Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ESCRITOR E HISTORIADOR PAULO COELHO MACHADO.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ESCRITOR E HISTORIADOR PAULO COELHO MACHADO.
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/1999 - Página 18989
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PAULO COELHO MACHADO, ESCRITOR, HISTORIADOR, ADVOGADO, PROFESSOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com profunda consternação que, em nome de Mato Grosso do Sul, comunico ao Senado o passamento do grande homem público, advogado, professor, escritor, historiador e político Paulo Coelho Machado, que foi Secretário de Agricultura do ex-Presidente desta Casa, José Fragelli, quando S. Exª exerceu o cargo de Governador de Mato Grosso antes da divisão territorial do Estado.

Como advogado, Paulo Coelho Machado soube interpretar - e interpretava verdadeiramente - a defesa daqueles que o procuravam. Postulou sempre o caminho da justiça e interpretou o sentimento do meio rural do Estado de Mato Grosso do Sul.

Possui, como advogado e escritor, uma obra, Sr. Presidente, Srs. Senadores, sui generis que, creio, é ímpar na bibliografia jurídica do nosso País. A obra leva o nome de um documento: Fica.

Explico: naquela época, os homens tinham dignidade, honestidade e faziam negócios de gado até no mangueiro de uma fazenda. E um dizia para o outro: “vou ficar com tantas cabeças de gado e daqui a um ano devolvo-as com tal renda”. O documento feito era rotulado de “Fica”. Dadas as grandes questões jurídicas levantadas por esse documento, Paulo Coelho Machado escreveu a primeira - e talvez única - obra jurídica sobre o assunto.

Paulo Coelho Machado deu sua contribuição também à juventude sul-mato-grossense, que o estimava e com ele conviveu como professor de Direito Civil. Sobre ele, seus alunos sempre diziam: “É um grande professor”, e sobretudo, “hoje haverá aula, porque o nosso professor de Direito Civil não costuma faltar, ele é um professor assíduo”. Os alunos compareciam porque gostavam de conversar com Paulo Coelho Machado.

E assim era esse homem: sensível. Esse homem, por ter uma sensibilidade aguda, uma inteligência brilhante e uma memória extraordinária, dedicou os últimos anos de sua vida - e aí me refiro ao historiador, Sr. Presidente, Srs. Senadores - a escrever a história de Campo Grande. E o fez ao seu feitio, contando a história das ruas de Campo Grande, contando a história dos moradores das ruas de Campo Grande.

Paulo Coelho Machado foi o primeiro Secretário de Estado da Casa Civil do Governo de Mato Grosso do Sul. O primeiro Governador, Harry Amorim da Costa, convidou Paulo Coelho Machado para ajudá-lo na gerência dos negócios públicos do novo Estado, que havia nascido para ser modelo na Federação brasileira.

Foi Paulo Coelho Machado um excelente chefe de família.

Por essas e outras qualidades, centenas e centenas de pessoas foram tributar a esse eminente homem público de Mato Grosso do Sul, a esse eminente professor, a esse escritor, a esse grande chefe de família, sua última homenagem.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, assim como meus conterrâneos, eu lá fui levar meu adeus a Paulo Coelho Machado.

Nesta primeira sessão do Senado, é da mais elevada justiça que eu, como representante do Mato Grosso do Sul, faça esta comunicação à Casa e solicite a aprovação de requerimento a ser enviado à família do extinto; ao Governo do Estado de Mato Grosso do Sul; à Universidade Dom Bosco, onde ele lecionou, para que a juventude saiba que vale a pena ser bom, digno e honrado, para que a juventude saiba que Paulo Coelho Machado foi lembrado no Senado da República; e à Câmara de Vereadores de Campo Grande, tendo em vista que, por duas vezes consecutivas, ele ali prestou seus grandes serviços e dedicou seu espírito cívico e patriótico às causas do Município que tanto amou.

Ninguém melhor do que ele escreveu a história de Campo Grande, das ruas e do coração daquela cidade, porque escreveu a história dos seus moradores.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/1999 - Página 18989