a criatividade e a engenhosidade artística de Dias Gomes era grandiosa, pelo fato de ter conseguido simplificar-se para comunicar-se com o coração da maioria do povo brasileiro.