Discurso no Senado Federal

APELO AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA QUE SEJA SENSIVEL AOS ANSEIOS DA NAÇÃO QUANTO AO PROSSEGUIMENTO DAS INVESTIGAÇÕES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUERITO.

Autor
Emília Fernandes (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RS)
Nome completo: Emília Therezinha Xavier Fernandes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS. LEGISLATIVO.:
  • APELO AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA QUE SEJA SENSIVEL AOS ANSEIOS DA NAÇÃO QUANTO AO PROSSEGUIMENTO DAS INVESTIGAÇÕES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUERITO.
Publicação
Publicação no DSF de 17/06/1999 - Página 15495
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS. LEGISLATIVO.
Indexação
  • ELOGIO, METODOLOGIA, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS, PRESERVAÇÃO, INFORMAÇÃO, DEFESA, CONSTITUCIONALIDADE, COMPETENCIA, INVESTIGAÇÃO, LEGISLATIVO, ESPECIFICAÇÃO, COMBATE, IMPUNIDADE.
  • SOLICITAÇÃO, JUDICIARIO, COLABORAÇÃO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS.

A SRª EMILIA FERNANDES (Bloco/PDT–RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, até em consideração aos Senadores inscritos, tendo em vista que a CPI do Sistema Financeiro inicia seus trabalhos neste momento e temos que estar presentes, porque fazemos parte dessa Comissão, apenas quero registrar rapidamente que o trabalho que tenho feito dentro da CPI do Sistema Financeiro. A exemplo do que fiz por ocasião da CPI dos Títulos Públicos, mais conhecida como a CPI dos Precatórios, sem dúvida, a nossa ação tem-se pautado pela seriedade, pela responsabilidade e, principalmente, pelo cuidado zeloso das informações que recebemos e levamos ao conhecimento do ilustre Relator da nossa CPI, como dos demais membros, principalmente nas nossas reuniões administrativas.  

Por outro lado, temos consciência de que a Constituição Federal dá o amparo para que o Congresso Nacional, por meio das Comissões Parlamentares de Inquérito, faça o seu trabalho de investigação. Temos tido o cuidado de constantemente reafirmar isto: não somos nós quem prendemos ou condenamos, mas temos a obrigação e o amparo constitucional para averiguar fatos, investigar e remeter os dados - com as pistas e provas que forem encontradas durante esse trabalho - às instituições que têm o direito de julgar e prender qualquer cidadão brasileiro.  

Temos tido, também, o cuidado de que não haja nenhum tipo de sensacionalismo baseado nos dados que estão sob investigação, da nossa responsabilidade, principalmente aqueles oriundos da quebra do sigilo telefônico, e de que não sejam jogados na Imprensa - com todo o respeito que temos por essa instituição - que nos procura, buscando informações. A Imprensa, diga-se de passagem, tem contribuído em muitas ocasiões para esclarecer muitos fatos ou, no mínimo, para que os envolvidos venham a público dar as suas explicações, não muitas vezes a nós, mas muito mais à sociedade brasileira, que está acompanhando e quer esclarecimentos. Basta neste País continuar dizendo que é julgado, condenado e preso só o pobre ou aquele que, muitas vezes, rouba um pedaço de pão para se alimentar.  

Estamos vendo que, de uma forma disfarçada de cercear os trabalhos da Comissão, busca-se o Poder Judiciário. Vejam bem: buscam o Poder Judiciário aqueles que estão no mais alto grau de interferência e de responsabilidade dentro daquilo que está sendo investigado. Nada mais, nada menos do que o ex-Presidente do Banco Central, aquele que, sob a sua autorização, sob a sua coordenação, autorizaram bancos neste País a se beneficiarem num processo com recursos públicos e acobertando outros tantos que tiveram lucros exorbitantes naqueles dias em que as operações foram realizadas.  

Então, não vamos entrar no mérito. Respeitamos a decisão e o Poder Judiciário. Temos tido aqui essa postura e em todas as oportunidades temos registrado isso. Agora, queremos também dizer que não podemos admitir sermos repreendidos e muito menos que se tente passar para a sociedade que não vamos chegar a resultado nenhum nessas CPIs, por incapacidade ou irresponsabilidade dos seus membros. O Senado está fazendo um trabalho sério, todos os membros das Comissões estão diuturnamente num trabalho de consenso e de responsabilidade para apurar fatos.  

A sociedade brasileira tem que estar consciente de que, se não chegarmos precisamente ao nosso objetivo - devolver o dinheiro roubado deste País através de meios e órgãos públicos - não será culpa do Senado. Talvez, sim, tenham que ser chamados à responsabilidade aqueles que estão cerceando a possibilidade de investigarmos, e principalmente por meio do sigilo telefônico. Não ouvimos conversas, mas estabelecemos relação e estamos provando que o Sr. Chico Lopes tem envolvimento, e grave, em todas essas operações fraudulentas, favorecidas, que ocorreram envolvendo o Banco Central e outras empresas.  

Estão aqui os dados e os números de telefones. E quando divulgamos não divulgamos suposição. Se, porventura, divulgamos e saiu alguma coisa à imprensa, são dados concretos, apurados e repassados à Comissão.  

Sr. Presidente, faço um apelo ao Poder Judiciário – que talvez ainda é o Poder, entre todos os Poderes, mais respeitado neste País: que ele consiga captar a sensibilidade não apenas dos membros desta Comissão, que querem trabalhar e cumprir com o seu dever constitucional, mas principalmente da sociedade brasileira, que quer, sim, ver apurados ao máximo todos os fatos que estão sendo divulgados e que são de conhecimento público.  

Faço este registro dizendo que vamos continuar e já estamos com três nomes que, sob o apoio do Judiciário, não podemos divulgar seus dados. Além do Sr. Chico Lopes, também o Sr. João Afonso de Assis, advogado do Banco Marka – que poderia ter alguma coisa a esclarecer, mas recorreu à Justiça e ganhou impedimento da divulgação dos seus dados – e o Sr. Luiz Carlos Barret, ex-funcionário do Banco Marka, que também conseguiu um guarda-chuva no Poder Judiciário para não ter seus dados divulgados. Mas vamos continuar com a mesma seriedade e a mesma determinação, buscando cumprir com a nossa responsabilidade, que é apurar os fatos que aconteceram e lesaram, sem dúvida, os cofres deste País.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/06/1999 - Página 15495