Pronunciamento de Heloísa Helena em 10/06/1999
Discurso no Senado Federal
SOLICITAÇÕES AO SECRETARIO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS, JOSE GREGORI, PARA QUE APURE DENUNCIAS DE PRATICA DE TORTURA POR PARTE DO DELEGADO JOÃO BATISTA CAMPELO, INDICIADO PARA O CARGO DE DIRETOR-GERAL DA POLICIA FEDERAL.
- Autor
- Heloísa Helena (PT - Partido dos Trabalhadores/AL)
- Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
DIREITOS HUMANOS.:
- SOLICITAÇÕES AO SECRETARIO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS, JOSE GREGORI, PARA QUE APURE DENUNCIAS DE PRATICA DE TORTURA POR PARTE DO DELEGADO JOÃO BATISTA CAMPELO, INDICIADO PARA O CARGO DE DIRETOR-GERAL DA POLICIA FEDERAL.
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/06/1999 - Página 15014
- Assunto
- Outros > DIREITOS HUMANOS.
- Indexação
-
- COMENTARIO, DEPOIMENTO, IMPRENSA, JOSE ANTONIO MONTEIRO, PROFESSOR, FUNCIONARIO PUBLICO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), VITIMA, TORTURA, EPOCA, DITADURA, MILITAR, RECONHECIMENTO, RESPONSAVEL.
- SOLICITAÇÃO, SECRETARIA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS, BANCADA, CONGRESSISTA, APOIO, GOVERNO, GESTÃO, OPOSIÇÃO, INDICAÇÃO, RESPONSAVEL, TORTURA, CARGO PUBLICO, DIRETOR GERAL, POLICIA FEDERAL.
A SRª HELOISA HELENA
(Bloco/PT-AL. Para uma breve comunicação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os jornais de hoje trazem declarações do Professor José Antônio Monteiro, de Alagoas, nosso querido companheiro, vítima dos covardes "porões de sangue" da ditadura militar.
José Antônio, ex-padre maranhense, pessoa decente, honesta, trabalhadora, técnico da Secretaria de Agricultura do Estado de Alagoas, ocupa hoje as páginas dos jornais reconhecendo um dos seus torturadores como sendo um ex-delegado da Polícia Federal do Maranhão, o qual está sendo indicado, pelo Presidente da República, como o novo Diretor-Geral da Polícia Federal.
Solicitamos aos Srs. Senadores, à Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, aos Parlamentares que são da base de sustentação do Governo Federal, mas que não compartilham com a ditadura militar, com os "porões de sangue" e com a tortura da ditadura militar, que impeçam a indicação desse senhor para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal. Não é justo que uma pessoa que participou diretamente da tortura, inclusive levando ao pau-de-arara o ex-padre José Antônio, possa ser indicado Diretor-Geral da Polícia Federal. Não é justo também, como saiu em alguns jornais, dizerem que o José Antônio é ex-padre e ex-cabo eleitoral do atual Ministro da Justiça. Não é justo que seja colocado dessa forma, porque minimiza, sufoca a dor e o sofrimento de alguém que foi torturado neste País. Não é justo que ele seja colocado como ex-cabo eleitoral. Realmente, o ex-padre José Antônio trabalhou para o atual Ministro Renan Calheiros, mas não hoje e sim na época em que Renan era militante da Oposição, do antigo MDB. E quando candidato, muito de nós, que estamos em outros partidos de esquerda hoje - e fazemos oposição ao Ministro inclusive no seu Estado -, militamos conjuntamente com o Renan, e não com o Ministro Renan Calheiros. Refiro-me ao Renan militante do movimento estudantil, da União Nacional dos Estudantes e da área de influência do Partido Comunista do Brasil.
Portanto, solicitamos às pessoas que, mesmo estando na base de sustentação do Governo e não compartilham com a dor, com o sofrimento, com a tortura, com a covardia dos "porões de sangue" da ditadura militar, efetivamente impeçam que esse senhor seja indicado Diretor-Geral da Polícia Federal.
Portanto, esse é o protesto e a solicitação que fazemos: por favor, tenham sensibilidade, compartilhem um pouco do sofrimento de tantas pessoas vítimas da covardia dos porões de sangue da ditadura militar; impeçam que esse senhor seja indicado o Diretor-Geral da Polícia Federal. Não se trata de uma suposta vítima, o José Antonio é uma vítima da ditadura militar. Não me refiro a um suposto torturador; é um torturador da ditadura militar.
Portanto, pedimos ao menos sensibilidade. Não pisem com tanta força nos corações ainda machucados e nas lembranças distantes no tempo, mas ainda tão próximas daquelas pessoas que foram vítimas da covardia e da tortura, dos porões de sangue da ditadura em nosso País.
ALìÆ