Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA AO POETA CAPIXABA GEIR NUSSER CAMPOS.

Autor
Paulo Hartung (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Paulo César Hartung Gomes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM POSTUMA AO POETA CAPIXABA GEIR NUSSER CAMPOS.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/1999 - Página 14925
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, GEIR NUSSER CAMPOS, POETA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).

O SR. PAULO HARTUNG (PSDB-ES) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como costuma dizer um ilustre professor do meu Estado - João Baptista Herkenhof - "poeta não morre. Parte em direção ao infinito para o encontro definitivo com o bem e o belo". Há pouco mais de dois meses, o grande poeta brasileiro Geir Campos partiu para o infinito. Capixaba do Município de São José do Calçado, ele foi vítima de um câncer no sistema linfático. Aos 75 anos de idade, deixou mulher, dois filhos, centenas de poesias e contos, muita saudade e a convicção de que nossa maior "Tarefa" é a construção de "um mundo novo e muito mais humano". Gostaria que ficasse registrado nos Anais desta Casa parte da história de vida e de luta desse homem.  

Muitos jovens brasileiros, e especialmente capixabas, certamente nunca ouviram falar em Geir Nusser Campos. Natural do Sul do Espírito Santo, ele se mudou para o Rio de Janeiro aos 3 anos de idade e passou os últimos 50 anos de sua vida em Niterói, onde – como membro ativo do PSB - chegou a disputar uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores. Colunista do Diário de Notícias , nos anos 50, fundou o jornal comunista "Para Todos", revelando-se um árduo defensor da dignidade e dos direitos humanos. Mas foi através da poesia que Geir ganhou maior notoriedade. Ao todo, publicou mais de 15 traduções de obras literárias - entre elas poemas de Rilke, Whitman e Brecht - e 30 livros de poesias e contos.  

Ex-diretor da Biblioteca Nacional e compositor do Hino de Brasília, Geir foi professor de "Técnica dos Meios de Comunicação", na UFRJ, e graduou-se como bacharel em Teatro, pela Escola de Teatro da Uni-Rio. Consagrado como um dos nomes de destaque da moderna poesia brasileira, ele foi um dos homenageados pelo renomado poeta Moacyr Félix, no livro "41 poetas do Rio", uma antologia recentemente editada pela Funarte, que, segundo consta de seu prefácio, reúne obras de autores cariocas (ou que residem no Rio) "merecidamente reconhecidos ou louvados pelo valor literário."  

Mas Geir, para lamento do próprio Moacyr Félix, acabou não tendo tempo para ver seu nome entre alguns dos maiores poetas modernos do país. Partiu antes que o livro fosse lançado. Deixou-nos entretanto algumas lições. Uma visão política de crença na justiça e na igualdade. Deixou-nos, sobretudo, uma grande "Tarefa":  

 

"Morder o fruto amargo e não cuspir,  

mas avisar aos outros quanto amargo é.  

Cumprir o trato injusto e não falhar,  

Mas avisar aos outros quanto é injusto.  

Sofrer o esquema falso e não ceder,  

Mas avisar aos outros quanto é falso.  

Dizer também que são coisas mutáveis...  

E quando em muitos a noção pulsar  

- do amargo e injusto e falso por mudar -  

então confiar à gente exausta o plano  

de um mundo novo e muito mais humano."  

Ao fazer este pronunciamento, quero aqui prestar uma sincera homenagem a esse poeta, capixaba de nascimento, que conquistou os corações de muitos brasileiros com seus sonhos e ideais.  

Muito obrigado.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/1999 - Página 14925