O SR. BLAIRO MAGGI (...-MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, de certa forma, justificar minha ausência - não só a minha mas também a do Senador Gilvam Borges - na semana passada. Fomos participar de um evento, uma grande caminhada, um caminhonaço, que teve como objetivo chamar a atenção do Governo Federal, para que seja criada uma nova alternativa de escoamento de grãos, da produção agrícola do Estado de Mato Grosso em direção ao Pará.  

Saímos da cidade de Lucas do Rio Verde, passamos por Sinop, Sorriso e chegamos até Itaituba. Percorremos 1.050 quilômetros de estrada, dos quais 800 quilômetros sem asfalto, em condições adversas: muita poeira, muitos buracos, mosquitos, sem o mínimo conforto.  

Mas a idéia era exatamente essa, ou seja, chamar a atenção do Governo Federal para reduzir os custos de transporte da soja, do milho, do algodão, enfim, das culturas produzidas no Mato Grosso em direção ao mercado externo. Esse vai ser o tema de um pronunciamento que pretendo fazer semana que vem e no qual acrescentarei detalhes da nossa viagem e dos fatos que pudemos observar ao longo de três dias.  

O que quero falar hoje aqui, Sr. Presidente, é que alguns milhares de pessoas estão abandonadas neste País, principalmente pessoas que vivem ao longo da BR-163, no Pará, Estado do qual o atual Presidente da Mesa faz parte.  

Encontramos lá milhares de pessoas que foram levadas para a BR-163, há mais de 25 anos, pela promessa do Governo Federal de que teriam ali uma estrada asfaltada de aproximadamente 600 ou 800 quilômetros até o porto.  

Assim, pessoas que viviam no Sul do Brasil fizeram um raciocínio lógico e simples, qual seja, o de que, vivendo ali, logo poderiam adquirir outros bens, teriam progresso, melhorariam de vida tanto economica como social e culturalmente.  

Não foi o que aconteceu. Elas foram simplesmente abandonadas pelo Governo Federal, talvez pelos Governos estaduais também. Lá enterraram parte de sua juventude, enterraram - muitos deles - parte de suas famílias vitimada por doenças que não conheciam no Sul do Brasil - Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Doenças como a malária, a febre amarela, e outras tantas doenças tropicais existentes na região acabaram vitimando parte dessas famílias.  

Saímos de Mato Grosso em direção ao Pará, em busca de ganhos para os produtores rurais, e acabamos encontrando uma situação difícil e pessoas vivendo grandes adversidades.  

O Brasil precisa urgentemente resgatar a promessa feita a elas mais de 20 anos atrás.  

Fica aqui o meu apelo ao Presidente da República, para que, efetivamente, não pense no asfaltamento da BR-163 apenas como um corredor novo de exportação, mas também, e principalmente, numa região para onde foram levadas pessoas com a promessa de melhores dias. Isso não aconteceu. Enterraram lá parte de suas famílias. Por isso, o Governo Federal e os Governos Estaduais do Mato Grosso e do Pará precisam urgentemente reparar esse erro.  

Como disse, na semana que vem farei um outro pronunciamento, mas, de antemão, gostaria de agradecer ao Senador Gilvam Borges, que foi o nosso grande mentor espiritual na viagem e fez grandes amizades com os agricultores e caminhoneiros do Mato Grosso que participaram dela. Agradeço também às pessoas que estiveram na recepção dos produtores e caminhoneiros: os Senadores Luiz Otávio e Jader Barbalho, do Pará, os Senadores Jonas Pinheiro e Carlos Bezerra, o Vice-Governador do Pará e o Vice-Governador de Mato Grosso.  

Eram essas as minhas considerações.  

Muito obrigado.  

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