Discurso no Senado Federal

REALIZAÇÃO EM JOINVILLE, ENTRE OS DIAS 17 E 19 DO CORRENTE, DO DECIMO CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • REALIZAÇÃO EM JOINVILLE, ENTRE OS DIAS 17 E 19 DO CORRENTE, DO DECIMO CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/1999 - Página 15731
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, CONGRESSO BRASILEIRO, ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, OCORRENCIA, MUNICIPIO, JOINVILLE (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
  • IMPORTANCIA, COMERCIO, MEDIAÇÃO, SETOR, PRODUÇÃO, CONSUMIDOR, ANALISE, EXIGENCIA, CONCORRENCIA, INCENTIVO, CONSUMO, AMBITO, CENTRO COMERCIAL, FEIRA, INTERNET.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ENCONTRO, AMBITO NACIONAL, MULHER, JUVENTUDE, EMPRESARIO, COMENTARIO, AMPLIAÇÃO, FEMINISMO, POLITICA, JUSTIÇA, ECONOMIA.

O SR. CASILDO MALDANER (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobres Colegas, desde ontem, na cidade de Joinville, realiza-se o 10º Congresso Brasileiro de Associações Comerciais. O Estado de Santa Catarina tem a honra de ser a sede desse encontro, em função do que representam no Brasil essas associações comerciais e industriais - neste caso específico, as comerciais. Também a Confederação das Associações Comerciais Brasileiras se faz presente, representando esse setor tão importante da nossa economia. Sempre digo que entre o setor produtivo, o setor industrial e os consumidores, o comércio é o meio-de-campo. Na verdade, essas associações são o termômetro daquilo que o consumidor exige em função daquilo que é produzido, criando duas vias de comunicação: uma que vai ao consumidor, vindo da fábrica, e a outra que sai do consumidor e volta para a fábrica, a fim de dizer o que tem que ser alterado, o que tem que melhorar. O que é essencial para que o consumidor tenha suas necessidades atendidas. Então, esse papel de meio-de-campo, de ser a alma vivente, como se diz, do que acontece no dia-a-dia do consumidor foi o que motivou esse encontro na cidade de Joinville, que começou ontem e vai até amanhã. Por isso é que trago algumas considerações em relação a isso.  

Desde ontem a cidade de Joinville, em meu Estado, é o ponto de convergência de todo o Brasil em matéria de comércio. Nesses dias está sendo realizado, no Centreventos Cau Hansen-Joinville, o 10º Congresso Brasileiro de Associações Comerciais, promovido pela Associação Comercial e Industrial de Joinville, pela Associação Comercial e Industrial de Santa Catarina (FIESC) e pela Confederação das Associações Comerciais Brasileiras.  

Neste ano, esse evento se reveste do maior significado, não só por ser o último encontro de todas as associações comerciais do Brasil neste século, mas, principalmente, por estar-se mostrando aí uma projeção do que será o comércio no século XXI.  

Na cadeia produtiva, uma das atividades mais sensíveis e melindrosas é, sem dúvida, a comercialização. Muitas vezes nem sequer produzir é tão difícil quanto vender a própria mercadoria. Antigamente, essa tarefa era mais sensivelmente facilitada, pois não havia a grande variedade de produtos e a competição entre pontos de venda era muito reduzida, já que o seu número era muito limitado. No mundo moderno, em que o número de produtos e de pontos comerciais é cada vez maior, essa tarefa se torna ainda mais desafiante, pois a competição entre as empresas é mais acirrada.  

No momento atual, a missão do comerciante é de verdadeira sedução do consumidor, criando-lhe facilidades e atrativos que favoreçam o seu impulso de comprar ou até mesmo criando nele essa necessidade. Se, no passado, era o consumidor que ia até as lojas, hoje vivemos uma outra realidade, em que as lojas vão até onde ele está ou procuram estar cada vez mais perto dele. Por isso, os atrativos são muitos: facilidades de crédito, promoções, sorteios, brindes, comércio aberto aos domingos, quando não o é por 24 horas nos sete dias da semana. O que se quer é fazer do ato de comprar um prazer, uma satisfação pessoal; daí por que proliferam pelas cidades os centros comerciais, que são também verdadeiros locais de lazer, com variadas opções de diversão, cinemas, restaurantes, lanchonetes e, como não poderia deixar de ser, muitas lojas com produtos para todos os gostos.  

