Pronunciamento de Romeu Tuma em 17/06/1999
Discurso no Senado Federal
HOMENAGEM AO SR. LEON FEFFER E FAMILIA, PELO GRANDE SUCESSO NO EMPREENDIMENTO DA COMPANHIA SUZANO DE PAPEL E CELULOSE.
- Autor
- Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
- Nome completo: Romeu Tuma
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM AO SR. LEON FEFFER E FAMILIA, PELO GRANDE SUCESSO NO EMPREENDIMENTO DA COMPANHIA SUZANO DE PAPEL E CELULOSE.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/06/1999 - Página 15600
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, LEON FEFFER, EX PRESIDENTE, EMPRESA, PAPEL, CELULOSE.
- SOLICITAÇÃO, REGISTRO, ANAIS DO SENADO, HISTORIA, VIDA, LEON FEFFER, EX PRESIDENTE, EMPRESA, PAPEL, CELULOSE.
O SR. ROMEU TUMA
(PFL-SP) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil desperta admiração mundial porque nosso povo se caracteriza pela convivência fraterna de pessoas de todas raças e originárias de muitas nacionalidades, gente que enriquece a sociedade brasileira, material e espiritualmente, com seu trabalho, seus costumes, sua beleza e sua religiosidade. Os benefícios que isso nos traz constituem evidências e dispensam exemplificação, tantos são os episódios registrados pela História nos quais ideais e atividades de brasileiros eventualmente nascidos em outras plagas foram decisivos para o desenvolvimento político, econômico e social deste País de dimensões continentais e uma só língua. Mas, apesar de considerarmos tais afirmações como autênticos axiomas, nunca será demais render homenagem a paradigmas dessa evolução nacional, quando menos seja para que o exemplo fique registrado nos Anais do Senado da República e possa orientar as gerações futuras. E um desses paradigmas tem o nome de Leon Feffer.
No último dia 15, Leon Feffer, querido amigo falecido na Capital paulista em fevereiro último, aos 96 anos de idade, estaria comemorando o 76.º (septuagésimo sexto) aniversário de fundação da empresa que iniciara em 1923, três anos depois de chegar ao Brasil, vindo de Rovno, na Rússia. A história desse empreendimento confunde-se com a da indústria de papel e celulose no Brasil.
A empresa, agora sob a presidência do igualmente amigo Max Feffer, filho daquele que foi brasileiro por escolha própria, chama-se Companhia Suzano de Papel e Celulose. Possui capacidade instalada para produzir, por ano, 555 mil toneladas de papeis e 420 mil toneladas de celulose ECF (livre de cloro elementar), o que lhe confere o título de segunda maior fábrica integrada da América Latina. Max foi Secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia de São Paulo, entre 1976 e 1979, e é Presidente da Associação Novo Teatro de São Paulo desde sua fundação no ano passado, desenvolvendo ousado projeto para construir um teatro de ópera comparado aos melhores do mundo.
O pai de Leon Feffer já estava no Brasil, desde 1910, quando o filho chegou, acompanhado da mãe, um irmão e duas irmãs, em 1920, após 31 dias de viagem. Leon nascera a 27 de novembro de 1902; portanto, tornou-se empresário quando tinha apenas 21 anos. A firma destinava-se, originalmente, ao comércio de papéis, que os Feffer armazenavam no porão da casa da Rua Brésser, Bairro do Brás, onde moravam. O bonde era o meio de transporte para visitar clientes. Mas, não havia espaço suficiente para guardar a mercadoria e Leon alugou uma loja na Avenida Rangel Pestana, no mesmo bairro, passando a atuar no atacado e no varejo.
