O SR. ROMEU TUMA (PFL-SP. Pronuncia seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dificilmente encontraremos um grupo de trabalhadores brasileiros mais aflito com a própria situação que os nove mil empregados das redes de lojas de departamentos Mappin e Mesbla, aos quais se somam mais quarenta mil pessoas, cuja ocupação depende indiretamente da sobrevivência daqueles estabelecimentos, hoje a um passo de cerrar as portas em conseqüência de dívidas ao redor de R$ 1,12 bilhão (um bilhão e 12 milhões de reais).

           Pode-se debitar a culpa pela situação caótica a pessoas, como o empresário Ricardo Mansur, controlador do grupo econômico, ou a circunstâncias, como a crise econômico-financeira e as altas taxas de juros registradas desde o ano passado. Em meio a muitas dúvidas, responsabilidades têm sido apontadas pela imprensa em geral, mas reina uma certeza entre todos os que se compadecem do sofrimento daqueles trabalhadores e suas famílias, ou seja: independentemente de quem ou o que se considere como culpado, algo precisa ser feito, com a máxima urgência, para a preservação daqueles milhares de postos de trabalho, especialmente agora, quando as estatísticas nacionais já registram alarmantes níveis de desemprego entre a população brasileira economicamente ativa.

           Sr. Presidente, pedi a palavra para uma comunicação urgente, mas gostaria que ela ecoasse nesta Casa como apelo a todos os setores, oficiais e particulares, em condições de influir na busca da melhor solução. Esse apelo sintetiza os pedidos de dezenas de funcionários do Mappin e da Mesbla, que acamparam na Praça Ramos de Azevedo, defronte à loja símbolo da primeira rede, no centro da cidade de São Paulo. Anteontem, na companhia do ilustre Senador Eduardo Suplicy, acorri ao chamamento que esses trabalhadores dirigiram a lideranças políticas e sindicais. Lá estavam também o ilustre Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, José Anibal; o insigne Deputado Estadual Luiz Antônio de Medeiros, ex-Presidente da Força Sindical; e o eminente Vereador Miguel Colassuono, entre outros.

           Confesso que fiquei chocado ao entrar naquela loja de departamentos, uma das mais tradicionais e famosas em meu Estado, e vê-la vazia, praticamente sem mercadoria alguma. Entristeci-me ainda mais porque a cena causou-me saudade de um tempo não muito distante em que aquele ponto de vendas significava bom preço e a maior variedade de mercadorias, atraindo compradores de todo o País e mesmo do Exterior.

           Cerca de 200 pessoas participaram da manifestação, na qual houve condenação unânime da gestão temerária do empresário Ricardo Mansur e pedidos para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES exija os bens pessoais do controlador do grupo em troca de um eventual empréstimo. Aliás, a comissão representativa dos funcionários pretende manter contato com a direção do BNDES nesse sentido. Fala-se num empréstimo de R$ 17, 5 milhões de reais do banco oficial para serem utilizados como capital de giro na compra de mercadorias, cuja comercialização poderia ajudar a solução do problema. Diz-se também que o grupo estaria disposto a vender isoladamente cada uma das 47 lojas, localizadas em 16 Estados, buscando, dessa forma, saldar seus compromissos.

           Durante a manifestação defronte ao Mappin, os trabalhadores receberam a solidariedade de inúmeras lideranças e reconheceram a importância do apoio prometido pelo excelentíssimo Governador Mário Covas, que lhes informou, num encontro anterior, estar disposto a interceder junto a S. Ex.ª, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, para que receba representantes dos empregados e se interesse pessoalmente pela solução do problema.

           Era o que me cabia comunicar.

           Muito obrigado.