Ninguém sabe exatamente como será o comércio no terceiro milênio, mas, pela tendência que se observa, muita coisa nova estará a ocorrer. Os centros comerciais ou shopping centers , sem dúvida alguma, serão as grandes vedetes do início do século, por terem caído nas graças dos consumidores, ao lhes proporcionarem comodidade, segurança e opções de lazer. O shopping é hoje um lugar onde se vai não só para fazer compras, mas também para se divertir, passear e encontrar pessoas, substituindo, com algumas vantagens, as pracinhas das cidades, tão freqüentadas antigamente.  

Uma outra opção de comércio concentrado em um só lugar é o free park, misto de shopping center e feira, que, por não proporcionar todo o luxo daqueles centros comerciais, oferece produtos de qualidade, mas com preços mais baratos. Essa já é uma nova modalidade de comércio que começa a ser difundida em nossas grandes cidades e, com toda a certeza, será muito incrementada nos próximos anos.  

Entretanto, a modalidade de comércio que mais deverá crescer nos próximos anos será aquela por intermédio da informática. Em futuro próximo, poder-se-á adquirir qualquer mercadoria por esse meio, com toda garantia e sem sair de casa. Vejam bem onde estamos chegando! Estima-se que no próximo ano já estarão sendo movimentados no mundo mais de 200 bilhões de dólares apenas em compras feitas por meio da Internet. Nessa opção, a participação de empresas brasileiras ainda é pequena, mas, seguindo a tendência mundial, deverá também crescer substancialmente.  

Como se vê, a realidade apresentada aos empresários do comércio é verdadeiramente desafiadora, pois, acima de tudo, precisam eles estar ajustados aos novos tempos se quiserem sobreviver. Entre nós, são muitos os exemplos de empresas tradicionais e conceituadas que, por não terem sabido se enquadrar nesse novo contexto, sucumbiram.  

O 10° Congresso Brasileiros das Associações Comerciais estará com as suas atenções voltadas para essa nova realidade. Pela sua programação e pelo grau de influência das pessoas que lá estarão fazendo palestras ou participando de mesas-redondas já se antevê que os resultados serão auspiciosos: lá estão ou estarão o Presidente do Projeto Acorde, Paulo Protásio; o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Celso Lafer; o Presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan; o Diretor Técnico do Sebrae Nacional, Vinicius Lammertz; o Presidente da Caixa Econômica Federal, Emílio Carasai, entre várias outras renomadas pessoas do meio político e empresarial brasileiro.  

Gostaria também de chamar a atenção de meus Pares nesta Casa para três outros eventos que estão se desdobrando concomitantemente a esse congresso: O 1° Encontro Nacional da Mulher Empresária, O 1° Fórum Nacional do Jovem Empresário e o 3° Encontro dos Núcleos Setoriais de Santa Catarina. Destaco os dois primeiros, por seu ineditismo em nosso País e por serem efetivamente auspiciosos. Quanto ao primeiro evento, é bom verificar o crescimento da presença feminina no meio empresarial. Podemos perceber, Sr. Presidente, o crescimento da atuação da mulher brasileira no campo empresarial. E isso vem ocorrendo em todos os setores, como, na política, onde, de acordo com a legislação eleitoral, já há uma reserva de até 30% nas eleições proporcionais. No mínimo, há a garantia de até 30% das vagas. Não só no Legislativo ou no Executivo, não só na Administração Pública, em vários setores percebemos o crescimento da participação da mulher brasileira. É de se destacar também o crescimento, o avanço, a participação no Poder Judiciário. No meu Estado, Santa Catarina, praticamente 20% a 30% do Poder Judiciário é composto de mulheres.  