Assim foi até 1941, quando Leon se transformou em fabricante, ao inaugurar a primeira unidade industrial no Bairro do Ipiranga. Durante uma década, amargou dificuldades impostas pela escassez de celulose de pinus, a matéria-prima de papel totalmente importada, mas costumava lembrar e orientar-se por uma máxima hebraica que diz: "O que faz o tempo, nenhuma inteligência fará". Assim, em 1951, com a ajuda decisiva do filho Max, já vice-presidente da empresa, Leon enveredou pelas pesquisas sobre o eucalipto para substituir o produto importado. Seis anos depois, de forma pioneira, dava início à produção industrial de papel feito totalmente a partir da fibra de eucalipto: uma revolução no setor, que permitiu ao País passar da condição de importador à de exportador de celulose. O Brasil é, hoje, o único fabricante de papel com essa tecnologia.
Leon Feffer era venerado como uma espécie de patriarca da comunidade judaica. O relacionamento cordato e sincero que mantinha com judeus e não judeus valeu-lhe carinho, respeito e admiração entre todos quantos tiveram a felicidade de conhecê-lo. Costumava dizer que "não se vive só de pão e não se vive só daquilo que se faz para si; deve-se fazer alguma coisa para os outros". Fiel ao lema, encontrava tempo para desenvolver inúmeras atividades sociais, apesar de sua intensa devoção ao comando do grupo econômico. Por exemplo, foi presidente do Colégio Renascença, importante escola mantida pela comunidade israelita em São Paulo. Procurado por jovens que pediam ajuda para criar uma agremiação como "A Hebraica" argentina, Feffer encampou a idéia e fundou o maior clube judaico do mundo. Em 1959, iniciou a construção do Hospital "Albert Einstein", no Bairro do Morumbi. Desde 1956, possuía o título de Cônsul Honorário de Israel.
Em 1995, foi considerado pela revista Forbes como o quinto brasileiro mais rico, com patrimônio de 1,6 bilhão de dólares. Nesse mesmo ano, a companhia chegou à posição de maior produtor de cartões de alta qualidade na América Latina, detendo 32% da produção nacional, ao mesmo tempo em que mantinha a de líder do segmento de papel cuchê, com 58% da produção.
A família Feffer detém o controle da Cia. Suzano, possuindo 100% das ações com direito a voto e 64% do total das ações emitidas. Três unidades industriais de papel e celulose operam no Estado de São Paulo, com tecnologia que obedece aos mais modernos padrões de preservação do meio ambiente. O grupo cresceu e diversificou-se, tornando-se importante também na área petroquímica, principalmente através da Polibrasil, na qual divide o controle acionário meio a meio com a Shell. Além disso, participa do Polo Gás do Rio de Janeiro, sendo um dos fundadores da Rio Polímero, que fará investimentos acima de 700 milhões de dólares naquele Estado. Assim, além da Cia. Suzano e da Polibrasil, o grupo econômico fundado por Leon Feffer abrange hoje as empresas Bahia Sul Celulose, Igarás Papéis e Embalagem, Politeno, Polibrasil, Petroflex e Copene. A Divisão de Recursos Naturais, composta pelas empresas Transurbes e Paineiras, cuida da matéria-prima florestal, isto é, forma, administra, pesquisa e transporta a madeira até as unidades industriais.
Sr. Presidente, desejaria ter feito este pronunciamento antes, em data mais próxima à do passamento de meu querido amigo. Todavia, as circunstâncias não me permitiram fazê-lo. Neste momento, quando se aproxima o 76.º aniversário da Companhia Suzano de Papel e Celulose, ao poder falar sobre a obra de seu fundador e do grande empreendedor que amava o Brasil e sempre lhe dedicou toda a inteligência e energia, sinto estar prestando um serviço à Nação por fazer constar dos Anais desta Casa a descrição, embora sucinta, de um magnífico exemplo a ser seguido. Aproveito também para prestar minha homenagem aos filhos Max e Fanny, assim como a todos os membros da família Feffer que contribuíram para que o patriarca pudesse produzir tantos e tão belos frutos durante quase um século de vida plena de realizações, amor e respeito. Muito obrigado.