Pronunciamento de Jorge Bornhausen em 29/06/1999
Discurso no Senado Federal
HOMENAGEM A MEMORIA DE LOUIS BRAILLE, PELO TRANSCURSO DO SEU CENTESIMO NONAGESIMO ANIVERSARIO.
- Autor
- Jorge Bornhausen (PFL - Partido da Frente Liberal/SC)
- Nome completo: Jorge Konder Bornhausen
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM A MEMORIA DE LOUIS BRAILLE, PELO TRANSCURSO DO SEU CENTESIMO NONAGESIMO ANIVERSARIO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/06/1999 - Página 17513
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, LOUIS BRAILLE, INVENÇÃO, CODIGO BRAILLE, BENEFICIO, CEGO.
O SR. JORGE BORNHAUSEN
(PFL-SC) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com muita honra que venho hoje à tribuna desta Casa para prestar uma homenagem à memória de Louis Braille, um benfeitor da humanidade, principalmente dos deficientes visuais do mundo inteiro.
Neste ano de 1999, nos cinco continentes, as pessoas cegas estão prestando reverência ao centésimo nonagésimo aniversário de Louis Braille, que um dia conseguiu abrir, lá no final da escuridão, uma pequena claridade para milhões de portadores de deficiência visual.
Até então, os que não podiam ver tinham como companhia a solidão, o silêncio, o preconceito, o desprezo e a marginalidade. O Sistema Braille conseguiu não só superar essas injustiças mas trazer para a vida social milhões de pessoas, dando-lhes novas esperanças, novas perspectivas e novas forças para enfrentarem com mais determinação a severidade dos contratempos da vida.
Sr. Presidente, todos nós temos motivos muito fortes para nos orgulhar, prestar nossa homenagem e respeitar esse homem que dedicou quase toda a sua rápida vida terrena para fazer o bem ao próximo.
Louis Braille, de origem francesa, nascido em Coupvray, perto de Paris, inventor do alfabeto que tem o seu nome, viveu pouco. Sua morte aconteceu dois dias após completar quarenta e três anos, em 06 de janeiro de 1852.
Aos três anos de idade, perdeu a visão em conseqüência de um acidente seguido de oftalmia. Em Paris, com uma bolsa de estudos, cursou o Instituto Nacional para Jovens Cegos, onde tornou-se professor após os seus estudos.
Ainda estudante, com apenas 15 anos, criou, em 1824, um sistema de escrita em relevo que utiliza pontos e traços. Tudo isso aconteceu quando tomou conhecimento de um sistema de escrita inventado por um capitão chamado Charles Barbier de la Serre, que ficara cego na Palestina e usava seu sistema de escrita para fazer transmissões noturnas durante campanhas militares. Louis Braille modificou o seu método e tornou-o mais eficaz. Conseguiu diminuir os pontos em relevo grupados de 12 em 12 e que formavam 36 combinações, para 6 pontos e 63 combinações. O resultado do seu trabalho foi publicado em 1829 e mais tarde, em 1837, fruto de pesquisas bem mais avançadas, surgiu uma nova versão bem mais elaborada.
Braille criou um alfabeto, sinais de pontuação, algarismos, e um sistema para escrever música. Aliás, é importante ressaltar também o seu brilhantismo como organista e violoncelista.
No alfabeto Braille, os numerais correspondem às letras A e J. O texto é lido com a mão direita, enquanto a esquerda inicia nova linha de leitura.
Para escrever a mão, devem ser feitas perfurações no papel com um estilete, da direita para a esquerda. Ao ser virada a página, os sinais são lidos da esquerda para a direita.
O sistema inventado por Braille custou a ser aceito mas pouco a pouco foi sendo divulgado e adotado. Em 1854, dois anos após sua morte, apesar de já ter demonstrado grande eficácia após inúmeras aplicações, foi oficialmente aceito pela sua antiga escola. Assim, demonstrando sua incontestável eficiência, o código Braille expandiu-se pelo mundo afora, sendo adotado para todas as línguas escritas.
Hoje, em plena era digital, a herança deixada por Louis Braille torna-se cada vez mais aperfeiçoada. Os computadores já conseguem realizar verdadeiros milagres na produção de livros em Braille. Com avançada tecnologia de precisão, conseguem traduzir com perfeição o cartões do código, e com matérias primas sofisticadas, editam um acervo considerável de livros e documentos que beneficiam cada vez mais os deficientes visuais.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a União Brasileira de Cegos (UBC), entidade que congrega as mais importantes e representativas instituições de cegos do Brasil, afiliada à União Mundial de Cegos (UMC), e à União Latino-Americana de Cegos (ULAC), em ofício endereçado ao meu Gabinete, solicitou-me a gentileza de prestar, no plenário desta Casa, homenagem pelos 190 anos do nascimento de Louis Braille e pela grandeza de sua obra. Confesso que o fiz de maneira singela e com grande emoção pois trata-se de um personagem cuja vida, apesar de curta, foi exemplar.
Inegavelmente, Louis Braille ocupa lugar de honra na galeria dos grandes homens que deixaram marcas profundas na história da humanidade. Portanto, os que nasceram sob o signo da solidariedade, sempre estiveram acima da inveja, da infâmia, da incompetência, da ganância, do egoísmo, da maldade, da mentira e da falsidade que infelizmente são as categorias mais comuns e mais nefastas que encontramos na vida social.
Tenho plena certeza de que quase todos os brasileiros também se curvam neste momento para reverenciar a memória desse grande homem que não se deixou abater pela deficiência que o privou, durante quase toda a sua existência, de contemplar a beleza das cores da vida.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado.
H