A esse propósito, realço a observação do Sr. Paulo Fortin, professor universitário canadense, em artigo publicado na revista Digesto Econômico, de novembro/dezembro de 1997, editada pela Associação Comercial do Estado de São Paulo. Segundo ele, em Quebec, de cada dez empresas criadas, quatro são iniciadas por mulheres e sua porcentagem de êxito é maior do que a dos homens por algumas razões: "Ao iniciarem um negócio, as mulheres são mais cautelosas, mais relutantes em fazer dívidas, buscam mais informações e não hesitam em fazer cursos de treinamento". São algumas características, Sr. Presidente, que demonstram, por essa pesquisa realizada no Canadá, que as mulheres se sobressaem em relação aos homens. Por isso é que há um crescimento no mundo inteiro da participação da mulher no setor empresarial.  

É auspicioso verificar também que o jovem empresário mereceu um destaque especial nesse evento. O fato de se reunirem pela primeira vez em um fórum já é sinal de que o meio empresarial de nosso País também está se renovando e se revitalizando com sangue novo.  

Por isso, Sr. Presidente e nobres Colegas, a realização desse Congresso em Joinville, Santa Catarina, é uma grande homenagem que a Confederação das Associações Comerciais Brasileiras, a Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina e a Associação Comercial e Industrial de Joinville prestam à cidade, chamada com muita propriedade de "Cidade das Flores", terra de trabalho e de competência.  

O que espero é que as discussões que se travarem no seu transcurso tenham sempre por base o desenvolvimento sustentável, mobilizador máximo da sociedade brasileira para a modernidade e a competitividade, e o documento a ser produzido ao final do evento reflita o posicionamento claro e objetivo da classe empresarial brasileira quanto às grandes e decisivas questões nacionais - como é o propósito dos seus organizadores - contribuindo de forma efetiva para o crescimento de nosso País.  

Essa é a nossa grande expectativa, Sr. Presidente e nobres Colegas.  

Não poderia deixar de vir a esta tribuna, no dia de hoje, para fazer essas considerações. Logo mais à tarde, se Deus quiser, estarei em Joinville, prestigiando esse evento, onde, como disse, a Confederação das Associações Comerciais Brasileiras está realizando o 10º Congresso Brasileiro.  

Sei, de antemão, que, além dessas questões aqui colocadas, várias outras hão de surgir desse encontro, dando origem à Carta de Joinville, que deverá conter várias ponderações dirigidas ao Executivo e ao Congresso Nacional. Dentre as questões a serem abordadas estará a Reforma Tributária, sobre a qual estarão apresentando idéias e ponderações a serem analisadas por nós, já que, na Câmara, agora, está funcionando uma Comissão para traçar os caminhos de uma reforma tributária para o Brasil. Sei que vários setores estão engajados nessa caminhada e, por certo, esse será um dos pontos a ser destacado pelo 10º Congresso Brasileiro das Associações Comerciais.

 

Para finalizar, Sr. Presidente, nobres Colegas, esse é o setor que serve de intermediário entre a fonte produtiva, a fábrica, e o consumidor, e reflete o que mais sensibiliza o consumidor, orientando o setor produtivo. As exigências, no andar da carruagem do nosso consumidor, são sempre maiores, e esse setor, no meio de campo, realiza o seu trabalho em duas vias, como disse no início: uma que vai do setor produtivo até o consumidor, e outra que vem do consumidor até as fábricas, com sugestões de melhoramentos. Esse trabalho é realizado pelos comerciantes e pelas associações comerciais no Brasil inteiro.  

Então, essas associações de diretores lojistas, essas associações comerciais do País têm o grande papel de intermediar e, cada vez mais, aperfeiçoar esse setor tão importante na vida econômica e social do Brasil.  

Eram as ponderações que tinha a fazer, Sr. Presidente e nobres Colegas. Nem toda a Casa está presente neste momento, mas sei que a maioria dos Srs. Senadores reconhecem a importância desse grande Congresso que se realiza em Joinville.  

Muito obrigado, Sr. Presidente e nobres Colegas aqui presentes.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/1999 - Página 15731